Até seis meses atrás parecia bem claro que o PT não sobreviveria ao petrolão, já que o partido estava envolvido num dos maiores escândalos de corrupção da história deste país, sem contar que uma parte considerável da mídia e da oposição aos Governos Lula e Dilma fazem questão de incutir na cabeça da população que o Partido dos Trabalhadores era o único responsável por tudo. Agora porém a coisa está mudando. Embora o ódio ao PT tenha crescido muito nos últimos anos, em muitos casos devido ao seu apoio aos movimentos sociais e à política de distribuição de renda, o que contrariou interesses dos mais ricos e poderosos, os quais mandam de fato nesse país, pois dominam os meios de comunicação e os instrumentos de manipulação das massas, a população começou a perceber que o PT é apenas mais um nesse mar de lamas e que muitos partidos, que até poucos meses acusavam o PT, também praticou os mesmos crimes, mostrando a hipocrisia e todo o lado podre da política. Os erros de uns não exime o dos outros, mas mostra que todos estão juntos, praticando os mesmos crimes, da mesma forma e pelos mesmos interesses. Aliás, dadas as últimas revelações, os esquemas de desvios de dinheiro público para interesses pessoais e partidários começaram bem antes de o PT chegar ao governo. Nestor Serveró, Sérgio Machado e Delcídio do Amaral deixaram bem claro em suas delações premiadas que os esquemas de desvios na Petrobrás e a exigência de propinas em contratos de empresas privadas com órgãos públicos remontam do Governo do ex-presidente Sarney, o qual é acusado por Sérgio Machado de receber propina do petrolão. O envolvimento de toda a cúpula do PMDB, de caciques do PSDB, do Democratas entre outros partidos menores é um alento para o PT; pois agora eles poderão dizer que são todos iguais, farinha do mesmo saco, que estão todos na mesma situação, enfraquecendo a tese de que só o PT é culpado. É obvio que o Partido dos Trabalhadores necessita de uma refundação e de uma acerto de contas com a sociedade. Uma autocrítica, um reconhecimento público de seus erros e medidas para evitar que isso volte a ocorrer é o primeiro passo. A ética não deve ser apenas discurso mas o meio pelo qual o partido possa voltar, a médio e longo prazo, a ser merecedor da confiança e simpatia do eleitor. Ou se faz isso, ou realmente o partido terá o mesmo destino do PFL que, depois de quase desaparecer devido aos escândalos de corrupção aos quais estava envolvido, teve de ser refundado com o nome de Democratas e ainda sim nunca voltou a ter a importância que tivera no passado.