Meus olhos muitas vezes sem nenhum arame
observavam o azul puro nos objetos alheios,
quis abrir-lhes as algemas invisíveis e paralisantes que os mantinham inertes.
Esta talvez fosse uma extrema obsessão
a de que todo objeto (gaveta, lápis, cadeira etc) tivesse boca
ou que esperassem como quem não quer nada,
mas atentos a tudo;
a chegada da boca pra por a boca no mundo.
Mundo, aliás, em que não posso fechar os olhos e esquecer de tudo!
Principalmente agora que aprendi a prender minha respiração
E a fingir de muro.
Mas não queira descobri os segredos das coisas muito cedo
precisa do acaso
se por acaso tenha que fugir do fogo cruzado nas terras suburbanas..
Imagina o que seria de nós
perdidos em uma imensidão de dores e serpentes azuis fosforescentes?
Mas
Não tenha medo
Venha cá
tu e a tua boca que faremos um pacto de línguas
eu acho que é a hora certa para uma transformação
pode tentar!
não há tempo para fatiar-te em pedaços.