É preciso reconhecer que o Governo Dilma está em estado terminal, mas como aquele paciente desenganado pelos médicos e o qual procura se agarrar com todas as forças à vida, não se pode dizer ainda que já está morto. No entanto, é uma questão de tempo, principalmente após os protestos do dia 13 de marco. A oposição deveria estar em estado de graça, comemorando a oportunidade única de voltar ao poder, mas não está. E por quê? Os milhares de brasileiros que saíram às ruas para dizer não à corrupção, ao PT e à Dilma também rejeitaram os velhos caciques da oposição, os quais no fundo é farinha do mesmo saco, pois a maioria deles respondem processos tanto por crimes eleitorais quanto por corrupção. A população brasileira está cansada dos velhos políticos, essa é a verdade. Aliás, tanto dos velhos quanto dos novos. Isso inclusive não é um fenômeno brasileiro. Em vários países se vê o mesmo ocorrer. O exemplo mais recente é os EUA, onde os políticos tradicionais dos partidos Democratas e Republicanos estão com dificuldades de obter a indicação para disputar a presidência. É claro que no Brasil as razões são outras, mas os velhos políticos estão com os dias contados. Talvez tenha chegado a hora de uma verdadeira mudança política no país, embora o maior problema não seja exatamente quem é eleito, mas o Sistema Político esquizofrênico que emergiu depois da Constituição de 1988. De lá pra cá já tivemos dois presidentes caçados e vários escândalos envolvendo governos das mais variadas siglas. E se não se corrigir essa anomalia, não adianta trocar o governante, como querem fazer com Dilma, pois não mudará muita coisa. A oposição, principalmente o PSDB e o DEM, acusa o governo do PT por todos os males do Brasil, embora esse seja justamente o papel da oposição, mas não devem esquecer que, quando estavam no poder, não fizeram nada para melhorar as instituições brasileiras e corrigir os erros da Constituição que eles mesmos ajudaram fazer. Não se pode dizer que o PSDB estará no poder num futuro bem próximo, apesar de haver uma grande chance de que isso ocorra, já que o PT não voltará ao poder tão cedo, se é que voltará algum dia, mas se não for o PSDB será outro. E aquele que for governo terá de lidar com as mesmas questões que o PT lidou e vem lidando. Ou seja: a corrupção, a fragmentação partidária e o toma lá dá cá. E aí? O que fará? Um novo Mensalão para manter a governabilidade como fez o PT no governo Lula? Ou um novo e sofisticado esquema de arrecadação de propinas para se manter no poder? Ou ainda farão como fez Sarney e Dilma nesse segundo mandato que, com o fim do rio de dinheiro que corria para os partidos da base aliada viu-se abandonada à própria sorte?