É sempre o silêncio que nos espera com suas pálpebras abertas, sugerindo pelo olhar calado toda a vida sozinha que desce de nossos pensamentos nus até deixar nossos pés descalços, diante do amor maior que sempre nos exige um pouco de nossa consciência em sacrifício aos deuses que nos permitem o infinito.
É sempre o silêncio que nos escreve pelas paredes, como se fôssemos fruto de uma milenar sensação de angústia e esperança, solidão e solidariedade.
É sempre Ele, o silêncio, que nos obriga a escutar uma canção que exala a voz mais interior do que nosso próprio medo.
Diante do silêncio, nossos segredos se aguçam até alcançar o lugar mais quieto da casa, e nos levam ao ponto de procurar a lua em abajures já há muitos dias desligados.
É sempre o silêncio – não esse que nos ausenta, mas o que nos apresenta nossa verdadeira face – que fala por nós quando nossa voz fica sem raiz e apenas ecoa, apenas escoa como um feixe de luz que atrai, arde e atravessa nosso olhar dentro do olhar de um vagalume.
Madre Teresa harmonizou contemplação e ação, vida de profunda oração e extenuante trabalho apostólico. Enfatizando a união com Deus para poder trabalhar pelos irmãos mais necessitados, dizia às suas irmãs:
'Deus é amigo do silêncio.
Se, de verdade, queremos rezar, primeiro, temos que aprender a escutar.