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Ensaios-->ENSAIOS ASSÉPTICOS: AS INJUSTIÇAS ELEITORAIS -- 29/08/2004 - 10:52 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Nós, brasileiros, temos uma das melhores justiças do mundo: a Justiça Eleitoral (JE), que fiscaliza e administra toda uma gigantesca dimensão dos atos e fatos políticos-eleitorais, com atividades intensas em épocas de pleitos, procurando assegurar direitos e punir os crimes de natureza eleitoral. Contudo, mesmo sendo uma das melhores, senão a melhor, existem injustiças flagrantes, observadas no dia-a-dia.

O locutor de rádio dentro de sua profissão acaba descobrindo, através dos microfones, um gordo filão para escalar os degraus da política. Quem escreve nos jornais também usa desse artifício para sua escalada política. Leis foram criadas. Os homens de imprensa candidatos aos cargos eletivos foram obrigados a se desincompatibilizar com seus trabalhos, através dos quais efetuavam suas propagandas eleitorais antecipadas. esta desincompatibilização atualmente é de seis meses antes das eleições. Nossa opinião é a de que seja ampliada para um ano antes. Afinal, o voto é sagrado e não um produto que mídia manipula ao sabor de seus interesses.

É incrível como o número de pessoas ligadas à política cresceu, usufruindo as vantagens que o rádio ou a televisão lhes dão, no intuito de ganharem com facilidades as eleições municipais, inicialmente. O homem simples, desconhecido em sua bruma, mas de grande capacidade de liderança, excluído da mídia não tem nenhuma chance de escalar o poder, porque não pode apresentar suas idéias, muitas das quais repletas de novidades e ignorada pela maioria dos eleitores. E estes, povo desatento, vai votar do mesmo jeito que compra sabão em pó nos supermercados: dá preferência ao que mais ouviu falar, esquecendo-se de que se trata de sua própria vida social o jogo eletivo. Claro que novamente vai chorar mais quatro anos de amarguras. A verdade é que os políticos que antes eram locutores de rádio provaram ser o maior fracasso quando no poder. Principalmente como vereador. De belas vozes no rádio passam, depois de vereadores, a imagem de pessoas ocas por dentro, cujo único ideal é o de usufruirem as benesses de um bom salário para si e para os familiares. Ideal este de natureza particular. Jamais social, jamais comunitária, ou pública. A oratória sobre o progresso social acaba ficando mesmo na oratória. Não me refiro aqui aos radialistas que nem sequer cogitam em toda sua vida no rádio, de se desviarem pelas veredas da política, buscando o poder através de um cargo eletivo, ou por compadrio. Estes são realmente os profissionais do rádio dignos do profissionalismo que exercem.

Essa anomalia da legislação sobre a elegibilidade de homens que se aproveitam do contato público permanente de seu trabalho, para conquistarem cargos eletivos, fere princípios democráticos porque considera o fato de ser o radialista, ou o apresentador de televisão, irrelevante quando se trata de seus direitos políticos. Porém, esses direitos não são iguais em comparação com o candidato de origem humilde que nunca teve um contato público, mas tem o poder e a capacidade de liderança inatos sem, no entanto ter o poder e o direito de conquistar um cargo eletivo porque fatalmente fracassará perante seus adversários políticos que têm em mãos a mídia para se promoverem antecipadamente.

A política brasileira sentiu esse poder da mídia quando Silvio Santos, o apresentador de TV, manifestou sua intenção de ser presidente da República. Na ocasião, os políticos em Brasília ficaram de cabelo em pé. Houve muitas conversas e, com certeza, muitos 'acordos' para que o 'homem' não saísse candidato. As conversas surtiram efeitos e, coincidência ou não, a partir de então apareceu no mercado este 'tesouro de Aladim' chamado 'telesena', vendida em toda parte, até pelos Correios.

Outra injustiça eleitoral cruel e que não é levadaem consideração pelos 'políticos' que fazem leis é a 'mudança de filosofia' do presidente do partido. Movido por 'interesses outros', que não os das bases filiadas, o presidente, na calada da madrugada muda sua filosofia partidária em cento e oitenta graus. Nem sequer comunica aos filiados. Estes ficam à deriva de suas pretensões políticas honestas, acossados ainda por um prazo fatal de refiliação, este sim de um ano antes das eleições, como se os honestos e confiantes no seu partido não merecessem galgar o poder, porque são honestos. As portas, neste caso, abrem-se para os desonestos, para os rufiões, para os homens sem moral procedente do berço. Atualmente, esses presidentes interesseiros resolvem mudar estrategicamente sua 'filosofia', após o vencimento do prazo de filiação, deixando uma leva imensa de filiados a ver navios. São presidentes que não respeitam um mínimo da democracia. Respeitam sim os seus interesses, que não são os interesses honestos dos filiados. São comportamentos anti-sociais, antidemocráticos, que, se não forem corrigidos pela boa legislação, teremos, como sempre tivemos, os mesmos políticos ineptos, que usam o poder apenas para a locupletação de si e de toda sua família.

Enfim, não atingimos ainda a democracia em sua plenitude para a alegria dos falsos políticos, ou dos que fazem política como um negócio privado. Qualquer um de nós sabe intimamente que nossa democracia sempre foi intercalada por ditaduras. É uma temporada livre, para depois se tornar asfixiante. Claro que essas temporadas variam de duas a três gerações. São interregnos de democracia e ditaduras. Se o presidente Lula, que deseja tanto uma reforma política para engrandecer o seu partido, já parte também para uma reforma, mesmo pequena, na lei de imprensa, vejo tais medidas como um risco, ou uma espada prestes a cair sobre nossas cabeças.

E por último, gostaria de lembrar que apesar de cantarolarem em alto e bom tom por aí, que vivemos numa linda democracia, ouso repudiar isto quando me lembro dos sessenta milhões de pessoas que vivem numa miséria flagrante e sem possibilidades de exercerem a cidadania no grau máximo. Quem afirma com muita convicção de viver numa democracia é suspeito de ser um aproveitador, um comerciante rico, um político safado, um padre gordo como o buda, ou um bandido que se deu bem. Isto eu garanto porque os pobre e
miseráveis não conhecem a democracia. E é difícil achar entre os milionários alguém honesto.

(Jeovah de Moura Nunes)
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