Sou deserto,
No conceito e em amplitude,
Um contexto sem prazer.
Onde a paisagem se esgota
No perpétuo vazio.
Até aonde sopra a volta do vento.
Bem no lugar de momento algum.
Bem nos braços de uma ausência intrínseca,
Olhando os dias e as horas.
Alimentada com metáforas
Que escapam de uma ocasião em decúbito,
Exposta aos prazeres do sol.
Estes que na sua clemência rarefeita,
Fustigam-me até a demência,
Como se fosse teu beijo oportunista
Pousando em minha face.
Quando urgências se evadiram do desejo escarlate.
E assim contigo ocupo a minha alma,
No termo concreto de uma contradição.
Amar-te tanto e me sentir sozinho
Com tua presença.
Desejar-te e preferir estar só.
Porque tua intensidade me consome,
Até que a vida não passe,
De um simples pressentimento.
Será que então vivo?
Ou apenas sobrevivo, então.