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Ensaios-->Instituto Liberal: A farsa da ditadura do proletariado -- 20/10/2003 - 16:44 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
“Amigos liberais:

A questão sobre as interpretações da obra marxista sob a ótica de Trotsky e Stalin são um tanto controvertidas. Já ouvi dizer que o próprio Marx tinha
a bandeira da ditadura do proletariado como mero instrumento político para se fazer a revolução, e que, depois dela, segundo alguns escritos do bom velho, no lugar do Estado deveria haver o Partido, o que faz sentido, visto que Marx se horrorizava com a 'anarquia' do capitalismo e suas leis de mercado, acreditando que estas deveriam estar sob controle. Controle de quem? Do Partidão, ué. Disso decorre que a tão falada extinção do Estado, pugnada por Marx, pode ser questionada, pois Partido e Estado, no marxismo, são quase a mesma coisa.

Weber já havia captado isso, e chegou a dizer que uma sociedade marxista seria uma grande fábrica onde todos teriam sua carga de labor rigidamente definda pela batuta estatal, com o intuito de se controlar a produção (o famoso 'controle dos meios de produção).

O argumento de que a URSS viveu um Capitalismo Monopolista de Estado é muito utilizada por leninistas. Lenin mesmo era categórico em dizer que 'o capitalismo de estado é ante-sala do socialismo': era necessário que o Capitalismo se desenvolvesse na URSS para, só depois, pensar-se em Socialismo. Eis ai uma das concessões, das quais se referiu o ex-guerrilheiro
José Genuíno em seu pronunciamento de ontem, que Lenin teve de fazer quando de seu governo: contratar técnicos capitalistas, que conheciam o aparelho
estatal e seu funcionamento, para que se pudesse proceder a consolidação do capitalismo monopolista de estado, e, só depois disso, implantar o sonhado
Socialismo. Ai entra também a questão do cálculo econômico numa sociedade socialista: concentrados os meios de produção nas mãos do Estado, este agora se encarregaria de redistribuí-los consoante seus critérios, os quais já estamos cansados de saber.

Mises achava o cálculo econômico socialista impossível; Hayek via-o como possível, porém, extremamente ineficiente se comparado à uma economia
de mercado.

Escrevi um texto sobre ditadura do proletariado no meu blog, que segue abaixo reproduzido. Baseei-me na argumentação popperiana desenvilvida na obra 'A
Sociedade Aberta e seus inimigos'.

Abraços

Thiago Magalhães
20 Oct 2003 13:14:26

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A Farsa da Ditadura do Proletariado

Thiago Magalhães

Conclamada aos brados pela quase totalidade dos integrantes da intelectualidade esquerdista, a 'ditadura do proletariado' encontra suas origens nos escritos de Marx, tendo tal teoria sido reafirmada por diversos ideólogos marxistas, que nela vislumbram a possibilidade de desbancar o 'Estado burguês', o qual, esfacelado após a decapitação na guilhotina revolucionária, daria margem a implementação do sistema ditatorial imposto pelos proletários. Em suma, a ditadura do proletariado representa a crença no
não-estado, na medida em que, através dela, intenciona-se alcançar - num imaginário grau máximo de estágio de desenvolvimento social - a destruição do aparelho estatal.

Alguns pensadores, como o catedrático da USP Dalmo Dallari, em sua obra 'Elementos da Teoria Geral do Estado', chegaram a exaltar a ditadura do proletariado enquanto único formato justo de democracia, haja vista ser a classe proletária maioria, e, assim sendo, plausível esperar-se que a vontade dela imponha-se sobre a da minoria. Não se constituiria, destarte,
seguindo-se a linha de raciocínio rousseauniana - cogitada por Dallari - da soberania do povo, emanada do próprio povo, sem representação de qualquer tipo, paradoxal empunhar a bandeira da ditadura operária tendo como meta um sistema autenticamente democrático.

Um dos mais fiéis e famosos defensores da implementação da ditadura proletária foi Leon Trotsky. Combatente atroz da burocracia stalinista, Trotsky, em seu clássico 'A Revolução Traída', no qual questionou os rumos tomados pela URSS após o fatídico mês de outubro de 1917, ao qual se seguiu intensa burocratização e fortalecimento do estado soviético, escreveu: 'Desde sua formação, o regime da ditadura do proletariado deixa de ser um Estado no velho sentido da palavra, isto é, uma máquina feita para manter a obediência da maioria do povo. Com as armas, a força material passa diretamente, imediatamente, para as organizações dos trabalhadores, como os sovietes. Tais
são os termos do programa, que nunca foi ultrapassado'. Claro está que, para Trotsky, os resultados da revolução não lograram implementar o que antes dela propunham seus mentores. O Estado, que, consoante os ensinamentos trotskystas, aos poucos deveria desaparecer, ganhou, ao revés, dimensões
monstruosas quando do governo de Stalin: 'Vinte anos após a revolução, o Estado Soviético transformou-se no aparelho de compulsão e coerção mais centralizado, despótico e sedento de sangue'. (TROTSKY, Leon, 'Segue
ainda o governo soviético os princípios adotados há vinte anos?')

Da não implantação da ditadura proletária, sucede que muitos intelectuais da intelligentzia esquerdista – em especial da linhagem trotskysta - argúem não ter sido a história palco de qualquer experiência socialista
concreta; o governo soviético de Stalin teria sido diametralmente o oposto daquilo que realmente se poderia conceber como socialismo. É de fácil percepção que, a intenção dos que ainda insistem - quase cem anos após a revolução russa - na defesa de prerrogativas que o bom senso e os fatos históricos deram, com propriedade, conta de desbancar, é desesperadamente salvar da total sucumbência e extinção ideologia das mais controversas e
anacrônicas, qual seja, o marxismo e suas leais ramificações. Para dar cabo de tal tarefa - a qual, diga-se de passagem, não é de pouca monta - os
artifícios dos quais a esquerda lança mão são evidentes. Num primeiro momento, condenam ou mesmo mitigam o socialismo real, para, logo em seguida,
propor em seu lugar teorizações não menos absurdas, as quais, sob o clarão do mais singelo raciocínio lógico - metodologia obviamente ignorada pela sinistra – não poderiam ter como resultado outro senão o próprio
socialismo já vivenciado na URSS. Cria assim, o intelectual esquerdista, a armadilha mesma pela qual será fatalmente devorado.

Sir Karl Popper, em sua monumental obra 'A Sociedade Aberta e seus Inimigos', faz uma apologia aos sistemas democráticos, condenando toda e qualquer forma de estado totalitário. Identificando três grandes inimigos das sociedades 'abertas' e democráticas, quais sejam, Platão, Hegel e Marx, Popper detalha com astúcia como e quanto o pensamento emanado de tais intelectuais é danoso e maléfico para a saúde das democracias. O terceiro teórico analisado no todo da obra, Karl Marx, foi dissecado por completo pelo autor. Poucos escritos políticos tiveram o condão de estudar a doutrina marxista de maneira tão detalhada, expondo de forma escancarada as contradições nas quais
Marx se enovelou. Ao comentar a teoria da revolução social do proletariado e a subseqüente 'sociedade sem classes' que, segundo Marx, se seguiria da famigerada revolta popular, Popper não poupou a análise das artimanhas que lhe proporcionam seu aguçado método científico: '(...) após a vitória dos trabalhadores sobre a burguesia, haverá, segundo Marx, uma sociedade
consistente de uma só classe, portanto, uma sociedade sem classes, sem exploração, isto é, socialista (...)

É verdade que a vitória dos trabalhadores deva levar a uma sociedade sem classes? Não penso assim. Do fato de que, de duas classes, só uma permaneça, não se segue que haverá uma sociedade sem classes. As classes não
são como indivíduos, mesmo que admitamos que se portem como tais enquanto houver duas classes a travar batalha. A unidade e solidariedade de uma classe, deacordo com a própria análise de Marx, é parte de sua consciência de classe, a qual, por sua vez, é extensamente um produto da luta de classes. Não há razão terrena para que os indivíduos que formam o proletariado mantenham sua unidade de classe uma vez cessada a pressão da luta contra um inimigo comum. Qualquer conflito latente seria, finda a batalha, capaz de dividir o proletariado, desenvolvendo-se uma nova luta de classes (...) A consequência mais provável seria, sem dúvidas, que aqueles líderes
revolucionários que sobreviveram à luta pelo poder e aos vários expurgos, formarão a nova classe dirigente da nova sociedade, uma espécie de nova aristocracia ou burocracia, sendo provável que tentem ocultar este
fato (...) São um tanto dessa espécie os acontecimentos que, pelas próprias premissas de Marx, têm a possibilidade de ocorrer.' (POPPER, Karl, 'A Sociedade Aberta e seus Inimigos', 1973, Londres, pp. 144-145)

A conclusão a que nos remete a teoria da ditadura do proletariado já se revela evidente. É improvável que, chegando os operários ao poder, daí se suceda uma sociedade sem classes. Marx asseverou que o capitalismo tenderia inexoravelmente a formar duas classes distintas: a burguesia e o proletariado, sendo os primeiros os 'exploradores' e os segundos os 'explorados'. O aumento numérico dos 'explorados' acarretaria uma situação insuportável, momento em que a revolução explodiria. Eis que, como já demonstrado por Popper, mesmo que a situação teorizada acima se
materializasse, pouco provável que a unidade proletária pré-revolucionária mantivesse-se após a vitória dos revoltosos. Marx simplesmente ignorou que
os agrupamentos humanos são formados por indivíduos, todos eles diferentes por natureza, ainda que unidos por um ideal comum, em face de um mesmo objetivo. A conclusão popperiana mostra-se mais plausível: da revolução, seguiria-se que os líderes revolucionários assumiriam o poder, assim como se deu na URSS, em outubro de 1917. A revolução russa, ao contrário do
que pregam os mentores esquerdistas, foi a consubstanciação de várias das premissas marxistas, e não a negação delas - com o diferencial de que neste
país houve uma revolta camponesa. O poder político-econômico, tendendo irrefreavelmente às mãos da alta casta revolucionária, mais uma vez se concentraria sob o domínio de poucos; como explanou Popper, mais provável seria, então, que se desse o surgimento de uma nova aristocracia ou burocracia, exatamente nos moldes da revolução liderada por Lênin.

Resta claro que, as preposições de Trotsky e de outros ideólogos que viram na ditadura do proletariado a real oportunidade de extirpar o estado, não passam de pura fantasia. Lênin, Trotsky e outros tantos entusiastas
da doutrina marxistas pecaram ao insistirem no raciocínio coletivista. Refletindo sobre as classes sociais enquanto blocos compactos, chegaram os membros dessa intelectualidade às mais incongruentes e inverossímeis conclusões. Inacreditável ainda haver, nos tempos de hoje, aqueles que, criticando a burocracia do socialismo real, à ele propõe a ditadura
do proletariado como forma autêntica de comunismo, sequer cogitando de que a consecução lógica e primeira da revolução proletária seria a ruptura da classe operária em variadas facções, com a conseqüente formação de grupelhos que ocupariam os mais altos cargos do aparelho administrativo - indiferente que se taxe este com o nome de 'Estado' ou de 'Partido', pois são, em essência, diferentes denominações para o mesmo objeto.

'O marxismo é o ópio do povo', já dizia Nelson Rodrigues. Não seria exagero afirmar que, o socialismo, este sim, contrariando as pseudo-profecias
marxistas, cria o seu próprio coveiro.

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