Cresci ouvindo minha avó falar: Furtaleza, Ricife, arroiz, minino piqueno...Esses dias passei um vexame ao comunicar-me por e-mail com um amigo. Pois não é que grafei “plagear”.
É o “o” com som de “u”, é o “e” com som de “i”... Sem falar das línguas estrangeiras que nos foram impostas. O pior é que cometi outro erro, não sei se tão grave. Conversando por telefone com um professor universitário, eu lhe disse:'furtaram meu computador, por sorte, meus livros estavam salvos num `pendriver`”.
Sou taxista em aeroporto do Rio de Janeiro, e, por exigência da profissão, arranho um pouco o Inglês.Por isso, meu amigo deve ter compreendido a mistura que fiz dos vocábulos: “drive e driver” ou não é assim que se escreve estas palavras? Outro dia, dei meu endereço informando que morava perto do 'Mec Donald'.
Minha própria língua não é escrita do modo como é falada! Tenho que aprender língua estrangeira para ganhar uns trocadinhos guiando táxi e ainda saber Inglês para lidar com um computadorzinho comprado clandestinamente na Vila Carioca?
Em outra oportunamente comentei com o escritor Gilson Chagas, sobre o preço que pagamos por causa de nosso sotaque. E ele acrescentou: “somos nordestinos da gema, da clara e da casca...”
Pagamos caro na hora de escrever, por causa de nosso sotaque – concluí.
