Para Adalberto Antônio de Lima,
aqui da Usina, que habitualmente dá atenção aos meus rabiscos,
interagindo com meus escritos e, de forma inteligente,
deixando críticas valiosas fazendo-me sentir viva
naquilo que escrevo, porque eu,
apesar de estar lá no 'topo do placar',
devido à quantidade de leituras,
raramente recebo algum comentário
desses leitores 'invisíveis' lamentavelmente...
Parece brincadeira, mas é a pura verdade...
Às vezes é preciso dar uma parada. Sentar um pouquinho numa banqueta macia, calçar umas sandalinhas havaianas cor-de-rosa, de preferência, ou uma outra cor suave, azul, ou verde-água... e ficar ali... sem pensar em absolutamente nada. É o caso da pausa entre as notas musicais de que fala o poeta, o que permite que o som durma um pouco nesse espaço imensurável... para que surja, então, a música inundando o espaço de poesia... Na verdade, é nas paradas que tudo de importante acontece: 'o eureka, de Arquimedes'; 'a gravidade, de Newton'; esta lhe custou a maçã na cabeça; aquele, dizem, saiu nu pela rua gritando a palavra mágica... Entre o o trovão e o relâmpago há uma mudez inquietante, mas o alívio vem com o estrondo... Jesus, enquanto os discípulos dormiam, parou e orou ao Pai, sentindo solidão e se viu humano... Tudo o que é importante se ouve no silêncio... É como ouço meu coração, neste momento em que escrevo...
Dizem que 'viver é um ato político'... Pode ser... Para mim, no entanto, que aprecio cada movimento ao redor, viver é a maior das artes e o mundo um teatro gigante, onde os personagens se acomodam, um a um, procurando um papel para representar. E que sorte, quando se ajustam ao que lhe foi selecionado... Sim, porque, quando nos custa decidir, automaticamente somos jogados em cena, tendo que desenvolver o enredo de qualquer forma... E fazemos feio, às vezes... Mas com o tempo, aprendemos os trejeitos, as vozes, escolhenos as vestimentas adequadas, mudamos o cenário, contracenamos com pares mais afins... E lá estamos nós, outra vez, seguros e confiantes, recebendo os aplausos, com o sorriso da vitória estampado nos olhos afoitos e felizes... Só não podemos esquecer de nos curvar em agradecimento...