Quem acha que Michel Temer (PMDB) terá um governo fácil como ocorreu com Itamar Franco após o impeachment de Collor está redondamente enganado. Primeiro porque a conjuntura política era outra: a população em peso apoiava o impeachment de Collor e ele foi cassado por uma maioria esmagadora dos deputados e senadores, o que não ocorreu com Dilma, onde setores consideráveis da sociedade e um grande número de parlamentares foram contra seu impeachment; segundo porque sobre Itamar Franco não pesava acusações de envolvimento em esquemas de corrupção como ocorre com Temer, menos ainda o rótulo de golpista, uma mancha que marcará todo o seu Governo. Prova disso são os protestos contra si, cuja principal bandeira é a realização de novas eleições. Para a maioria da população – inclusive para aqueles que defenderam a saída da Dilma --, Temer é um presidente ilegítimo e o qual deve ser tirado do poder assim como ocorreu com a ex-presidente. Ainda há um clima de lua-de-mel entre o PMDB e aqueles partidos que até pouco tempo eram oposição. No entanto, quando as medidas mais duras forem implementadas, os protestos tendem a aumentar e muita gente vai apear do atual governo, deixando Temer numa situação parecida com qual se encontrava Dilma. O que pode salvar o país de mergulhar numa nova crise, mesmo antes de sair da anterior, é a competente equipe econômica. Mas isso só o tempo dirá.