MINHA QUOTA DE OPINIÃO
(Por Domingos Oliveira Medeiros)
A Universidade de Brasília resolveu acolher a proposta do governo de reservar percentual de vagas nos seus vestibulares, por conta das famosas quotas para candidatos de raça negra; aproveitou o momento, e ampliou o raio de abrangência, incluindo vagas para os indígenas.
Tudo sob a ótica de que é preciso saldar dívidas contraídas no passado, em razão do tratamento desumano e preconceituoso com relação aos nossos irmãos negros.
Não se pode deixar de reconhecer a imbecilidade doso que consideravam os negros como “seres inferiores”; e que por isso, passaram a escraviza-los, tratando-os como mercadoria, num sistema econômico que transgredia todas as regras de humanidade e de irmandade cristã.
Do mesmo modo como trataram os índios, que, diante da sua fragilidade para se adaptarem aos serviços a que eram submetidos pela força, na época do Brasil-Colônia, foram, aos poucos, exterminados.
Apesar de reconhecer o absurdo que foi a escravidão no Brasil, sou contra esta “forma de pagamento de dívida”.
Primeiro, porque é preciso, antes de tudo, saber quem praticou e se beneficiou com a escravidão. Os donos de navios negreiros, sua tripulação e os grandes fazendeiros e comerciantes da época do café, da cana-de-açúcar, do ouro e antas outras riquezas, com certeza. Seria prudente, de pronto, encontrar seus descendentes e cobrar a dívida.
Depois, não creio que um erro justifique outro. Que se queira consertar o preconceito fazendo uso das mesmas armas. A reserva de quotas, no meu entender, além de preconceituosa, não resolve a questão; e esconde suas verdadeiras causas.
O Estado, se quisesse saldar esta dívida, teria maneiras mais inteligentes e honestas de resolver esta questão que, a rigor, é de ordem econômica e política.
Fala-se muito – e é verdade - que é reduzido o número de negros estudando em universidades públicas e privadas; mas, do mesmo modo – e o governo esconde essa realidade – há, também, reduzido l número de brancos, pobres e desempregados, que freqüentam universidades. Notadamente as públicas. E as razões são mais do que evidentes: são seres humanos excluídos do processo produtivo; suas famílias – e eles próprios - não dispõem de recursos para freqüentas bons colégios e cursos preparatórios para concorrerem, em igualdade de condições, com os negros e brancos melhores situados economicamente.
E as escolas primárias e secundárias do setor público não oferecem ensino capaz de competir com o setor privado. São, infelizmente, com raríssimas exceções, de péssima qualidade; e, à cada ano, pioram.
Em face do exposto, é forçoso concluir que a saída para este impasse da chamada “divida social” para com os negros, teria como solução adequada outros meios que não o preconceito disfarçado. Bastaria que o governo fosse honesto em seus propósitos e mudar a forma de pagamento. De que maneira?
A título de sugestão: melhorar a qualidade do ensino público; melhorar o desempenho da nossa economia de modo a que fossem gerados empregos suficientes para todos os brasileiros, independente da raça ou de qualquer outro fator diferencial; reduzir os preços das mensalidades escolares e das universidades; criar um programa de bolsas para os estudantes mais carentes: isentar os mais carentes do pagamento de taxas de inscrição em concurso; e subsidiar o custo com o material e compra de livros, entre outros.
A questão da reserva de vagas é preconceito maior do que a dívida. E atenta contra a igualdade democrática na competição entre os jovens vestibulandos, e dar a entender que o negro é inferior ao branco, em termos de capacidade intelectual, o que, EVIDENTEMENTE NÃO SE CONSTITUI EM VERDADE.
Finalmente, vale lembrar a origem da raça brasileira, que, a rigor, é mestiça por natureza. Todos temos no sangue, a poeira das senzalas, o calor do continente africano, a brancura dos nossos colonizadores europeus, e a pureza dos verdadeiros habitantes desta terra de nomes outrora conhecida como Terra de Santa Cruz ou Terra de Vera Cruz.
SOU CONTRA AS QUOTAS. E A FAVOR DA IGUALDADE DE OPORTUNIDADES.