O ser humano por natureza necessita constantemente de um bode expiatório para culpá-lo pelo seus próprios fracassos, pois esta é a melhor forma de se livrar do fardo da responsabilidade. Assim se faz àquele e a quem depositou sua confiança, dizendo: “Ele me enganou. Eu acreditei nele. A culpa não foi minha” ou coisas desse tipo. Como exemplo disso pode-se citar os políticos que, depois de eleitos, não horam o cargo para o qual foram eleitos, e então o eleitor prefere culpá-los por isso, sem se dar conta de que foi ele, o eleitor, quem fracassou nas suas escolhas, pois o poder só deve ser dado a quem o merece. Claro que em alguns casos a índole de um político só se revela quando lhe é dado poder, mas isso não exime o eleitor de seu erro. Outros, na impossibilidade de encontrar um verdadeiro culpado pelo seu fracasso, pelo simples fato de não existir um bode expiatório, atribui tal fracasso à vontade de Deus. Aliás, este é o pior tipo de ser humano, pois além enganar a si próprio, ainda foge de sua responsabilidade usando a fé como forma de não ser contradito. Essa é para mim a pior forma de esperteza, a qual não contribui em nada para um mundo melhor; ao contrário: rebaixa o homem. Mas infelizmente este é o caminho mais fácil, menos penoso e o qual exime as pessoas de suas responsabilidades. Lamentavelmente, só uma ínfima minoria não envereda por este caminho. Esta minoria porém não se encontra por aí.