Desarmamento. O Tiro pela Culatra
(Por Domingos Oliveira Medeiros)
A mídia, de modo geral, já se posicionou a favor da proibição e posse de armas de fogo, por parte de grande contingente de nossa população, no pressuposto de que a medida irá contribuir, de forma significativa, para reduzir a violência. O assunto não é complexo e, de certa forma, semelhante ao tema da pena de morte. Há prós e contras.
Entretanto, penso que a medida, por si só, não resolverá nem irá minimizar, de forma significativa, o problema da violência. É mais um lance de bravatas das autoridades; uma espécie de satisfação momentânea à sociedade que, realmente, está sozinha na luta contra a violência, de todos os tipos, de que tem sido vítima. Mais uma vez, autoridades e políticos tentam resolver os problemas pelos galhos e folhas, sem ir às suas raízes.
A bem da verdade, a maioria dos crimes que são praticados neste país não são realizados pela via do uso de armas de pequeno calibre, mas, sim, trazem a marca do armamento pesado; armas de guerra, como metralhadoras, fuzis e até granadas de uso exclusivo das forças armadas.
Além do mais, existem outros armamentos, não menos importantes, que nem sequer forma mencionados nos anteprojetos de lei que tramitam no Congresso Nacional, versando sobre as diversas formas de combate à violência : são as chamadas armas brancas: facas, navalhas, punhais e tantos outros instrumentos utilizados para a prática de crimes dos mais diversos e inusitados motivos.
Sem falar nas tentativas – muitas vezes consumadas - de homicídios ocorridos com o uso de pedradas, pauladas e tantas outras formas de que se valem o homem civilizado para tirar a vida de seus semelhantes.
Há casos de extrema violência, conforme aquele, ocorrido no Ceará, onde executivos portugueses foram enterrados vivos, na conhecida praia, ironicamente, chamada de Praia do Futuro.
Alegar, em favor da aprovação da medida, que em sete anos de envolvimento na guerra do Vietnã, os Estados Unidos perderam mais de cinqüenta mil soldados, enquanto no Brasil, nesse mesmo espaço de tempo, foram trucidadas cerca de 280 mil pessoas é, no mínimo, tentar distorcer a questão para angariar simpatizantes à causa.
Primeiro, este quantitativo de homicídios não se deu, única e exclusivamente, a partir de armas que foram roubadas de cidadãos pacatos, conforme se apregoa;
Depois, é preciso enfatizar que as chacinas, onde o número de mortes ocorre em maior quantidade, são , na suas imensa maioria, delitos que contam com o uso de armas pesadas, conforme dissemos acima.
Retirar, portanto, a arma de um cidadão pacato, cuidadoso com sua guarda e manutenção, e que a possui, muitas das vezes, para espantar animais ou ladrões de galinha, de pouca periculosidade, é querer fazer pouco caso da inteligência do povo brasileiro.
É preciso não esquecer que a pena de morte, proibida em nossa Constituição, já existe: para os bandidos. Atualmente, o marginal é quem dá a sentença e decide quem, quando e como, a sua vítima, irá morrer.
Fala-se muito em defesa de direitos humanos; em tese. Na prática, não se vê a defesa agir em favor das vítimas. Sempre a culpa é do soldado, que não devia ter matado o marginal; Ou do Estado, que não soube defender o preso colocado sob sua tutela; Ou do governante local, que foram omissos ou não aplicaram, de forma correta, algum dispositivo legal de prevenção ou repressão da violência.
Nós, que pagamos os impostos, é que temos que ficar presos em nossas grades; montar nossas jaulas; travar nosso direito de ir e vir; blindar carros, não reagir aos assaltos, e, de quebra, assistir psicopatas incuráveis, estuprando e matando jovens e adolescentes, sob o manto da impunidade e sob a defesa “ferrenha” do grupo dos direitos humanos.
Proibir a venda, e restringir o porte e uso de arma de fogo, salvo melhor juízo, passa, primeiro, por um processo cultural, educacional, econômico e social. Requer melhoria na desconcentração e distribuição de renda. Mais empregos, mais escolas, mais justiça social.
Mais presença do Estado e mais honestidade de propósitos por parte de nossos governantes.
poderá ficar de fora, por qualquer motivo que seja, principalmente os de ordem econômica inconfessáveis.