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Ensaios-->Burke e os bárbaros -- 26/08/2004 - 16:03 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Burke e os bárbaros

Alceu Garcia, advogado

“A usurpação não procura mais a plausibilidade. Ela confia na força.”

Escrevendo em fins do século XVIII, Edward Gibbon discorreu, em seu clássico History of the Decline and Fall of the Roman Empire sobre o perigo de uma nova invasão bárbara destruir a civilização européia de seu tempo, tal como ocorrera outrora com Roma. Por uma série de razões de ordem sociológica, econômica e técnica, Gibbon concluiu que não havia mais o que temer das hordas nômades das estepes asiáticas. Ele estava certo apenas em parte, pois preocupou-se com os bárbaros errados. Edmund Burke, contemporâneo e conterrâneo de Gibbon, percebeu que o perigo na verdade era interno. Os bárbaros certos estavam, como ainda estão, entre nós: a praga dos intelectuais socialistas.

Uma civilização superior reflete e justapõe princípios morais, políticos, estéticos e científicos superiores. Seus inimigos, que aqui denominamos bárbaros, procuram minar e derrubar alguns ou todos os seus alicerces. A civilização é o fruto precioso da construção laboriosa de muitas gerações e sua estrutura é inerentemente frágil. A consciência dessa fragilidade, de que é muito mais fácil destruir uma civilização do que construí-la, é o traço que singulariza a mentalidade conservadora, como a de Burke. Ele discerniu nos líderes que conduziram a Revolução Francesa e nas idéias que os inspiravam a essência de um barbarismo absoluto e inaudito: “uma associação de fanáticos armados para a propagação dos princípios do assassinato, roubo, rebelião, fraude, discórdia, opressão e impiedade.”

Palavras duras, sem dúvida, mas nada inadequadas ou exageradas quando se recorda o que aconteceu na França revolucionária, na Rússia comunista, na Alemanha nazista e alhures. No tempo de Burke, os intelectuais militantes se espelhavam em Rousseau. Na Assembléia Nacional, todos os políticos se pareciam com ele; Rousseau era o seu “cânone das escrituras sagradas”, como, aliás, Karl Marx o seria mais tarde. O caráter na nova filosofia de um e de outro é a “benevolência com a espécie inteira e a carência de sentimentos por todos os indivíduos com que se trava contato”. Essa obsessão pervertida por abstrações puras, traço marcante do barbarismo socialista, invariavelmente se traduz no maior desprezo pelos elementos concretos da realidade, sobretudo as pessoas. Burke percebeu claramente que os bárbaros do igualitarismo não hesitariam em “sacrificar a raça humana inteira ao menor de seus experimentos”. Nesses experimentos, os homens concretos não são mais do que “ratos em gaiolas de laboratório”. É inútil apelar para a compaixão do intelectual socialista, alertava o inglês, pois “nada pode ser mais cruel do que o coração de um perfeito metafísico.”

Mais inútil ainda é tentar apelar à razão do bárbaro coletivista, demonstrando com lógica e senso comum que suas doutrinas são “tão inaplicáveis à vida real” que nem em sonhos se pode “extrair delas qualquer regra de lei ou de conduta”. Alegar e provar com a teoria e a experiência que a democracia liberal combinada com a economia de mercado produzem resultados – liberdade pessoal e prosperidade material - infinitamente superiores ao socialismo, esperando assim persuadir o intelectual socialista a mudar de opinião, é desconhecer por completo a sua mentalidade. “A presunção em suas promessas não é diminuída por todos os fracassos em seu desempenho”. O líder socialista não quer nem saber de compreender a realidade e tem raiva de quem compreende; “seu problema é encontrar um substituto para todos os princípios que até agora foram empregados para regular a vontade e a ação humana.” O importante não é entender o mundo, diria depois Marx, mas transformá-lo. Esses bárbaros são inteiramente impermeáveis à razão e não estão nem um pouco interessados em resultados econômicos e políticos satisfatórios para as massas; o resultado que eles buscam é o poder estatal absoluto, nada menos do que isso satisfaz suas ambições. As infalíveis catástrofes do socialismo real não os demove de nada, pois estão sempre acenando com as maravilhas do socialismo ideal. Burke também notou isso: “eles estão prontos a declarar que não acham dois mil anos um período longo demais para alcançar o bem que perseguem”, “sua humanidade está em seu horizonte – e, como o horizonte, está sempre se afastando”.

Não há como exagerar a gravidade do perigo que ronda os brasileiros, uma vez que os herdeiros do barbarismo de Robespierre e Lênin controlam firmemente o Estado, a Igreja e os “movimentos sociais” em nosso país. Subestimar sua capacidade de ação maliciosa e duvidar de suas intenções totalitárias são coisas que não se deve fazer sem incorrer em sérios riscos. Burke fez questão de avisar os ingênuos: “não há segurança para os homens honestos, a menos que se espere todo o mal possível de gente maligna”. José Dirceu e Frei Betto, o grão-vizir e o rasputin do atual governo, são cortesãos de Fidel Castro. Somente a indiferença geral diante desse fato é mais espantosa do que a enormidade do fato em si.

Nada do que está acontecendo no país é fruto do mero acaso. Ao passo que os desavisados dormem em segurança, os petistas estão ”sempre vigilantes e ativos”. O desarmamento das pessoas honestas criminaliza desde já a defesa armada contra o exército guerrilheiro do MST. A vasta acumulação de informações sobre operações financeiras pelo PT através da CPI do Banestado deixou a elite econômica à mercê da Polícia Federal petista. O sigilo bancário e fiscal já é mera ficção. O alarde contra o “trabalho escravo” no campo prepara a eliminação do agronegócio quando ele não for mais necessário. O projeto de submeter o Judiciário, emascular o Ministério Público, domar a imprensa e instituir o controle completo dos meios de comunicação será retomado em momento mais oportuno. Se o PT faz o oposto do que dizia ao “público externo” que faria, para o “público interno”, em seus congressos e resoluções, os petistas sempre disseram com a maior franqueza o que pretendiam. Somente os tolos acreditaram na retórica oposicionista, tempo em que, como os jacobinos de outrora, eles “pareciam mansos e compassivos e não tinham nada senão a doce humanidade em suas bocas”. Os jacobinos, e os comunistas depois deles, anestesiaram suas futuras vítimas com belos discursos, enquanto “meditavam confiscos e massacres”. Como não suspeitar de intentos semelhantes em seus sucessores? “Pretextos e sofismas tiveram sua época', escreveu Burke sobre a situação da França de 1791, e fizeram o seu trabalho. A usurpação não procura mais a plausibilidade. Ela confia na força.” O nosso cenário não está muito distante disso.

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