Que o Carnaval é uma festa brasileira ímpar, é indiscutível.
Sem esmiuçar os motivos mais remotos que fizeram eclodir um evento tão grandioso e inusitado, pode-se concluir que o Carnaval brasileiro é um acontecimento que além de colocar este grande país numa posição destacada quando se trata de festa, denota um marco importante na história e no folclore.
A História se ocupa em ressaltar que um dos grandes motivos que levaram o Carnaval a se transformar na maior festa nacional e um dos grandes eventos mundiais foi a alegria dos vários povos que constituíram a grande nação brasileira. Ao ser descoberto já se percebeu que os povos mais primitivos do Brasil tinham uma forte vocação para o entretenimento, tanto que, por ocasião da chegada dos descobridores, mesmo diante de visitantes estranhos, esboçaram ares festivos e os receberam com alegria. Ao chegar a segunda grande leva étnica que deu origem ao povo brasileiro, os negros da África, a situação é ampliada, pois embora aquele povo estivesse sob uma migração compulsória, não perdera o espírito festivo que caracterizava a sua maneira de ser.
Entretanto, essas características constituíram uma simbiose a qual formou um espírito desprendido de outras preocupações que não fosse o divertimento. Toda isso fez mexer com os dons fantasiosos e criativos que permeiam a psique humana. Assim, a cultura se encarregou de manter esse espírito de fantasia e utopia.
É, pois, nessa ocasião que o folião brasileiro se esquece de todas as misérias, das obrigações que o afligem durante todo o ano e tenta viver as mais diversas fantasias: luxo, sexo, gula etc. Se tudo isso não é uma realidade completa, pelo menos durante três dias ele se esbalda numa quimera que é capaz de alimentar seus instintos.
No entanto, toda essa fantasia esbarra na moral capitalista e religiosa. E fica uma questão intrigante: o Carnaval é uma festa extremamente profana? O conceito deve ficar por conta de cada um. Os sentimentos individuais e as percepções pessoais é que podem dar conta de uma definição mais acabada. Cada indivíduo possui um diferente grau de sensibilidade e é através da vivência em cada evento que esse mesmo indivíduo tem a capacidade de avaliar os acontecimentos que os cercam.
Avaliar também os efeitos da moral capitalista e religiosa é outra condição cabível ao indivíduo. Até que ponto o referido evento fere os princípios religiosos e capitalistas. Até que ponto a moral capitalista ou religiosa têm razão em condenar o evento.