É inegável que o Brasil precisa de uma reforma em suas instituições. Só não ver quem não quer. Temos um sistema político corrupto e fracassado, que privilegia o caixa dois e a compra de apoio, leis trabalhistas do começo do século XX, quando a realidade era completamente diferente e que hoje, em vez de proteger o trabalhador, apenas cria empecilhos para um mercado de trabalho mais ativo, eficiente e com melhores salários; um sistema educacional ultrapassado e desestimulante, que não contribui em nada para um melhor aprendizado e proveito dos alunos; uma previdência falida, ineficiente e que não cumpre o seu papel de fornecer o bem-estar a quem contribui. Esses são apenas alguns exemplos, pois ainda é possível citar tantos outros, como por exemplo: as empresas estatais, as quais se tornaram cabide de emprego e mercadoria de troca de apoio político; sem contar os assaltos aos cofres dessas empresas, promovido pelos agentes públicos, muitos ligados a partidos políticos. A questão é como mudar tudo isso. Nos últimos 30 anos pouco ou nada foi feito para alterar essa situação. O atual governo, encabeçado por Michel Temer, se propôs a fazer essa reforma, mas, ao que tudo indica até agora, pode ter escolhido dos piores caminhos o pior. Num país democrático, não se faz reformas por decreto, por mais urgente que estas possam ser. Esse tipo de medida, talvez a mais impositiva que há, contribui apenas para gerar na população uma aversão. Todos nós sabemos o quanto tais reformas são necessárias, mas ninguém quer vê-las sendo empurradas goela abaixo como nos regimes autoritários. Por se tratar de algo que influenciará o nosso futuro, o de nossos filhos e de todo o país, queremos ter o direito de decidir quais serão essas mudanças. Portanto, o mínimo que o Governo Federal deve fazer é chamar a sociedade civil para a mesa de negociações e trabalhar em conjunto na busca das melhores soluções. Se será feita uma reforma na educação então que a discuta com educadores e todos os envolvidos com educação; se vai fazer uma reforma trabalhista, então que se discuta o que será feito com os trabalhadores e patrões; e assim por diante. Queremos um país moderno e voltado para o futuro, mas queremos opinar. Ou se faz isso, mesmo que dessa forma o processo demore um pouco mais, ou será apenas mais uma tentativa de mudança fracassada como correu muitas vezes no passado. Basta de incompetência!