A peça que faltava para encaixar a proposta socialista do PT como uma forma de nacionalismo foi exposta com todas as letras nas declarações do ministro José Dirceu, durante o 4º Foro Ibero- Americano. Na ocasião, Dirceu propôs uma integração militar da América do Sul, como forma de se contrapor aos EUA. Valeu aqui a intenção e a revelação da mesma.
É preciso lembrar que a última vez em que o socialismo foi associado ao nacionalismo criou-se a mais aterradora ditadura de toda História, de caráter eminentemente imperialista. Qualquer forma de nacional-socialismo tupiniquim não poderia ser diferente.
Olhando o mapa do Brasil e dos demais países é fácil de perceber a disparidade de forças e de recursos naturais e humanos, em favor do Brasil. Uma eventual investida imperialista do petismo só poderia ser contida por forças oriundas de fora do continente Sul- Americano. Seria um convite para uma intervenção militar norte- americana.
Uma fala assim pode também sugerir o desejo implícito de fundar uma espécie de União das Repúblicas Socialistas Sul-Americanas. Com alguns dos principais países defendendo a ordem socialista, a começar pelo Brasil, um projeto desse não é absurdo de ser imaginado.
Na verdade, o famigerado Foro de São Paulo já considerou, em seus documentos, essa hipótese. Se posto em prática, aqueles países que eventualmente não aderissem poderiam ser persuadidos por meios militares. Como se vê, é o socialismo que pende para o imperialismo e não a ordem capitalista, como nos querem fazer crer os teóricos marxistas.
O Brasil não tem tradição expansionista. Seria inaugurar uma nova fase de relacionamento de nosso País com seus vizinhos, fato que necessariamente seria acompanhado por resistência armada. A paz, que durante tantos anos foi o legado do Barão do Rio Branco para os brasileiros, poderia acabar por muito tempo. Uma corrida armamentista seria inevitável, piorando ainda mais a questão fiscal do conjunto dos países.
As declarações do ministro Dirceu são, no mínimo, irresponsáveis, pela explicitação da proposta e por colocar os EUA como um inimigo militar a ser considerado seriamente. Lamentavelmente, gestos assim só revelam as más intenções dos poderosos do dia. Será que Lula e seu grupo querem fazer tremular a bandeira nacional no Pacífico e nas Antilhas? O Brasil já não será grande o bastante?
Só de pensar no que se passa nas cabeças dessas pessoas, eu tremo: quanto maior a ambição, maior a queda. Espero que a sensatez prevaleça e que idéias imperialistas nunca venham pautar a nossa política externa.'
