Um Homem. Um Caráter. Uma Personalidade. Um Chefe. Um Líder. Um Patriota.
Quem era?
Nascido em Bagé, RS, iniciou sua carreira militar no CMPA, fazendo, em seguida, todos os cursos que o levaram ao oficialato e ao generalato.
Em 1964, era Comandante da AMAN. De onde saiu pra ser Adido do Exército junto à Embaixada Brasileira em Washington, EUA.
Voltou para uma Vice-Chefia do Estado-Maior do Exército, no RJ, de onde Costa Silva, seu antigo chefe e amigo, o levou pra chefiar o SNI.
Registre-se, porque contado por ele mesmo e foi uma clara faceta de seu caráter: primeiro, Costa e Silva o convidou para presidente da Petrobrás, o que não aceitou, declarando que não podia sê-lo, pois nada entendia de Petróleo. Dia seguinte, é chamado de novo, e o novo Presidente da República convidou-o, agora, pro SNI. Pra tal cargo não podia deixar de aceitar, concordaram os dois, pois um oficial, desde seus primeiros postos, que lida com informações. Tinha obrigação de conhecer o assunto.
No posto, que exerceu com absoluta correção, ficou de 15 Mar 67 até o início de 69, quando, promovido a 4 Estrelas (Gen Ex), foi nomeado Comandante do III Exército, com sede no seu RS. Com a morte de Costa e Silva, foi o escolhido - e imposto, pois não o queria - pelo Alto Comando das FFAA para ser o candidato da Revolução à Presidência da República. Eleito pelo Congresso, exerceu o cargo de 30 Out 69 a 15 Mar 74.
Depois se recolheu ao recesso do lar, onde se manteve, até o fim, com total discrição. Embora alguns políticos tenham querido fazê-lo o candidato da Revolução em uma eleição direta, numa fase de transição pro governo dos civis.
Que fez, de importante?
À Revolução de Mar, aderiu de corpo e alma. Desde os seus primórdios que foi, inteligente e discretamente, preparando seus oficiais e depois os próprios cadetes que comandava, pra defesa da Democracia ameaçada pelo próprio Governo da República de então, já entregue e submetido aos comunistas, que, desde a Intentona de 35, queriam tomar o Poder. Ele o fez para defesa da Democracia, como dizia, único regime político em consonância com a nossa tradição histórica. Deflagrada a Revolução e consciente de que a AMAN era a vanguarda das tropas do II Exército que viriam de SP pra enfrentar as tropas legalistas que viessem, como vieram, do RJ, tomou, à falta de outros meios próprios, senão um Batalhão de Serviços, a ousada e cruciante decisão de empregar seus jovens cadetes, sob o comando de seus oficiais, para barrarem as tropas adversas nas alturas de Barra Mansa. O que foi cumprido à exação.
Teve um papel histórico, um dos motivos, talvez, da sua escolha para Presidência. No seu Gabinete de Comandante da AMAN, presente o General Amaury Kruel, Comandante do II Exército, já chegado a Resende com suas tropas, deu-se o final da Revolução vitoriosa. O General Armando de Moraes Âncora que recebeu com as honras militares a que este fazia jus e que viera representando o então Ministro da Guerra, Jair Dantas Ribeiro, gravemente enfermo, reconheceu a vitória da Revolução.
E todos os possíveis enfrentamentos foram de pronto suspensos em todo o País. Foi o complemento da vitória de Médici, do seu espírito de decisão.
Seu governo foi pleno de realizações em todos os campos do Poder.
Extremamente modesto e reservado, mas de grande visão, convocou para o seu Ministério Homens da mais alta qualidade, sem considerar as injunções político partidárias. Carismático, caiu no gosto do povo e criou, então, o mote do 'Ninguém segura este país'. Quanto à Amazônia, a que deu cuidadosa atenção, dizia e repetia 'Integrar, pra não entregar' o Lema do Projeto Rondon, ciente e consciente de que é preciso integrar todo o País, inclusive a comunidade indígena à comunidade brasileira.
O Projeto Rondon foi extinto pelos governos revanchistas, mas agora recriado pelo atual governo, a pedido dos estudantes da UNE, um reconhecimento de seu alto significado e valia. E encheu o nosso peito de gozo quando, em corajosa decisão histórica, ampliou os limites do nosso mar territorial para 200 milhas.
Foram o INCRA, o MOBRAL, o Projeto de Metas e Bases pra Ação de Governo, o Estatuto do Índio, o Plano de Integração Nacional, as rodovias Cuiabá-Santarém e Manaus-Porto Velho. Foi a Refinaria de Paulínia, a maior do País. Foi Ilha Solteira, outra e importante hidrelétrica. E foi, talvez, o maior dos seus feitos, quando no campo social criou o Fundo Rural. Beneficiando, assim, milhares de velhinhos, no interior, e por conseqüência, a economia de pobres municípios. E foram muito mais obras e feitos.
Foi a época do 'milagre econômico', chegando a registrar-se um crescimento extraordinário do PIB (cerca de 10% ao ano) e uma inflação que se reduzira a 14%. Foi o aumento da produção industrial, o crescimento das exportações. Um crescimento econômico de que resultou o Brasil passando de 48ª pra 8ª economia do mundo. Foi uma época da diversificação das atividades produtivas, com o surgimento de uma nova classe média. Entre suas obras e que deixaram sua marca, estão aí a grande usina hidrelétrica de Itaipu, a maior do mundo; a Ponte Rio-Niterói, uma velha e importante aspiração dos fluminenses; e o gesto ousado de lançar a Transamazônica, com o objetivo estratégico de vivificar aquela potentíssima região, futuro de grande potência pro Brasil, que precisa ser defendida pelos brasileiros, a todo o custo, contra a cobiça estrangeira.
Tornou-se um líder nacional, admirado e louvado pela grande maioria do povo.
Seus índices de popularidade ultrapassaram os 80%. Sendo Homem simples, um Homem do povo, tinha suas preferências no futebol, nosso esporte maior, e foi no seu governo que o Brasil consagrou-se Tricampeão Mundial de Futebol, o que festejou de portões do Alvorada abertos à população, ele mesmo - que prognosticara o resultado de 4x1 sobre os italianos - exibindo, com alegria, o Pavilhão Nacional, distendido em suas mãos. Por sua naturalidade como Homem do povo, decerto, foi convidado pra assistir a um importante jogo no Maracanã, parece que um Vasco x Flamengo.
Aceitou, mas chegou atrasado cerca de 10 ou poucos mais minutos. Ao ser anunciada a sua presença, o jogo já começado, todo o Maracanã levantou-se e, de pé, o aplaudiu calorosamente, por alguns minutos. Tal fato jamais acontecera antes, ao anúncio de qualquer grande autoridade com a presença anunciada. As esquerdas, não conformadas, até hoje não lhe perdoam isso, nem ao povo.
No seu governo, foi de extraordinária grandeza: manteve, a despeito dos muitos antagonismos, da incompreensão, o Congresso aberto e não caçou nenhum deputado. Mereceu, sem seu cortejo, o respeito internacional, como Homem digno e totalmente voltado à missão de servir a seu País. Contudo, teve de
combater o crime, e teve que enfrentar movimentos estudantis e sindicais adversos. E pior, teve de fazer frente a grupos armados de esquerda, como a Aliança Libertadora Nacional, de Marighela; e a VAR/Palmares, de Lamarca; e o MR8; e o PC do B; e outros... E teve que enfrentar e resolver os problemas dos seqüestros de diplomatas estrangeiros, como foi o caso do Embaixador Charles Elbrick, dos EUA. E teve que enfrentar, ainda, a guerrilha rural de Ribeira/SP, Caparaó/MG e Araguaia/PA. E, aí, demonstrou a sua extraordinária capacidade de comando. Não cedeu, foi um exemplo de energia e decisão.
Combateu, sem tréguas, os inimigos do Brasil, inimigos da ordem democrática, a serviço de interesses estrangeiros. Não fora assim, teríamos, hoje, as 'FARB' - 'Forças Armadas Revolucionárias Brasileira', à moda das 'FARC' da Colômbia.
Que concluir?
Médici foi, e é, um nome de nossa história, que a posteridade irá reconhecer. A despeito das mentiras que os derrotados pela Revolução, esta que ele tão bem simbolizou, assacam contra ele.
Mas ninguém tira da história - do reconhecimento da história - os que mereceram ficar na história dos grandes e bravos, pelo muito que fizeram pelos seus povos, por sua gente.
Ele foi um Homem, digno desse nome. A Presidência lhe sendo missão cometida que cumpriu com o espírito e a alma voltados para os interesses do país. Um Homem que serviu, e como serviu!
Deus o guarde como os brasileiros devem guardá-lo no Panteão da Glória!