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Ensaios-->Responsabilidade sexosocioambiental -- 11/08/2006 - 11:42 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Responsabilidade sexosocioambiental

Félix Maier

Tornou-se comum, hoje, as empresas se apresentarem ao distinto público como sendo companhias de “responsabilidade social”. A Petrobrás e o Bradesco deram um salto à frente nessa “língua de pau” (http://www.midiasemmascara.com.br/artigo.php?sid=1921) politicamente correta (PC): são empresas de “responsabilidade socioambiental” - mesmo tendo os navios-petroleiros da Petrobrás transformado a Baía da Guanabara num dos lagos mais poluídos do mundo, ao levar petróleo à Refinaria Duque de Caxias. Do jeito que as coisas vão, logo algum grupo de homossexuais irá se apresentar como movimento de “responsabilidade sexosocioambiental”...

“Tudo pelo social” era o slogan do governo José Sarney. Mas essa praga lingüística, de origem socialista, é muito anterior a Sarney e à Constituição Caquética que Ulysses Guimarães nos brindou em 1988. Os economistas liberais da Escola Austríaca, como Hayek e von Mises, já se davam conta de que era quase um crime alguém discorrer sobre alguma coisa e não utilizar o adjetivo “social”. Os empresários brasileiros se borram de medo perante o pensamento único esquerdizante do País e rapidamente grudam a “palavra de pau” em algum empreendimento pilantrópico. Até parece que fazer dinheiro, no Brasil, é crime.

Mas, o que seria mesmo uma “responsabilidade social”, p. ex., para uma empresa como a Sadia? Simples: a primeira e última responsabilidade da empresa criada por Attilio Fontana, avô do ministro do Desenvolvimento, Luís Fernando Furlan, ou de qualquer outra empresa, é dar lucro. Dando lucro, a Sadia estará cumprindo sua responsabilidade social intrínseca, de diversas formas - além de fornecer frangos e suínos aos supermercados: pode dividir o lucro com os acionistas, expandir suas fábricas e instalar outras, criar mais empregos, entregar mais produtos aos supermercados e exportar ainda mais, fazer novos contratos com colonos “integrados” (cooperativados), num círculo virtuoso sem fim.

Em qualquer ato empresarial, a “responsabilidade social” já está embutida na atividade industrial e comercial que a companhia pratica, porque toda atividade econômica é um bem valioso para a sociedade pela sua própria natureza. Muitas das grandes empresas se apresentam como mecenas da sociedade, porém estão apenas se beneficiando da isenção fiscal que o governo lhes dá em troca de algumas atividades ditas “sociais” ou “culturais”. ONGs filantrópicas e pilantrópicas agradecem o farto dinheiro recebido...

Economistas costumam abordar o trabalho do padeiro para definir o que vem de fato ser a responsabilidade de um pequeno empresário frente à coletividade de sua vizinhança. O padeiro levanta de madrugada pelo prosaico motivo de que quer progredir na vida e dar um conforto maior a sua família. Resumindo: ele quer fazer dinheiro. Ele acende os vários fornos elétricos pensando no dinheiro que irá arrecadar naquele dia, para fazer face às inúmeras despesas que tem que arcar. Esse padeiro está se lixando para a onda PC de “responsabilidade social”. Ele quer fazer dinheiro e está certíssimo. É para isso que existem os padeiros: para fazer pão e para fazer dinheiro. Além de melhorar seu padrão de vida, o padeiro realiza várias obras de “responsabilidade social”, mesmo que não se dê conta disso, como criar empregos, pagar impostos, expandir seu comércio, abrindo outras padarias, criando ainda mais emprego e pagando mais impostos.

O leitor poderá dizer: “é contra os princípios sociais ser individualista, egoísta, só pensar em si e não nos outros; é preciso abrir o coração e a carteira, ser altruísta, fazer doações a entidades caritativas”. Claro, se você tiver dinheiro sobrando, como ocorre com a maioria do povo brasileiro..., tudo bem, faça sua caridade. Mas, antes de meter a mão no bolso para fazer doações, não esqueça de cobrar as obrigações que o governo tem ao cobrar taxas e impostos escorchantes de você (http://www.usinadaspalavras.com/index.html?p=ler_texto&txt_id=22157&cat=1), sem dar o devido retorno à sociedade em matéria de Educação, Saúde e Segurança. Lamento dizer, caro leitor, que, na maioria das vezes, ser egoísta é uma virtude, como já explanou muito bem em inúmeros ensaios a filósofa do Objetivismo, Ayn Rand. Com seu egoísmo, só pensando em ganhar dinheiro e não contribuindo com a Sociedade Pestalozzi ou a Beneficência Portuguesa, o padeiro “português da esquina” – como se diz no Rio -, nos poupa de levantarmos de madrugada para amassar e assar o pão em nosso próprio forno. Além de tempo e gás, o padeiro nos poupa o mau-humor que teríamos se tivéssemos que interromper o pesado sono da madrugada para assarmos uma simplória fornada de pães em casa. Ao menos se quiséssemos comer pão fresquinho e quente no café-da-manhã, não o pão “dormido” do dia anterior.

“Não devemos confundir responsabilidade social com filantropia. A filantropia só tem validade quando é exercida sem culpa, voluntariamente, tornando-se assim uma das maiores virtudes do ser humano. Trata-se de uma decisão pessoal, de foro íntimo, cujo exercício não deve ser penoso nem conflitante com os valores individuais do doador, e cuja origem não pode vir de pressões alheias. Todavia, quando o empresário aceita ser culpado por um crime que não cometeu e resolve tornar-se ‘socialmente responsável’, então a virtude da benevolência dá lugar ao vício repulsivo do coletivismo socialista” (in A responsabilidade social dos empresários: lucrar, de Edward Wolff, Mídia Sem Máscara, 7/6/2003).

Depois de lembrarmos da verdadeira “responsabilidade social” do padeiro, que tantos benefícios traz para a sociedade, numa espécie de “mão invisível” de que falava Adam Smith em sua obra A Riqueza das Nações, vamos ver, p. ex., qual é a “responsabilidade socioambiental” da Petrobrás.

Responsabilidade socioambiental, para a Petrobrás, antes de patrocinar o teatro, peças operísticas ou “cinema com rapadura”, é parar de poluir os terminais de suprimento de suas inúmeras refinarias. É despoluir a cloaca em que se transformou a Baía da Guanabara, um cartão-postal do detrito que vamos apresentar aos países das Américas durante as competições aquáticas dos Jogos Pan-americanos de 2007.

Responsabilidade sociambiental, para a Petrobrás, é deixar de ser cabide de emprego para políticos. É deixar de pagar “risco de vida” para os que trabalham nas salas de ar-condicionado da Avenida Chile, no centro do Rio, sede da empresa, longe das plataformas petrolíferas.

Responsabilidade sociambiental, para a Petrobrás, é estancar a drenagem de dinheirama canalizada para seus privilegiados empregados, a exemplo do “Petrosduto”, o fundo de pensão que, em 2006, apresenta um rombo de mais de R$ 9 bilhões, equivalente a quatro modernas plataformas de petróleo ou duas refinarias! Dinheiro que será pago por você, caro contribuinte, quando encher o tanque do carro nas bombas de gasolina. E essa gente cara-de-pau do Petros é a primeira a gritar slogans nacionalisteiros como “o petróleo é nosso”. Infelizmente, não deixam de ter razão, o petróleo é efetivamente deles.

Responsabilidade socioambiental, para a Petrobrás, é dar lucro, de modo que as cotas sejam distribuídas aos acionistas, não aos marajás do Petros.

Responsabilidade socioambiental, para a Petrobrás, é ela se transformar em uma empresa privada, de modo a diminuir a corrupção e o desvio de dinheiro. De que adianta a “Petrossauro” – segundo denominação bem-humorada do saudoso Roberto Campos – nos dar a auto-suficiência em combustíveis, se pagamos uma das gasolinas mais caras do mundo, o dobro da Argentina? Se ter uma empresa privada monopolista de combustíveis é um ultraje numa economia de livre mercado, ter uma empresa monopolista estatal é uma catástrofe nacional, normalmente só visto em países totalitários, como Cuba, ou patrioteiro-patrimonialista, como o Brasil, a Venezuela e a Bolívia. Trabalhemos pelo fim do monopólio da Petrobrás e pela criação de um variado número de empresas concorrentes. Somente o fim do monopólio da “Petrossauro” e a concorrência que virá poderá nos dar um combustível mais potente, limpo e barato.

Finalmente, responsabilidade sexosocioambiental não é você acompanhar uma parada do “Orgulho Gay” em Copacabana ou na Avenida Paulista. É, entre outras coisas, você usar camisinha, é você estudar, trabalhar para ganhar dinheiro e “subir na vida”, é você não jogar lixo nas ruas. Se fizer coisas tão triviais, porém essenciais para sua vida e para a vida do planeta, você irá dormir como um anjinho, mesmo que não tenha feito sua doação ao Criança Esperança. Você não sofrerá pesadelos na cama e poderá levantar de manhã e buscar, sem traumas, o pão quentinho na padaria...






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