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Ensaios-->Entendendo melhor o capital -- 22/08/2006 - 12:16 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Entendendo melhor o capital

por João Luiz Mauad (*) em 22 de agosto de 2006

Resumo: A única origem (legal) conhecida do capital é a poupança. Se todos os bens produzidos fossem consumidos, não haveria formação de capitais.

© 2006 MidiaSemMascara.org


Remonta ao ano de 1848 e resulta da deletéria idéia da luta de classes - parida das mentes psicóticas de Marx e Engels e exposta por meio de uma retórica tão torpe quanto pueril no famigerado Manifesto Comunista - a imagem impopular que persegue os capitalistas, os burgueses e tudo quanto esteja relacionado ao capital e seus proprietários. Essa visão distorcida, que leva o cidadão comum a perceber o capitalismo como um sistema injusto, está também intimamente associada à incompreensão do que vem a ser o capital, como se dá a sua gênese, a importância da sua manutenção constante e os amplos benefícios (econômicos e sociais) derivados do seu emprego no processo produtivo.

A única origem (legal) conhecida do capital é a poupança. Se todos os bens produzidos fossem consumidos, não haveria formação de capitais. (Era assim nos primórdios da humanidade, quando os homens viviam basicamente da coleta e da caça). Por outro lado, se o consumo de determinada economia for menor do que a respectiva produção e a diferença for utilizada para implementá-la ou auxiliar a fabricação de outros bens, estaremos diante da transformação de poupança em capital. O capital não é uma dádiva de Deus ou da natureza. Ele é resultado da economia (restrição de consumo) por parte de alguém. Portanto, a acumulação e a manutenção do capital, bem como os eventuais lucros que o seu emprego no sistema produtivo proporciona, são resultados do comportamento (prévio) frugal e parcimonioso de pessoas que se abstiveram de consumir em algum momento. [1]

Para ilustrar como isto ocorre, na prática, eis um exemplo bem simples: [2]

Suponhamos que numa localidade à beira-mar existissem, há muito tempo atrás, duas vilas de pescadores, bem próximas uma da outra. Habitavam a primeira pessoas cujo modo de vida era baseado no velho epigrama de Keynes - no longo prazo, estaremos todos mortos. Trabalhavam e consumiam imediatamente tudo aquilo que produziam. Na outra, viviam poupadores, gente parcimoniosa, que guardava uma parte de tudo que produzia para utilizar no futuro ou em caso de alguma eventualidade.

Diariamente, os cidadãos das duas vilas saiam para pescar. A sua técnica era ainda bastante rudimentar e eles contavam apenas com as próprias mãos. Na média, cada pescaria rendia 2 peixes per capta. Na primeira vila, todo dia era dia de festa. Tudo que conseguiam pescar era consumido imediatamente. Banquetes fartos não eram raros por ali. Na segunda vila, cada habitante comia apenas o suficiente para a subsistência (normalmente, um peixe) e o que sobrava era colocado num pequeno viveiro que lá havia.

Num dado momento, alguém teve a brilhante idéia de utilizar redes para capturar os peixes, o que tornaria a tarefa mais simples e mais produtiva. Só que havia um problema: manufaturar a rede demandaria grande esforço e tempo. Vários dias seriam necessários para produzi-la. Portanto, somente os pescadores da segunda vila tinham recursos (peixes) disponíveis e suficientes para abandonar, temporariamente, a pesca, a fim de costurar a malha. E assim foi feito.

Quando a rede finalmente ficou pronta, poucos indivíduos eram bastantes para apanhar uma quantidade equivalente - ou até maior - de peixes que antes. Este fato liberou os demais para outras atividades, antes impossíveis, como produzir mais redes, arco-e-flexas para capturar outros animais, arpões, roupas de couro, novas choupanas, além de um sem número de novos artefatos e produtos, que fizeram a qualidade de vida daquele vilarejo saltar rapidamente. Enquanto isso, na outra comunidade ali perto, as coisas permaneceram exatamente como antes.

Este exemplo bastante simples, mas extremamente didático, demonstra de forma inequívoca que o veículo do progresso econômico é a acumulação adicional de bens de capital, através da poupança e do aperfeiçoamento dos métodos de produção, o qual está quase sempre condicionado à disponibilidade de novos capitais. [3]

Todas as doutrinas pseudo-econômicas que depreciam o papel fundamental da acumulação de capital (e da poupança) para a melhoria do padrão de vida do conjunto da sociedade são absurdas. A maior riqueza das nações capitalistas está concentrada no seu enorme estoque de bens de capital. O que realmente impulsiona o padrão de vida dos trabalhadores nestas sociedades é o fato de que a quantidade de máquinas, equipamentos, ferramentas e componentes de alta tecnologia, per capta, é sempre crescente. A conseqüência inelutável disso é uma porção constantemente maior de bens de consumo colocados à disposição dos trabalhadores, a um custo cada vez menor.

Nenhum discurso apaixonado contra as desigualdades sociais ou as indefectíveis asneiras anticapitalistas ditas em profusão por ideólogos esquerdistas, adoradores do Leviatã e focas de Hobin Hood, irão jamais desmentir a verdade econômica insofismável segundo a qual existe apenas um meio de aumentar permanentemente os salários e a renda dos trabalhadores: as taxas de crescimento dos investimentos em bens de capital devem ser sempre maiores que as taxas de crescimento populacional, fazendo com que a produtividade da economia seja sempre crescente. O resto é conversinha demagógica e invejosa dessa classe fétida (cada vez mais atuante no Brasil) dos proxenetas da miséria e do subdesenvolvimento.


[1] Ludwig Von Mises - The Non-economic Objections to Capitalism
(http://www.mises.org/story/2223)

[2] Arthur E. Foulkes Teaching Basic Economics to Fifth Graders
(http://www.mises.org/story/2207)

[3] Ludwig von Mises The Human Action



(*) O autor é empresário e formado em administração de empresas pela FGV/RJ.




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