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Ensaios-->Sobre o racismo -- 09/06/2004 - 16:53 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A “Teoria popular das raças” foi desenvolvida pelo filósofo Johann Gottfried Herder (1744-1803), que mais tarde foi transformada em várias teorias raciais e no conceito ariano de superioridade racial alemã de Hitler.

O diplomata francês Joseph-Arthur, Conde de Gobineau, foi um dos outros precursores do racismo, no século XIX, ao escrever seu 'Ensaio sobre a desigualdade das raças humanas' (1853-1855). Suas teorias sobre o ariano como raça pura levou ao anti-semitismo nazista. Para Gobineau, a raça humana branca é superior à negra e à amarela, e na raça branca haveria ainda seres superiores, como os de sangue ariano, 'raça pura descendente dos deuses', entre os quais não houve jamais mestiçagem. Gobineau “via a degeneração ocorrendo quando as pessoas se cansam e as sociedades não mais sustentam os valores outrora sustentados. Misturar sangue é uma fonte de degeneração, muito embora, paradoxalmente, Gobineau admitisse que isso também pode ser uma fonte de vigor” (in “George Eliot”, pg. 134) (1). Alfred Rosenberg foi o “filósofo” racial do movimento nazista.

A frenologia, pseudociência favorita do século XIX, tentava identificar o caráter de uma pessoa por meio da forma da cabeça e das saliências cranianas. Na Inglaterra, George Combe estudou crânios das pessoas, especialmente crianças, para “educá-las melhor”.

Mais tarde, o criminalista italiano Cesare Lombroso e seus seguidores passaram a estudar a aparência física das pessoas para prever o comportamento criminoso e, assim, tentar evitar que cometessem crimes. “Tudo isso fazia parte de uma proposta positivista em relação à vida humana” (in “George Eliot”, pg. 82). Charles Bray, ligado à escritora George Eliot, “até colecionou algumas cabeças de criminosos e ia pela zona rural oferecendo-as como evidência de que a leitura das saliências poderia ser traduzida em leitura de caráter e, finalmente, em política social” (in “George Eliot”, pg. 107).

“Os frenologistas e estudiosos do crânio apoiavam essas descobertas asseverando que o cérebro feminino pesava 140 gramas menos que o cérebro masculino e era, por definição, inferior. Mesmo quando os estudiosos do crânio foram tachados de cientistas de Segunda categoria, as conclusões permaneceram. Com seu cérebro menor, sua deficiência de crescimento e vontade mental, as mulheres eram mais sujeitas às doenças de nervos, isto é, histeria e todas as enfermidades correlatas. Isto tudo, também era tido como ‘científico’, a despeito da evidência de que os homens eram muito mais numerosos nesse tipo de doença. A ciência médica vitoriana era claramente dirigida por considerações sociais e políticas” (in “George Eliot”, pg. 414).

O seqüenciamento do genoma humano provou que essa 'ciência' da raça superior não tem fundamento genético, pois a análise do DNA mostrou que negros, brancos, índios e asiáticos partilham 99,99% dos menos de 40.000 genes humanos (antes dos estudos do projeto genoma humano, o número de genes do homem era estimado entre 60 mil e 100 mil).

Assim sendo, tanto o racista que se orgulha de fazer parte do “White Power” (Poder Branco), quanto aquele que ostenta orgulhoso “sou 100% negro” em sua camiseta, esquecem que um branco, loiro de olhos azuis, geneticamente, pode ser mais próximo de um negro do que de outro branco.

A Constituição brasileira preceitua que constitui objetivo fundamental “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” (Art 3º, IV).

O Brasil faz parte da Convenção Internacional para Eliminação de Toda Forma de Discriminação Racial, de 7 Mar 1966, pelo qual se compromete a tomar “medidas diretas e positivas para eliminar todo estímulo à discriminação racial e eliminar toda ação racialmente discriminadora” (Art 4º da Convenção).

Além disso, lei de 1989 estabelece de um a três anos de prisão e multa nos casos de “preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”.

No início de fevereiro de 2002, durante um comício, o Governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz, chamou um cidadão de “crioulo petista”, por estar reclamando do alto valor do IPTU.

Atualmente, há muitos grupos racistas brancos:

- Ku Klux Klan: grupo racista branco dos EUA, fundado em 1915 pelo pastor William Simmons, para controlar as minorias raciais. Esses objetivos foram apoiados pela publicação, no ano seguinte, da apresentação de Madison Grant, da teoria européia de “raça superior”, “The Passing of the Great Race”. Segundo essa obra pseudocientífica, a América, através da imigração irrestrita, tinha “conseguido destruir o privilégio de nascimento, isto é, as vantagens morais e intelectuais que um homem de boa cepa traz consigo ao mundo” (in 'Tempos Modernos', pg. 167) (**).

A linhagem ideal era ser WASP ou “o melhor do sangue pioneiro anglo-saxão, alemão, escocês-irlandês e holandês” (in 'Tempos Modernos', pg. 168). O KKK emprega a violência para perseguir negros e defender a segregação racial, a exemplo dos Cavaleiros da Camélia Branca, grupo surgido no mesmo período.

- Igreja Mundial do Criador: igreja dos racistas da raça ariana, lutam contra judeus, negros e homossexuais; o símbolo é um “W” com uma coroa e uma auréola acima da letra;

- Heil Hitler: na saudação nazista, significa “Salve Hitler”; o “H” é a oitava letra do alfabeto (por isso o símbolo do movimento é “88”) e lembra o maior líder antijudaico da história;

- White Power: a mão em forma de “A”, na linguagem do surdo-mudo, significa “ariano”; é usado como cumprimento pelos racistas;

- Hammerskin: o símbolo, dois martelos cruzados sobre uma engrenagem, representa os skinheads (cabeças raspadas) mais temidos do mundo;

- Supremacia Branca: o símbolo é o nº “14”, devido às 14 palavras da frase: “Devemos garantir a existência de nosso povo e o futuro das nossas crianças brancas”;

- Cruz Celta: o símbolo tem a cruz celta com as palavras WHITE PRIDE WORLD WIDE (Poder Branco no Mundo Inteiro); símbolo internacional utilizado por discriminadores de negros.

Existem também grupos racistas negros, como a Nação do Islã, conhecido grupo extremista islâmico dos EUA. É a “Klu-Klux-Klan dos negros” e seu líder, Louis Farrakhan, reuniu, em 16 Out 1995, aproximadamente 800 mil negros, na “Marcha de um milhão de negros em Washington”.

No Brasil, existem os grupos racistas “Carecas do ABC” (São Paulo) e “Carecas do Brasil” (Bangu, Rio), que perseguem judeus, homossexuais e nordestinos; e o White Power, o mais violento, que ainda luta pela separação do Sul do resto do País.

Notas:

(1) KARL, Frederick R. “George Eliot - A Voz de um Século”. Editora Record, Rio de Janeiro, 1995 (Tradução de Laís Lira).

(2) JOHNSON, Paul. 'Tempos Modernos - O mundo dos anos 20 aos 80'. Biblioteca do Exército Editora e Instituto Liberal, Rio de Janeiro, 1994 (Tradução de Gilda de Brito Mac-Dowell e Sérgio Maranhão da Matta).

***

Anexo:

Suécia, Welfare e eugenia

Luís Afonso A. Assumpção

Fui acusado recentemente de ter 'mentido' no artigo publicado no MSM sobre o welfare sueco. Na verdade o que houve foi um problema de tradução apressada e errada.

1. Onde se lê: 'Nenhum novo emprego tem sido criado no setor privado sueco desde 1950.' troque por 'Nenhum novo emprego líquido tem sido criado no setor privado sueco desde 1950.'

2. Onde se lê: '...mais de 1 Milhão de pessoas estão sem trabalho e por volta de 4 milhões não tiveram emprego em 2003..' troque por '...mais de 1 Milhão de pessoas de um total de 4 milhões não tiverem emprego em 2003..'

Feito o registro, fica claro que o sentido do texto não foi alterado ou seja, a Suécia sofre com alto desemprego e baixa criação de novos empregos 'líquidos'.

Pesquisando sobre o modelo sueco e mais abrangentemente o conceito do Welfare State, descobri uma notícia publicada em 1997 mas que foi aparentemente 'esquecida' pelos meios de comunicação: a denúncia de um longo programa de esterilização em massa na Suécia, baseado na pseudo-ciência da eugenia. De 1935 até 1975 mais de 60.000 mulheres foram compulsoriamente esterilizadas.

A palavra eugenia nos remete diretamente à campos de concentração, Auschvitz e nacional-socialismo, não é mesmo?

Mas vamos aos fatos:

A denúncia

Em 1997 era tornada pública a informação sobre o extenso programa de esterilização sueco 'O painel dos investigadores determinou que 63.000 pessoas, a maior parte mulheres foram esterilizadas entre 1935 e 1975. Muitas das quais foram objeto deste procedimento por que foram consideradas racialmente inferiores ou mentalmente deficientes. Menores de idade, mentalmente retardados, epilépticos e alcoolizados estavam entre aqueles que foram submetidos à esterilização..' (http://www.cnn.com/HEALTH/9901/26/sweden.sterilization/)

O autor

O autor da denúncia foi o jornalista Maciej Zaremba, que após um extenso estudo sobre o caso publicou a história no maior jornal sueco o Dagens Nyheter . '.. Zaremba leu tudo o que pode sobre esterelização na Suécia e em outros países (uma obra de referência foi 'Eugenics and the Welfare State' do sueco Gunnar Broberg nunca editado em seu país de origem) - incluindo os EUA, onde esterilização forçada de pessoas mentalmente desabilitadas, certos tipos de criminosos entre outros foi legalizada em diversos estados desde 1907 e continuados até os anos 60. Na Suécia, no entanto, Zaremba aprendeu que o programa de esterilização foi baseado no estudo da eugenia, uma pseudo-ciência devotada a criação de uma raça superior . Mas o programa foi expandido em 1941 para incluir qualquer sueco que exibisse um comportamento julgado pelo estado como anti-social ' (http://archives.cjr.org/year/98/1/sweden.asp)

As conseqüências

No mesmo ano de 1997 o caso foi oficialmente reconhecido pelo governo sueco e - depois de alguma hesitação – foi instituído um programa de compensação às vítimas. Na ocasião a ministra do Social Affairs, Margot Wallstrom , primeiramente fez pouco caso das denúncias: 'Não havia nada de secreto sobro o programa de esterilização. Ele foi conduzido à luz do debate público num tempo que o suecos acreditaram que estivessem criando uma sociedade que seria objeto de inveja ao olhos do mundo'. Suas declarações - depois da repercussão da história - mudaram para 'O que aconteceu foi uma barbárie e os Sociais Democratas são parte de uma culpa coletiva que inclui a todos'.

A extensão

Pela pesquisas, apesar de diversos países terem adotado a eugenia - especialmente a esterelização forçada, é fato se notar que nenhum outro regime, com exceção da Alemanha Nazista tenha implementado um programa que tenha afetado um percentual tão alto da população como na Suécia. Ou seja, em termos per capita o programa eugênico sueco só perdeu para o modelo nazista. Se considerarmos no entanto somente a prática da esterilização forçada - uma vez que o regime nazista usou ainda de outros métodos como abortos, eutanásia além da simples eliminação dos 'mais fracos' - vemos que o caso Sueco em termos percentuais é o maior de todos. Vejam:

* Suécia - 0,70% da população afetada (62.000 de uma população de 8,9M)
* Alemanha - 0,49% da população afetada (400.000 de uma população de 82M)
* Estados Unidos - 0,02% da população afetada (64.000 de uma população de 288M)

Social-democracia e eugenia

Foi alegado que o programa iniciou em 1935 na Suécia e que SOMENTE em 1950 os sociais democratas subiram ao poder. Errado. Os sociais-democratas tomaram a maiorias das duas casas no parlamento sueco em 1932. A participação dos outros partidos foi minoritária. O componente eugênico era parte fundamental do programa de governo social-democrata, pois apenas dois anos após sua subida ao poder o programa foi implementado.

Welfare e eugenia

Outra alegação é de que outros países adotaram a eugenia e não eram sociais-democracias. Certo. Mas o que está em questão não é exatamente o social-democracia , mas seu componente central o welfare. Todos os países que adotaram algum tipo de controle eugênico mantinham algum tipo de benefício ao estilo welfare. Incluindo os Estados Unidos, por exemplo. A explicação é brilhantemente explicada por Nick Gillespie , editor do 'Reason magazine' no artigo 'O Alto Custo do Bem Estar Social' '[As recentes revelações] mostram como um supostamente estado de bem-estar social, em que a Suécia tem sido longamente considerada como o exemplo primordial, ao final acaba criando uma sociedade fechada que deve se livrar de qualquer um que possam representar um gasto inútil de recursos públicos.

De fato, a simples lógica explica por que a social-democracia sueca pôde ao mesmo tempo construir um modelo de estado de bem estar social e executar um programa de esterlização em massa'.

As diferenças

Diferentemente das práticas eugênicas em outros países que receberam apoio científico e popular, este último em grande parte como uma forma de proteger os laços de família e tradições da invasão pela imigração e que eram basicamente aplicadas em casos criminais e deficiência mental - a eugenia dentro do welfare tinha o componente de engenharia social. Nos casos levantados durante os quarenta anos de sua prática foram catalogados como alvo da prática de esterilização forçada os considerados ou portadores dos 'males' de inferiores, indesejados, portadores de deficiências (como falta de visão lateral), psicopatia, vagabundagem, baixo Q.I. (jovens que não tinham bom desempenho escolar poderiam ser objeto do programa de esterilização), aborto (em alguns casos a esterilização era obrigatória para se obter permissão da execução de um aborto 'legalizado'), 'criminosos' (gurias de 15 anos foram esterilizadas pelos crimes de ir a bailes ou pertencer a grupos de motociclistas bem como jovens rebeldes também entraram na lista por não terem 'boa capacidade de julgamento'), orfãs (muitas foram esterilizadas sob a promessa de liberação das creches comunitárias ou de escolas especiais, num evidente caso de chantagem oficial).

Num outro programa, notável pela sua bizarrice e perversidade, o governo forçou centenas de deficientes mentais a consumir balas e outros tipos de doces de modo a estudar seus efeitos na progresssiva deterioração dos dentes ('Pensávamos que estávamos fazendo uma boa ação', um dentista explicou).

O motivo

Além das razões pecuniárias existia outro motivo para a aplicação da eugenia como o fator chave no modelo do welfare state: a reforma total da sociedade. Outro dos objetivos laterais da eugenia era a supressão dos traços burgueses na formação da família sueca.

Moldar um país com apenas 8,9 milhões de habitantes parecia uma tarefa visionária a ser obtida com as políticas do welfare. O governo em todos os seus níveis assumiu então um caráter paternalista da sociedade. Allan Carlson, citando um oficial do governo sueco (escrito em maio,1990) 'Eu gostaria de abolir o conceito de família como um meio de sustento e de convivência das pessoas, deixar os adultos serem economicamente independentes um dos outros e dar à sociedade um maior responsabilidade pelas crianças'. Carlson em 'The Myrdals and the Interwar Population Crisis' (Transaction Books, 1990).

Abrangência

Somente países não católicos implementaram políticas eugênicas. A reprovação à eugenia entre os católicos tem a mesma raiz na condenação do aborto e ao uso de técnicas abortivas de interrupção da gravidez dos dias atuais.

Conclusão

A prática da eugenia era um componente estrutural nas políticas de welfare implantadas em qualquer lugar do mundo. Como na Suécia e nos países nórdicos a aplicação 'conceitual' do welfare foi conduzida de modo mais longevo e profundo, a consequência notável foi a aplicação em sua total extensão das ferramentas e programas 'científicos' que o embasaram.

Concluindo novamente com Nick Gillespie: 'Os apoiadores do welfare state gostam de dizer que impostos são o preço a pagar pela civilização . Eles argumentam que a única maneira de criar uma sociedade justa é financiando os gastos com saúde, educação, aposentadorias e deve ser feito através de dinheiro público.

Mas com as recentes revelações da Suécia, isto nos lembra que o tal preço a pagar é frequentemente muito alto. De fato, às vezes custa a própria civilização'.


Posted by Luís Afonso to “Nadando contra a Maré... Vermelha” at 7/21/2004 01:29:59 PM

Luís Afonso A. Assumpção
luis.afonso@gmail.com
http://la3.blogspot.com


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Raça e inteligência

Félix Maier

Depois de escrever o artigo acima sobre o racismo, algumas pessoas questionaram minha posição, dizendo que o estudo do genoma humano havia comprovado que existe uma diferença genética entre as raças.

Posso até concordar que haja ligeira diferença entre brancos e pretos, do ponto de vista genético, porém isso não deve ser fator preponderante para um maior ou um menor grau de INTELIGÊNCIA do ser humano, como muitos argumentam, apresentando a evoluída Europa frente à atrasada África como exemplo. Na média, a inteligência de um branco não difere da de um preto. Ou de um amarelo. Cansei de conhecer pessoas negras sem nenhuma instrução, porém possuidoras de uma sagacidade e inteligência estupendas. E brancos burros como uma porta. Você mesmo, leitor branco, já deve estar cansado de ouvir “se esse negrinho tivesse estudo”...

Não se deve confundir INTELIGÊNCIA com CONHECIMENTO. A inteligência humana está em toda parte, praticamente no mesmo nível, independente da cor da pele. O que faz a diferença entre uma raça e outra é a CULTURA, que é tanto mais avançada quanto maior for o CONHECIMENTO difundido entre a população, especialmente sua elite. Inegavelmente, existe uma colossal diferença entre uma batucada do Timbalada e uma sinfonia de Beethoven. Que é fruto da CULTURA (meio musical), do CONHECIMENTO (teoria musical), não da INTELIGÊNCIA (cérebro). Da mesma forma, não existe um branco sequer que consegue compor blues tão lindos quanto os negros norte-americanos. Existirá branco capaz de superar a arte de Pelé, o rei do futebol? E qual o branco brasileiro que consegue fazer canções populares mais lindas do que as compostas pelo negro Gilberto Gil?

A diversidade racial é benéfica ao gênero humano. Povos isolados, sem contato com outras raças, se tornam altamente vulneráveis. Populações indígenas foram dizimadas quando entraram em contato com o homem branco, depois da “descoberta” da América. A Europa teria sido muito mais devastada pela Peste Negra se sua população fosse formada por apenas uma etnia. Nada, pois, de pregar o White ou o Black Power. Miscigenação já!

Segundo as últimas pesquisas antropológicas, além de sermos primos dos chimpanzés, somos todos africanos, porque a origem da “Eva comum” (ou do “Adão comum”, se preferir), até prova em contrário, está no centro da África. Pelé é africano. Bach é africano. Giselle Bünchen é africana. Eu, “branquelo azedo” - como já me chamaram alguns “crioulos” cariocas -, também sou africano. Por essa razão, sou contra o sistema de cotas nas universidades. Não sei exatamente qual era a cor da pele do primeiro Adão africano, mesmo porque o sujeito era tão peludo que pele não se via...

Com o processo de fissuração da Pangéia, surgiram os cinco continentes, e a raça humana foi se adaptando às condições climáticas, para sobreviver. É a evolução de toda espécie animal, não só do ser humano, que se modifica muito lentamente de acordo com a modificação também lenta da natureza. “A natureza não dá saltos”. Na zona tropical, com o sol escaldante, desenvolveram-se os negros, com uma pele de pigmentação preta, para melhor proteção contra os raios solares. Uma grande vantagem em relação aos brancos: até hoje, não precisam comprar protetor solar... Nas regiões temperadas e frias, os brancos se firmaram. Quando os brancos saíram de seu antigo habitat e foram morar em regiões tropicais, não deixaram de cometer um ato de extrema agressão contra seu próprio corpo, de fina e alva pele. Mas, se adaptaram ao novo ambiente, e bem. Mais bem “climatizados” ficaram descendentes, já “mixados” com sangue nativo. Isso está muito bem explicado em “A Origem das Espécies”, de Charles Darwin, e paro por aqui para não começar a enxugar gelo.

Por que – a grande pergunta de todos – por que os brancos, culturalmente, evoluíram mais depressa do que os pretos e os índios? Não sei exatamente, mas, se eu fosse fazer um estudo a respeito, eu começaria a pesquisar as bases culturais de cada povo no planeta, tanto de brancos, amarelos, quanto de negros, desde as suas origens mais remotas, porque tenho certeza de que a conjunção dos vários fatores culturais em cada sociedade foram determinantes para o seu desenvolvimento mais rápido ou mais lento.

O Ocidente, tecnologicamente, evoluiu mais rapidamente do que o Oriente porque conseguiu implementar mais cedo a Revolução Industrial. Os EUA se tornaram uma hiperpotência econômica e militar devido a conjunções de fatores que vão desde a democracia, o livre empreendedorismo, o desenvolvimento técnico-científico, agricultura avançada, recursos naturais abundantes e alguma sorte, por ter seu imenso território continental passado incólume pelas duas Grandes Guerras enquanto a Europa e o Japão eram arrasados.

Darwin já alertara: “Ai do país que possui bananas!” Também poderia ter acrescentado, quando passou pelo Brasil: “Ai do país que tem sol o ano inteiro!”. Que não sabe o que é terremoto, ciclone, neve. Se o clima é quente, para que fabricar roupas? Estão certos os índios: o mais lógico é todos andarem nus. Se há uma rede na taba, onde o sujeito pode agarrar mulher a toda hora, se há bananas e outros frutos para colher na mata, sem que se precise plantar, se não há necessidade de instalar uma fabriqueta de tecidos, para que trabalhar? Como poderá tal sociedade conseguir sair do marasmo tropical? Foi preciso chegar ao País outras CULTURAS, povos com outros CONHECIMENTOS para desenvolver o Brasil até o estágio em que se encontra atualmente.

Se a “natureza não dá saltos”, como irão os racistas explicar que o negro Nelson Mandela, príncipe de uma tribo primitiva, os Xhosas, teve a capacidade de se formar em Direito e se tornar presidente da África do Sul? Não somente a África do Sul dos Xhosas e dos Zulus, mas a África do Sul de todos os sul-africanos, muito mais complexa do que uma simples tribo, uma África do Sul desenvolvida e modernizada por holandeses, bôeres e ingleses, de cultura infinitamente superior aos nativos, que apresentaram o primeiro cirurgião de coração do mundo, Christian Barnard, e que chegaram a construir bombas atômicas? Simplesmente porque INTELIGÊNCIA não tem nada a ver com CULTURA ou CONHECIMENTO.

Teste de QI não é teste de conhecimento. Ou, pelo menos, não deveria ser, para não trair sua própria denominação: quociente de inteligência. INTELIGÊNCIA não tem cor branca. Nem amarela. Nem mulata. Nem mameluca. Nem preta. INTELIGÊNCIA é uma só para todo o gênero humano.






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