Meu violino é friamente deus de cordas ácidas
lacerando tochas de prece
na queda cinza da madrugada
vôa em meus olhos
a convulsão cromática do abismo
a entreteço azul
Pela vertigem destes dedos
contorcendo a rubra loucura das cordas,
vibra na alma de meus nervos
a agulha líquida de todas as fontes,
que derramam asas de vozes em labareda.
Minhas mãos nasceram da orquestração de gargalhadas imersas,
num lago onde amoldo marulho em vermelho,
num instante, pelo capricho da vertigem entre dedos
modulo Deus à minha imagem
e o domínio na fuga do infinito
e esmago estrelas
e relevo gritos
na dissonância integral dos incêndios
Meu Deus!
Só não consigo destruir
o motoperpétuo de meu desêspero!