Existem momentos na vida que precisamos substituir costumes e recomeçar buscando na esperança novos caminhos e hábitos. Isso não é nada fácil, mas necessário para enfrentar os desafios impostos pelas mudanças que o mundo consumista e capitalista exige.
Assim, animados pela força natural da sobrevivência e da necessidade de competir, abandonamos muitas vezes até mesmo os maiores prazeres do lazer, trabalhando diuturnamente para cumprir compromissos profissionais e buscar a renda necessária que cubra as despesas e possibilite uma aposentadoria confortável (se é que isso exista).
Infelizmente algumas informações necessárias que tento passar para meus filhos não foram de meu conhecimento quando jovem, pois meu pai faleceu quando eu tinha 18 anos de idade, época que mais precisava de aconselhamentos para minha vida espiritual, moral, afetiva e profissional.
Aconteceu assim uma brusca mudança comportamental e precisei buscar na fé e na esperança a motivação para enfrentar os desafios da vida, e, entre ganhos e perdas conquistar a maturidade precocemente.
Assumi repentinamente e temporariamente a responsabilidade de chefe de família mesmo sendo filho único.
Explico melhor: A minha família era constituída por minha mãe, minha avó materna, uma tia incapaz, um primo e uma prima (irmãos de criação). A renda familiar era muito pequena para manter as despesas essenciais da casa o que me obrigou a procurar um emprego com salário que possibilitasse assumir oitenta por cento dos gastos familiares.
Com a ajuda de Deus e muita força de vontade fui selecionado para o trabalho de propagandista-vendedor de uma grande indústria multinacional farmacêutica.
Com um salário que variava entre 10 e 15 salários mínimos eu conseguia manter a família e pude aos 19 anos comprar o meu primeiro carro, fruto de meu trabalho honesto e produtivo. Por outro lado a família também se motivou. Minha mãe, que não trabalhava mais há 25 anos, conseguiu um novo emprego aos 46 anos. Minha prima conseguiu se formar em professora. Meu primo conquistou na empresa importadora de cine, foto e som que lhe pagava um pouco mais de um salário mínimo, uma promoção a vendedor onde fez carreira.
A morte de meu pai coincidiu com o inicio do namoro com minha esposa e nos casamos três anos depois. Passado mais dois anos, nasce nosso primeiro filho e depois... mais três (um faleceu ao nascer).
Mas nessa vida as coisas boas e más passam como o dia e a noite, a chuva e o vento.
Passou a juventude, mas ficou a experiência de um homem de 62 anos, mais espiritualizado e prudente, menos ambicioso, mas que ainda briga para não ser vencido pelas adversidades da vida, que vê nos netos a continuidade de novas esperanças e que procura se adequar as mudanças rápidas da tecnologia e do progresso.
Continuo trabalhando e enfrentando desafios, perdendo e vencendo continuo o jogo da vida, usando novos hábitos e costumes procuro me manter ativo e produtivo, pois o exemplo maior que posso dar é o testemunho presencial que nem sempre foi bonito e de vitórias, mas sempre será de otimismo e fé em Deus.
