Finda a sua gloriosa missão na face da Terra, Madre Teresa foi parar no Céu... e, para sua gratíssima surpresa, foi o próprio Criador que lhe abriu
o esplendoroso portal. Papo gostosíssimo, ameno, e de grande profundidade teológica.
A Madre não cabia em si de contentamento e mais do que isso, puro regozijo. Chegada a hora do almoço, sem quaisquer solenidades, o Pai chama um armário de puro ouro a si, cujas portas se abrem automaticamente e de lá Ele retira pães e atum enlatado. Prepara um sanduíche que oferece à Madre e faz outro para si.
Madre Teresa fica estarrecida de ver o despojamento do Pai e de tudo mais. Nada obstante, enquanto saboreia aquela iguaria, observa - afinal o Céu é o ponto mais elevado - com perfeita nitidez o que se passa nas profundezas do Universo, cercadas de labaredas formidáveis...e não leva tempo para deduzir que ali é o Inferno. E vê mais, ainda em maior estarrecimento que a farra come solta: caviar, ostras, sopa de barbatana de tubarão, champagne, lagostas em abundância, além de variadíssima oferta de sobremesa, com destaque para la crème brulée e baclavas...
E as audiências com o Pai se sucedem cada vez mais interessantes a cada dia que passa. Idem, para o ágape, invariável, de atum enlatado com a fatia de pão.
Um tanto curiosa, mas sempre respeitosa, a Madre, que agora já é Santa Teresa, resolve interpelar o Criador:
- Onipotente, Onisciente e Onipresente, desculpai-me se vos sôo insolente, mas o quê levaria a essa aparente diferença entre os repastos servidos nestas Sumas Alturas, e os do iMundo profano...?
Ao que o Pai, com sua sapiência insofismável respondeu à Santa:
- Eu já estive a pensar nisso, Filha diletíssima, contudo não lhe parece
que, além de sujar todo o vasilhame celestial, não seria uma perda de tempo irrecuperável cozinhar só para nós dois?
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