FIO DE SEDA ALONGADO
‘A genética é um delicado fio de seda que se estende por várias gerações unindo todos através, principalmente, da sensibilidade, afora outros caracteres.
É um privilégio visualizar todo o processo, integrada nessa mesma linhagem...’
O fio de seda se prolonga...
Brota um novo casulo, uma nova semente se desenvolve no ninho escolhido. É a continuidade do processo da vida, é a nova geração a caminho com a sua cota de labor para a grande festa da colheita.
A ninguém é concedido, presumidamente, o direito de calar a voz da alegria e as demonstrações de prazer com a expectativa de um ser gestado na mesma cadeia genética dos “bichos-da-seda”, de tolher uma comemoração do prolongamento da fiação tão delicada e tão preciosa desse tecido singular.
O dom da vida parece tão banal para alguns! Apesar dessa visão disforme, o dom de gerar outras vidas é um privilégio incomum para muitos. Dom é dádiva, é presente, é uma aptidão, um benefício de Deus que gera uma série infinita, também, de responsabilidades.
Louvo e agradeço ao Criador por essa explosão de microscópicas células que se conjugam e se transformam, paulatinamente, em pequenos órgãos que reunidos em um pequenino e delicado corpo, já provocam sorrisos e lágrimas de amor aos primeiros movimentos dentro e fora do casulo.
Posso chorar, mas de efusão de amor. Posso sentir angústia, mas na expectativa da alegria. Muitas vezes ficarei em silêncio, observando a maravilha da criação. Em diversos momentos os sentimentos serão o leme do barco das minhas ações, e toda a sensibilidade e carinho serão externados, sem policiamentos convencionais, como é natural em uma árvore que vê seus ramos se desenvolverem bela, fecunda e saudavelmente.
As raízes se estendem... Vibro de emoção sabendo que partículas da seiva que produzo, e que já são mescladas com o resultado de outras combinações, fazem e farão parte de novos e sempre amados rebentos genéticos. Proteção e amor divino para todas as pequenas sementes geradas nos casulos que continuarão a desdobrar o fio de seda da nossa hereditariedade é o meu desejo.
Dalva da Trindade S. Oliveira
26 de junho de 2011 03h12m
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