Você já observou uma nuvem caminhando? Se ainda não, quer um conselho melhor? Observe-a em uma noite de luar, como eu estou fazendo agora.
Veja, ali vem uma, distante de onde estou! Passou por uma estrela... Por outra... E vem chegando... Já está perto da lua.
Poxa, agora me confundi; já não sei quem está andando, se a nuvem, a lua, ou as estrelas!
Busco, com o braço estendido, sentir a direção em que está soprando a brisa fresca que envolve a noite e, assim, tenho a certeza de que é a nuvem que passa.
O céu vai ficando cada vez mais lindo, no seu azul intenso... E a nuvem foi embora. Que pena!
A lua e as estrelas ficaram na abóbada imensa, a noite continua bela, mas a nuvem se foi...
Oh, é lindo e lamentável ser nuvem! É belo quando ela passa deixando uma lembrança boa, mas é lastimoso que seja levada sempre e não possa caminhar para onde deseja.
Mesmo que ela me ouvisse, não poderia parar acima da minha casa para que eu melhor a admirasse, pois o vento a levaria embora.
E ela estava tão baixinha! Salvo se o vento também me escutasse. Bem que eu poderia tentar fazer o pedido! Ali vem outra nuvem...
Embalada pela mesma brisa, já estou quase dormindo. Como a nuvem, também passou a minha hora. Fica a lembrança do pedido.
Dalva da Trindade S. Oliveira
(março de1971/Editada em 25.10.2010)