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Ensaios-->A noite de Bárbara -- 15/09/2013 - 04:12 (Brazílio) |
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Era noitinha quando, sob o bruxuleio da iluminação pública, aquela aglomeração
que se formava à porta da fábrica virou procissão e saímos todos acompanhando a
Bárbara que, aposentada, fazia o seu primeiro trajeto para casa, como ex-operária.
O ano era 1960, ou 61, e a procissão não precisava percorrer mais que duas
quadras para conduzir a aposentanda à sua casinha que, rua acima, ficava na
primeira dobrada à esquerda após o Posto do Lídio.
Mas como uma simples aposentadoria de uma simples tecelã poderia ganhar
aqueles ares de evento - insisto, e bote vento nisto. E até o gerente da `fapa`
estava lá felicitando a felizarda e pelo menos solfejando aquele refrão,
aparentemente espontâneo que muita gente deu vazão, sem senões e de plenos
pulmões - recheados de algodões: '...A Barba trabaiô muito, agora vai discansá...'.
E a gentil `Barba`, que vi não mais do que num relance - pois não ousara encará-
la - podia ser decana do operariado, mas, chupadinha, parecia trair os sessenta
e poucos anos que lhes davam, ou os dentes que lhe faltavam. Seu rosto vincado
daquele jeito, na certa era pouco afeito aos rodeios e paparicos que agora recebia
em profusão. Não me lembra se ela retribuiu com café e biscoitos o mimo que
recebia, pois era gente muita e só da janela é que pude dar uma rápida espiada
naquele alvoroço de gente - e até de gerente. E ela, mesmo morando com umas
irmãs, era uma só, iria desatar aquele nó?
A homenageada ia poder acordar mais tarde no dia e nos anos seguintes, sem ligar
pro grito e rito da chaminé, mas será que acharia graça na vida depois daquele
súbito e coletivo cafuné? |
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