A DERRUBADA DE AL-ASSAD
:: Beatriz W. de Rittigstein - Tradução de Francisco Vianna
Terça feira, 24 de julho de 2012
Mustafá constituiu-se no símbolo do regime dos Assad, na Síria.
Manifestantes atearam fogo à um pôster de Bashar al-Assad com inscrição injuriosa na testa
Após vários meses de crise bélica na Síria, nestes dias em que nos bairros de Damasco se enfrentam as forças de Bashar al-Assad com os rebeldes que já controlam certas zonas do país, se observam deserções de personagens que estiveram muito próximas do poder ditatorial.
Uma das fugas mais emblemáticas por dar inegáveis sinais da derrubada do regime, é a do general Manaf Tlas, amigo de infância de Bashar, que ocupava um posto proeminente como oficial da Guarda Republicana, corpo de elite do exército sírio e que era o responsável pela execução dos maiores massacres da população civil.
A família Tlas foi um pilar de apoio sunita para o regime de minoria alawita. O seu patriarca, Mustafá, teve um vínculo estratégico e fraternal com Hafez Assad, pai de Bashar. Juntos levaram o partido BAAS ao poder. Em 1970, Hafez deu um golpe de estado e uma vez instalado como presidente, primeiro nomeou Mustafá como chefe do Estado Maior das Forças Armadas e posteriormente Ministro da Defesa, cargo que ocupou por 30 anos.
Mustafá se tornou o símbolo do regime ditatorial dos Assad na Síria. Seu leal respaldo serviu para que Bashar al-Assad, um político inexperiente, consolidasse seu controle sobre a Síria desde o ano 2000, quando seu pai faleceu. Através do clã dos Tlas, garantiu o apoio militar, o domínio do aparelho estatal e as múltiplas conexões comerciais, especialmente com os sunitas.
Ao que parece, o presidente perdeu a confiança em Manaf e a ele se deveu sua escapada para a Turquia. Não se podem prever os seus planos, mas sua recente ruptura com o poder na Síria não deverá se tornar um passaporte para a liberdade, pois fez parte de um regime corrupto, tirano, opressor e violento, o qual o torna tão culpado como o próprio Bashar al-Assad.
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