Roberto Pompeu de Toledo, em seu último Ensaio “Três nações e a Copa”, publicado na revista Veja em 5/7/2006 (pg. 126), aborda a questão do nazismo. Depois de alguns papos futebolísticos, o articulista diz dos alemães: “Como é que um povo desses, com contribuições à humanidade que vão das melhores cervejas à melhor filosofia, da aspirina à grande música, pôde cair na loucura assassina do nazismo?”
É verdade, nunca surgirá uma explicação plausível que justifique os crimes dos nazistas. O Holocausto judeu continua sendo um dos enigmas humanos mais difíceis de decifrar. Por isso, não é de estranhar que os alemães até hoje procurem se livrar desse estigma que os atormenta há mais de seis décadas, embora eles não tenham nenhuma obrigação de se sentir culpados pelos desmandos de Hitler e sua corja. Afinal, a culpa é sempre do indivíduo, ou de um grupo de indivíduos, nunca de toda a coletividade, como já bem disse Olavo de Carvalho em sua obra-prima O Jardim das Aflições (1), à pg. 174: “Se quem dá coices são os cavalos e não a cavalidade, do mesmo modo quem age é o homem concreto, não a sociedade”.
Porém, não se pode negar que o nazismo prestou um serviço imenso ao comunismo. Graças aos campos de concentração e fornos crematórios nazistas, os crimes dos regimes marxistas ao redor do mundo tiveram seu impacto diminuído, principalmente devido a uma propaganda bem feita pelos comunistas, que não pouparam mentiras para enganar os incautos. Enquanto os nazistas matavam judeus, os russos aproveitavam para trucidar os oficiais do exército polonês, no episódio conhecido por Massacre de Katyn (http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=1117). Com tal feito, mais facilmente poderiam subjugar a Polônia, como o fizeram depois da II Guerra Mundial. O crime foi detectado pela Grã-Bretanha, que interceptou mensagem nazista, decriptografada pelo Colossus (2). Na ocasião, nada foi divulgado na imprensa, porque os países ocidentais precisavam do apoio do “aliado” soviético. O nazismo é o mais perfeito álibi dos comunistas.
Durante a Guerra Civil Espanhola, enquanto aviões nazistas arrasavam a cidade basca de Guernica, os comunistas espanhóis, comandados por Moscou, aproveitaram-se para massacrar anarquistas e integrantes do Partido Operário de Unificação Marxista (POUM). Na ocasião, o pintor Pablo Picasso já tinha preparado um gigantesco painel para uma mostra na Feira Mundial de Paris, sobre touradas, que rapidamente foi rebatizado de “Guernica”, para encanto de todos os comunistas do mundo. “A maneira como usaram Guernica para encobrir a destruição do POUM era típica do brilhantismo da propaganda do Comintern, conduzida por dois inspirados mentirosos profissionais, Willi Muenzenberg e Otto Katz, ambos assassinados, mais tarde, por ordem de Stalin” (Paul Johnson, in Tempos Modernos, pg. 281). (3)
Enquanto se assiste a filmes sobre nazistas, são esquecidas as atrocidades cometidas pelos comunistas chineses durante a Revolução Cultural, que, além de promover o genocídio de 10 milhões de compatriotas, tinham uma forma de tortura sui generis: o “churrasquinho chinês” (4). Entre um filme e outro de Hollywood que trata dos malditos nazistas, esquece-se do Tibete, estuprado pelos comunistas chineses, que se aproveitaram da Guerra da Coréia para promover o genocídio de tibetanos indefesos. Segundo o escritor soviético Alexander Soljenitsyn, 'a ocupação chinesa do Tibete é obra do mais brutal e desumano de todos os regimes comunistas que já existiram no mundo'. Dos seis mil mosteiros antes existentes no Tibete, os comunistas deixaram apenas oito em pé. Morreram cerca de 1.200.000 tibetanos, assassinados, torturados, ou queimados vivos em campos de concentração, além de milhares de mulheres obrigadas a abortar e esterilizadas à força.
Enquanto se aplaude mais um filme de Spielberg sobre o nazismo, esquece-se dos gulags (5) soviéticos, uma das mais horrendas formas de aniquilamento do ser humano. Enquanto falam da “tortura” promovida pelos governos militares no Brasil, os canalhas comunistas querem nos fazer esquecer uma das mais horrendas formas de tortura soviética, a do empalamento, “suplício antigo, que consistia em espetar o condenado em uma estaca, pelo ânus, deixando-o assim até morrer” (Dicionário Aurélio). Segundo Olavo de Carvalho, “o requinte soviético foi que os candidatos a empalamento não foram escolhidos entre empaladores em potencial, mas entre padres e monges, para escandalizar os fiéis e fazê-los perder a confiança na religião, segundo a meta leninista de extirpar o cristianismo da face da terra”. “Durante esses anos (Grande Terror), cerca de 10% da vasta população da Rússia foi triturada pela máquina penitenciária de Stalin. (...) Igrejas, hotéis, casas de banho e estábulos transformaram-se em prisões; dezenas de novas prisões foram construídas. (...) A tortura era usada numa escala que até os nazistas mais tarde achariam difícil igualar. Homens e mulheres eram mutilados, olhos arrancados, tímpanos perfurados; as pessoas eram enfiadas em caixas com pregos espetados e outros dispositivos perversos. As vítimas eram muitas vezes torturadas diante de suas famílias” (Paul Johnson, op. cit., pg. 254).
Centenas de livros e filmes já foram feitos para lembrar os crimes dos nazistas. Quantos foram feitos para lembrar os crimes comunistas? Livros, muito poucos, a exemplo de Arquipélago Gulag, de Alexander Soljenitsyn, pouco divulgado. Filmes do porte de “A Lista de Schindler”, nenhum. Até quando perdurará essa canhalhice?
Efetivamente, não se fazem filmes de comunistas, a não ser que seja para exaltá-los, como ocorreu com “Lamarca”. Oficial do Exército Brasileiro, Lamarca foi um criminoso que jogou sua farda de capitão no lixo, desertou, roubou armamento da companhia que comandava para distribuir entre terroristas, matou, torturou e traiu a Pátria que um dia jurou defender com a própria vida. Facínoras como Prestes, Lamarca, Marighela, Apolônio de Carvalho e outros, ao invés de serem execrados por toda a sociedade brasileira, foram transformados em heróis nacionais pela atual gangue vermelha que hoje ocupa as cátedras universitárias, o governo petista e a mídia nacional.
Vladimir Volkoff, à pg. 100 de seu livro Pequena História da Desinformação (6), sugere a falta de um “Nuremberg” também para os comunistas: “O nazismo, que fez aproximadamente dez vezes menos vítimas do que o comunismo, foi definitivamente, e com justiça, marcado pelo processo de Nuremberg e submetido à erradicação total através de uma política de desnazificação conduzida de forma particularmente eficaz. O comunismo não foi alvo de qualquer sanção em qualquer país e passa ainda para muita gente como um grupo tão respeitável como qualquer outro”. Apenas na Alemanha e na Itália os facínoras comunistas do Baader-Meinhof e das Brigadas Vermelhas foram trancafiados na cadeia. Na China, os comunistas hoje tentam transformar o país numa economia de mercado, sem abrir mão do jugo socialista sobre a população. Na Rússia, os comunistas transformaram-se em proprietários das estatais, alguns ficaram milionários, como o filho de Yeltsin. (No Brasil, Lulinha também ficou milionário. Ma isso é outra história, dirão muitos. Será?) Também não havia outro jeito, porque depois de 70 anos de jugo vermelho, todos na Rússia eram comunistas. No Brasil, ao invés de ficarem pelo menos uns 50 anos na prisão, os terroristas receberam indenizações milionárias e hoje muitos deles tomam conta do governo Lula da Silva, a exemplo da “kamarada d’armas” Dilma Rousseff.
Pompeu de Toledo conclui em seu artigo: “Já faz mais de sessenta anos que Hitler e o nazismo saíram de cena. Nem outros sessenta, talvez, serão suficientes para que se olhe para a Alemanha e se deixe de pensar neles”. Isso significa que daqui a um século, como já se faz há sessenta anos, não se fale, não se escreva, não se filme nenhum dos crimes dos comunistas. Apenas que se reprise a loucura nazista, de Schindler a La Vita è Bella. Depois de dezenas de anos de exaltação comunista e execração do nazismo, quem ainda se lembrará dos crimes de Lenin, de Stalin, de Mao, de Pol Pot e de Fidel? Que são as mais de 100 milhões de vítimas dos comunistas face ao horror do Holocausto nazista? Como dito acima, o nazismo foi e sempre será o mais perfeito álibi dos comunistas, que sempre dirão que seus crimes, se houve, são sempre “menores” que os dos nazistas.
Notas:
(1) CARVALHO, Olavo de. O Jardim das Aflições. É Realizações, Rio de Janeiro, 2000 (2ª edição, revista).
(2) Colossus - Primeira máquina programável e digital da história, construída na Inglaterra em 1943 como parte do projeto militar do país para decodificação das mensagens nazistas criptografadas pela máquina Enigma. Permitiu iludir Hitler de que o desembarque dos Aliados seria em Calais e não na Normandia (Operação Overlord) e impediu o Marechal Rommel de chegar ao Egito. O Colossus foi parte fundamental da Máquina Universal de Turing, projetada por Alan Turing. O ENIAC, desenvolvido na Universidade da Pensilvânia, EUA, em 1946, é erradamente considerado por muitos como o primeiro computador da história. Assista o filme Enigma, de Michael Apted (2001), em que um matemático corre contra o tempo para decifrar código secreto utilizado pelos nazistas durante a II Guerra Mundial. Este filme mostra a interceptação e a decifração de uma mensagem nazista, através do Colossus, quando tropas de Hitler descobriram as ossadas em Katyn – fato escondido do público, na ocasião, porque os Aliados precisavam da ajuda soviética para combater o Reich.
(3) JOHNSON, Paul. Tempos Modernos – O mundo dos anos 20 aos 80. Biblioteca do Exército e Instituto Liberal, Rio de Janeiro, 1994.
(4) “Churrasquinho chinês” - Durante a Revolução Cultural chinesa, muitos condenados à morte tinham seus corpos retalhados, assados e comidos. “Num massacre famoso, na escola de Mushan em 1968, na qual 150 pessoas morreram, vários fígados foram extirpados na hora e preparados com vinagre de arroz e alho” (“Canibais de Mao”, in revista Veja, 22/1/1997, pg. 48-49). Essa prática de canibalismo se tornou corriqueira, no período de 1968 e 1970, quando centenas de “inimigos do povo” foram devorados em Guangxi, conforme pesquisas de Zheng Yi em Guangxi. O trabalho de Zheng Yi, dissidente exilado nos EUA desde 1992, resultou no livro “Scarlet Memorial – Tales of Cannibalism in Modern China” (Memorial Escarlate – Histórias de Canibalismo na China Moderna). Na mesma época, havia um tipo de tortura sui generis: alguns presos, ainda vivos, tinham seus órgãos sexuais (pênis e testículos) arrancados, assados e comidos, como consta no mesmo artigo de Veja: “Wang Wenliu, maoísta promovida a vice-presidente do comitê revolucionário de Wuxuan durante a Revolução Cultural, especializou-se em devorar genitais masculinos assados”.
(5) Gulag - Glávnoie Upravliênie Láguerei (Administração Geral dos Campos): o livro “Arquipélago Gulag”, de Alexandre Soljenítsin, discorre sobre os campos de trabalhos forçados soviéticos (campos de concentração), por onde passaram cerca de 66 milhões de prisioneiros, e sobre a fome endêmica que seguiu a vários planos econômicos fracassados, levando pais a comerem seus próprios filhos (donde se originou, provavelmente, a expressão “comunista come criancinha”). Sigla em russo de Diretório Geral dos Campos, o Gulag reunia prisões, centros de triagem e campos de trabalhos forçados a que eram condenados opositores do regime, suspeitos de atividades ‘anti-soviéticas’, criminosos comuns e pessoas que nunca souberam por que haviam sido presas. No “Gulag” de Vorkuta, milhões de “Zeks” e outros prisioneiros proporcionaram mão-de-obra baratíssima para a derrubada, o corte e o transporte de madeira para a mineração. Segundo afirma o economista soviético Vasily Selyunin, “a princípio, os campos eram usados para sufocar a oposição política à revolução de 1917; depois, tornaram-se um meio de resolver tarefas puramente econômicas.” O coronel Danzig Baldaiev, ex-integrante da polícia política soviética, fez chocantes desenhos sobre o Gulag, retratando estupros e mortes em massa que lembram as ossadas em um campo de concentração nazista. Leia Arquipélago Gulag e O Livro Negro do Comunismo, e acesse o Museu virtual do Comunismo (www.gmu.edu/departments/economics/bcaplan/museum/musframe.htm).
(6) VOLKOFF, Vladimir. Pequena História da Desinformação – do Cavalo de Tróia à Internet. Editora Vila do Príncipe, Curitiba, PR, 2004.
***
Eloy, querido,
O Félix é um bom amigo e um excelente guerreiro do nosso 'front de resistence'. Ele não só escreve bem, como fundamenta com fatos comprováveis e inegáveis aquilo que diz/denuncia.
E eu não me acercaria de pessoas que não fossem inteligentes e brilhantes, pois não sou nada boba, não é Eloy? :-))
Anote o e-mail dele: ttacitus@hotmail.com
Félix, o Eloy é um amigo, desses que a gente põe na categoria de 'especial', um brasileiro que reside nos Estados Unidos desde 55 mas que sabe mais do que se passa aqui no Brasil (e faz análises absolutamente corretas), do que muita gente que nós conhecemos.
Me sinto feliz de poder apresentá-los um ao outro!
Beijos,
Gracinha
(Obs.: Gracinha é Graça Salgueiro, copy desk de Mídia Sem Máscara.)
Oi Gracinha,
Este senhor Felix Maier é excelente! Ele mostra com exemplos da História Contemporânea como os comunistas usaram os crimes dos nazistas para encobrir os monstruosos crimes que eles mesmos perpetraram à Humanidade ao mesmo tempo.
Gostaria de ter o endereço eletrônico dele, se fôr possivel, para cumprimentá-lo.
Você está cercada por gente ótima e isso nos dá uma esperança que o barco do Brasil ainda será capaz de sair do mar de lama criado pelos comunistas e socialistas. . Peço aos meus amigos que leiam este excelente artigo do Felix Maier.