'Nunca se justifique, os amigos não precisam e os inimigos não acreditariam'. (Ditado Árabe).
Como vivemos, no dia-a-dia, a dar explicações sobre o inexplicável? Na convivência conjugal, talvez na esperança de criar um clima estável e de confiança mútua, mentem-se com tanta facilidade que tais mentiras tornam-se verdades. Os romances extraconjugais ou mesmo simples e inocentes paqueras são sempre muito bem escondidos pelo parceiro “pulador de cerca”. E os motivos são os de sempre, criar uma couraça no aparente mar de tranqüilidade do convívio conjugal, para felicidade da família, amigos e sociedade ou mesmo pelo medo de uma desgastante separação com as conseqüências nefastas que ela traz – pensão, distanciamento de filhos, familiares e amigos.
Bom seria se pudéssemos sair gritando estar vivendo um novo amor e isso não trouxesse tantos problemas para todos os envolvidos, pois se o prazer do amor é amar deveríamos poder amar intensamente sem tanto sentimento de culpa ou de traição. Porque temos que estar engessados em um casamento ou união estável? Machado de Assis ensinou: 'Deus para felicidade do homem criou a fé e o amor, o diabo invejoso fez o homem confundir fé com religião e amor com casamento'. Mais atualmente, o surto de liberdade e igualdade das mulheres em relação aos homens, levou aquelas a se sentirem mais donas de si, pois muitas dizem: “Nunca troque o seu pior emprego pelo seu melhor marido”. Diferentemente das saudosas “Amélias” que diziam: “ruim com ele, pior sem ele”. Acho isso saudável, na esperança de que um dia todos sejam realmente iguais, homens e mulheres ou toda a espécie humana, para felicidade total da humanidade.
“A família é a célula mater da sociedade”. Não podemos questionar a assertiva, porém a liberdade de viver na plenitude nossas emoções jamais deveria ser tolhida. As pessoas deveriam escolher entre seus amores, familiares e amigos os que deveriam compor sua família. “Escolhemos os amigos, os parentes não”. É bem verdade, mas não deixam de ser famílias as uniões que hoje surgem: homem com homem, mulher com mulher, amigo com amigo, que “dividem as despesas”. Claro, se em clima de respeito e confiança mútua e isentas de promiscuidades e mentiras.
Se isto é utopia, quimera ou fantasia, continuemos nossa vidinha hipócrita de sempre e quando sua esposa lhe pegar “pegando” aquela empregada gostosa, diga: querida, eu juro que não sou eu...
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*Luiz TARCISO COELHO Bezerra é Poeta, Contador, Auditor Interno do Banco do Brasil – Aposentado, Técnico Bancário do Banco da Amazônia, em Soure (PA), Membro Efetivo da União Picoense de Escritores - U.P.E., em Picos (PI) e do Clube do Escritor e do Poeta Marajora – CEPOEMA, em Soure (PA).