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Ensaios-->Conflitos Ampliados -- 29/04/2011 - 15:30 (Arlindo de Melo Freire) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Conflitos Ampliados
Arlindo Freire*


Mais de vinte países do Mundo Árabe estão em fase de profunda transformação política – depois de muita tirania dos governantes, especialmente as ações de perseguição e morte dos governados humildes, pobres e ignorantes que ficaram sem as oportunidades para aquisição dos conhecimentos indispensáveis à vida.
A mudança no Oriente Médio ainda está na fase inicial, passados mais de 10 mil anos de história bastante confusa, agitada e controversa, sem liberdade e democracia – feita, com pequenas exceções, pelos regimes escravocatas. feudais, ditatoriais ou de completa dominação sobre as populações.
Em maior escala – os indígenas brasileiros tiveram ou ainda têm situação que se assemelha aos povos árabes, no decorrer de 500 anos anteriores, quando não havia siquer a perspectiva de transformações sócio-econômicas para o bem-estar da coletividade humana, apesar dos longos anos de experiência cultural e histórica.
Esta projeção comparativa – poderia ser motivo de exame e consideração dos políticos brasileiros que se dizem coerentes e verdadeiros, assim como da sociedade e sobretudo dos índios que conseguiram sobreviver à extinção de cinco séculos que continua em cartaz ou evidência de maneira cretina, sanguenária, cínica, realista e contínua nas cidades, selvas e matas.
O despertar dos estudants e universitários nos movimentos de transformação do Oriente Médio, vem sendo decisivo com determinação e organização, no decorrer dos últimos anos – fazendo com que as classes sociais mais atingidas pelos governantes da tirania, comecem a se manifestar – falando de suas necessidades, aspirações, direitos e deveres, de modo livre e corajoso, sem temer as consequências de suas reivindicações.
Esses acontecimentos separados e distantes – fazem com que pensar sobre o mundo em que vivemos, analisando o porque e como as mudanças ocorrem de modo quase semelhante, em coletividades humanas bastante adversas acerca de suas origens, histórias, culturas e demais valores, inclusive o político, sob contradições que se apresentam em níveis diferentes, tendo ao mesmo tempo os fatores de proximidades ou coincidências que fazem do homem a referência maior.
Na dimensão sócio-econômica do Oriente Médio e demais países da África, América Latina e outras regiões semelhantes – também estão os indígenas em condições mais difíceis ou na marginalidade das sociedades que vivem em busca de mudanças para a sua melhoria, procurando a realização da liberdade e democracia para que tenham os meios básicos e fundamentais para viver produzindo e consumindo, segundo os seus hábitos.
A tentativa de comparação entre os dois povos – indígenas e árabes parece absurda, sem o menor sentido e, talvez impraticável, conforme a linha do tempo entre ambos, se levarmos em conta que estão separados por mais de 9 mil anos da história civilizada feita e escrita pela burguesia que poderia ser constituida pelo que podemos chamar de apartheid sul-africano ou pela divisão racial de ambos.
Esta concepção tem sua razão de ser, sem haver sinal de qualquer dúvida, porque durante a longa existência da civilização de pele branca dos períodos anterior, atual e futuro continuam e permanecem os propósitos e caprichos das gerações formadas pelos regimes do capitalismo dominante, sanguenário, desumano e anti-social amparado pela concepção do poder econômico que vem cobrindo a história da humanidade.
Pela falta de idéias e pensamentos acerca desta situação – vivemos nos profundos abismos políticos, sem encontrar a saída necessária, sob acomodação e alienação, esperando que as mudanças de correção – caiam do alto espacial, à semelhança das chuvas que transformam a Terra para receber a semente capaz de produzir o alimento da sobrevivência humana e animal.
Quando as chuvas chegam são poucos os habitantes que estão em condições de fazer a semeadura do solo que deixou de ser preparado pelos mais diversos motivos: preferência, boa-vontade, disposição e inteligência resultantes dos cuidados naturais e indispensáveis inseridos pela experiência prática e teórica dos seres humanos criados pela natureza biológica, conforme o potencial de reprodução dos semelhantes.
Nas tribos dos desertos árabes, os humanos já sairam da condição indígena estabelecida pelos civilizados da Europa, enquanto na América Latina ficaram com essa denominação criada pelo préconceito racial adotado pelos colonizadores, sem qualquer fundamento específico, mas pelo simples fato de Cabral acreditar que havia chegado à India – para onde se dirigia, segundo o plano de sua viagem pelo oceano. Indígena=homem da India.
Nem mesmo as reservas de petróleo existentes no sub-solo do Mundo Árabe, assim como
da América do Sul, nos desertos e nas selvas, foram motivos para que houvesse consideração e respeito aos dois povos em questão, como fatores de riqueza para atender às expectativas sócio-econômicas e culturais dessas populações de histórias antigas e atuais comprometedoras e por demais perigosas à condição humana.
Os povos marginalizados do Oriente e Ocidente vivem, com poucas exceções, na miséria do êxodo ou nomadismo, pisando em terras de imensa riqueza dominada pelos governos da tirania, sendo que no caso do Brasil e outros países sul-americanos, as tribos estão nas matas dos solos com abundantes reservas de minérios – dominadas pelos grupos econômicos sediados nas grandes cidades da civilização moderna.
As novas gerações dos Países Árabes, nos últimos 20 anos, depois do ingresso nas Universidades modernas – começam a despertar para o mundo do amanhã, abrem os olhos para a transformação, falam de mudanças e vida melhor para a coletividade social em busca do conhecimento, direitos e deveres do homem e da mulher com dignidade e bem-estar, mais a liberdade de ir e vir dos Direitos Humanos.
O mais impressionante é o fato histórico dos povos árabes, somente agora, depois dos milhares de anos, levantar a cabeça para enxergar as numerosas novidades do mundo atual, de preferência as relacionadas com a política governamental, os direitos humanos, meio ambiente e o avanço tecnológico, desde a segunda metade do século 20, prosseguindo com o período atual em que a comunicação abre mais espaço no plano infinito para a humanidade.
Os indígenas, por sua vez – apesar das explicações inerentes a eles, ainda estão parados no tempo e espaço, sem fazer a evolução do passado para o novo, ou seja – o avanço ou acompanhamento das novidades que surgem pelo mundo, conforme as suas necessidades imediatas para que consigam atingir os meios de melhorias para suas vidas, através dos recursos descobertos por eles e os civilizados, de modo estanque ou separado entre ambos,
pelos abismo e barreira existentes, situados no meio dos dois.
As iniciativas para resolver este grande impasse têm sido bastante complicadas, inclusive para os especialistas neste assunto, desde o início do reconhecimento da existência indígena no Brasil – quando o poder dominante, sob o reforço e respaldo das figuras de maior expressão social, politica, econômica e administrativa tiveram a influência decisiva nos governos, a exemplo do que ainda acontece.
As numerosas tentativas de rompimento com a mencionada determinação – foram, na sua maioria, jogadas na lixeira do tempo, sem os efeitos adequados aos indígenas, apesar de suas lutas inconsequentes ou destituidas dos efeitos esperados – para a sobrevivência deles
no decorrer de cinco séculos banhados de sangue, seguidos pelo abandono, desaparecimento, morte. fome e doenças provocados pelos governantes e toda a burguesia assegurada pelos partidários e defensores do sistema.
- Como sair desse conflito histórico?
A resposta de bom-senso e racionalidade poderia ser feita pela sociedade brasileira através de suas universidades e demais instituições que atuam nesta área, deixando de fora
qualquer opinião, determinação e convicção de exclusividade consituida por alguém, grupos e demais fatores de imposição que pretendam fazer com que as suas opiniões tenham a exclusividade – antes de qualquer discussão em torno da questão.
Esta expectativa está inserida na cultura indígena, desde a sua iniciação, no fundo do sub-consciente, sem a manifestação objetiva, como indicadora da capacidade de pensar e agir, de modo adverso do semelhante humano vivendo nos meios urbano e rural, desligado do comportamento primitivo, sendo portador da herança genética marcada, de modo bastante acentuado, pelo tribalismo brasileiro.
A mudança que se faz indispensável – poderia, certamente, ser efetuada pelos mais de dois mil professores indígenas existentes neste país, desde que tivessem, fundamentalmente,
os compormissos determinados e organizados com essa finalidade, partindo da realidade em que nasceram e viveram nas suas nações e tribos espalhadas pelas matas, longe das cidades, vilas e povoados.
A experiência histórica, política e social tem revelado que somente o conhecedor legítimo e verdadeiro dos problemas – está em condiçõs de resolver as suas maiores dificuldades, depois de conhece-las bem de perto, inclusive quando não tiver orígem no seu meio, mas, também, pelo menos, seja responspavel por essa opção no caso de ser estranho ou de lugar diferente.
Aqui, recordamos a personalidade do menino de 7 anos, Rodolfo Baro vindo da Holanda em 1617 para o Brasil, em pequena embarcação que foi destruida no litoral da Ilha Grande – Rio de Janeiro, pelos portugueses, visando impedir as observações recomendadas pelos holandeses que pretendiam expulsar os colonizadores de Portugal.
Naquele ano – Baro foi enviado para o interior do então Rio Grande, atual RN – para viver e morar com os índios do cacique Janduí, onde ficou por mais de 20 anos, sendo tratado pelo chefe tribal como seu filho, na intimidade indígena, assimilando da mesma – todos os seus costumes e cultura, sem maiores difuldades.
Com mais de 20 anos, o mesmo Baro, ao tomar conhecimento da chegada dos holandeses
em Pernambuco – foi aos novos governantes oferecer os seus trabalhos, razão pela qual logo iniciou as atividades de representante dos flamengos junto às tribos de Janduí, mediante o compromisso de ser pago no exercício dessa atividade com que os holandeses teriam o acesso facilitado aos indígenas do sertão, onde seria feita a exploração econômica pretendida pelo governo da Holanda.
Depois de 30 anos nas relações com os indígenas do sertão, Baro teve oportunidade de em 1647 assistir ao grande acontecimento das tribos chefiadas por Janduí, na lagoa Macaguá, atual açude Gargalheiras, município do Acarí-RN, com a participação de quase cinco mil mulheres, homens e crianças em ritual de festa com união de casais, antropofagia de criança morta por doença, partos sob as árvores e danças selvagens diante do fogo e sob a fumaça espalhada no ar.
No regresso ao Rio Grande e Recife, o representante holandês elaborou para o governo um extenso relatório Relação de Viagem sobre aquela festa, do qual – ninguém sabe como, o historiador francês, Morot escreveu um livro publicado em 1651, contendo toda a narração daquela ocorrência que causou intensa movimentação cultural na França e demais países da Europa, naquela época, chamando a atenção do mundo inteiro para as situação dos indígenas que viviam então praticando o canibalismo.
Depois da longa convivência com os índios Tarairiú, chefiados pelo cacique Janduí, Baro foi morto às margens do rio Potengí, no Rio Grande, aos 38 anos de idade, sem haver esclarecimento sobre os motivos da morte e quem teria feito o crime, enquanto o seu corpo ficou desaparecido, apesar dele ter sido de muita importancia para os holandeses,e mais ainda para as 12 tribos nômades do sertão, adversárias dos portugueses.
Outro menino, com 7 anos de idade, em 1941 no sítio Bamburral, município de Pendências – RN, mesmo não sendo puro sangue indígena, deixou de atender à necessidade sexual de uma jovem, deitada nua na cama de casal, num momento em que as demais pessoas residentes na mesma casa – estavam fora ou no roçado trabalhando, razão pela qual outra mulher, ao saber da cena, disse que aquela moça sofrera no passado de 70 anos uma grande decepção em sua juventude.

Aquele inocente do Bamburral talvez tenha pensado, naquele momento, por intuição ou timidez, no sub-consciente, que não poderia atender ao prazer oferecido, porque o costume indígena não recomendava a pratica do comportamento sexual, conforme os hábitos ensinados pelos pais e avós que seguiam a cultura primitiva emanada dos ancestrais, naquela idade, mas depois da mesma, a partir dos 15 a 18 anos – quando se uniam para a vida conjugal e reprodutiva, após a puberdade.
Hoje em dia, esse menino de Bamburral, estuda e pesquisa desde 1960, a questão indígena do Rio Grande do Norte e todo o Nordeste, motivo pelo qual tornou-se Quase Um Índio, segundo a pesquisa-teste da Profa. Andrea Sales – UERJ-2011, sobre a Influência da Cultura Indígena nos brasileiros da atualidade.
Os dois meninos mencionados – constituem o exemplo de coerência sobre a história e cultura dos índios brasileiros, apesar de tudo que aconteceu com eles, inclusive no pequeno Rio Grande do Norte, onde foram extintos de forma radical até 1825, no sertão e litoral, pelos colonizadores europeus e nacionais.
Agora, os professores indígenas existentes no país – são os maiores responsáveis pelas transformações que devem ser realizadas visando às melhorias dos povos tribais ou naturais do Brasil, à semelhança do que vem sendo feito no Oriente Médio, pelos estudantes e professores daquela região de 100 séculos, dos quais o Brasil tem apenas 5, com períodos de governos parecidos ou semelhantes em fase final – fazendo a política sistemática de marginalização dos pobres e oprimidos, de preferência os povos que vivem no silêncio das matas.*Jornalista e Sociólogo-UFRN.
















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