Fundamentado neste meu ilogismo pellisoliano, eu livremente construo os meus textos enigmáticos, onde, sendo pragmático, analiso as minhas inverdades como se eu fosse um pavão misterioso circundando em meus anseios... E arrebentando as rédeas da religiosidade ultrapassada e substancialmente caduca, vou remando contra as marés da hipocrisia lastimável dos homens, sobrevoando sobre as cascatas do tédio, sempre muito garrido como o príncipe das loucuras escarpadas; infiltrado nos labirintos espelhados do subterrâneo do meu imaginativo subconsciente...
Vozerios de escândalos estrondosos perpassam um vasto silêncio das minhas madrugadas acinzentadas, onde as mutilações de um passado agônico injetam em meu sangue a ilustração das catástrofes cotidianas, sobrepondo os reflexos das paixões materialistas, conduzidas pela ganância e pela cobiça dos pertences alheios... Mas em meus devaneios – que são turbulentas tempestades oníricas – componho a minha linguagem hermética, conduzindo os meus aloucados passos, condicionados às leis das injustiças sociais, a uma trajetória gloriosa em circunstâncias anômalas... E espreitando as jornadas dos que nada querem além do gozo material, vou elaborando as minhas certificações psicodélicas – ainda que as minhas estradas esburacadas estejam atazanando os meus tentáculos de polvo poético e subalterno de solidões...
Envenenado na química das desilusões, amaldiçoado por parentes desqualificados e materialistas, vou subindo à montanha das construções ilógicas, construindo um mundo aficionado pelo poder das artes; onde saio do meu ilustre esconderijo espiritista - para iluminar as desgraças terrenas que os meus olhos costumam visualizar... Pudessem ver-me, estas criaturas enegrecidas dos prazeres insaciáveis: o manto crivado de suplícios que tenho carregado; escorregando-me nas sarjetas das iniciações expiatórias – ainda que as minhas inclinações vocacionais estejam voltadas ao meu trabalho literário e artístico sempre ecomunitário... Mas estas minhas convalescências, metamorfoseando-me em espectro angelical das madrugadas solteiras indeléveis, produz em mim uma energização magnetizadora, debulhando as minhas lágrimas e incandescendo os meus pensamentos pungentes...
O ilogismo, nos meus textos herméticos, são disfunções orgânicas e inorgânicas deste meu cerebelo abaulado de tristezas, sobrevoando este paradigma destas constatações inexatas nas nuanças celestiais azulecentes; perpassando a lógica dos educadores bem comportados – ainda que nada digam de útil à pós-modernidade... A loucura humana está arrebentando a boca do balão, e muitas celebridades estão sendo destacadas por suas genialidades – ainda que estejam na mira preconceituosa das doenças mentais... Pois é muito plausível e relevante que saibam: os grandes loucos sempre trabalharam em prol da evolução do nosso progresso, do progresso da nossa tão sofrida humanidade... Eu tenho uma grande honra de ser o teu Poeta da Loucura...
Dizem-me os ditos normais que eu vivo fora desta realidade material cotidiana, onde o conflito social sempre se estende desgastantemente; mas eu, que fico fora desta realidade caótica, posso percebê-la com muito mais visão e amplitude sociológica e psicológica, porquanto, muito bem acomodado no meu mundo pessoal fantasístico, me é possível perceber outra realidade mais real do que o real cotidiano das pessoas ditas normais – ainda que adormecidas... E percebendo os conflitos humanos, por uma visão espiritual e longitudinal, posso criar o inimaginável e apresentar à sociedade humana um convívio inusitado: novas formas de relacionamentos humanos, através do meu novo Sistema de Coisas intitulado por mim: Sistema Ecomunitarista! Quem sabe o mundo não seja consertado por um louco? Quem sabe por eu estar sendo uma ilha, no meu insulamento vil, não esteja captando energias dinâmicas e mais avançadas, no intuito de desenhar uma nova dramaturgia humana? Quem disse que os loucos não podem ser geniais?
Os grandes inventores e os grandes pensadores sempre foram e sempre serão grandes loucos; pois os ditos normais são transformados – mas nunca serão transformadores! Eu vim para revolucionar, e me dêem o meu espaço que eu quero ultrapassar os limites das vossas imaginações...