Os filósofos gregos pré-socráticos
Nesta fase da filosofia grega, os pensadores buscavam explicar a origem do universo, o princípio de todas as coisas. Eles queriam entender a razão, a origem das mudanças da natureza e a evolução do ser humano. Alguns abandonaram os mitos e religiões que explicavam tudo na época, buscando teorias mais racionais.
1. Tales de Mileto (624 a.C.- 558 a.C.)
Considerado o primeiro filósofo ocidental, Tales de Mileto nasceu onde hoje é a Turquia, e na época era uma colônia grega. Em uma visita ao Egito, Tales teria aprendido regras de geometria, e através da observação e da dedução, chegou a conclusões importantes para época, como, por exemplo, a influência das condições de tempo nas colheitas de alimentos.
Atribui-se a ele a primeira previsão ocidental do eclipse total do sol, pois o filósofo também se interessava por astronomia. Ele acreditava no monismo, teoria que tudo no universo poderia ser reduzido, e era originado de uma matéria principal, no caso, a água.
Fundou a Escola de Tales, que se fixou como a primeira e mais importante escola de conhecimento Grega.
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2. Anaximandro (610 a.C. - 546 a.C.)
Discípulo e assessor de Tales de Mileto, Anaximandro também nasceu em Mileto, colônia grega na atual Turquia, e frequentou a Escola de Mileto, fundada pelo primeiro filósofo ocidental para procurar uma razão natural para o mundo.
Estudando nos campos de conhecimento de astronomia, matemática, geografia e política, Anaximandro acreditava que o nosso mundo era apenas um entre vários outros, que se desenvolviam, evoluíam e destruíam, em um processo infinito e inevitável.
Para Anaximandro, tudo tinha início no que ele chamava de Apeiron, algo que não tem fim, nem começo, e é a origem de todas as coisas. Nele continha toda a natureza. Ele também acreditava que o sol agia sobre a água, criando seres que evoluíam para várias coisas que conhecemos hoje, pensamento que se assemelha ao que hoje conhecemos como Teoria da Evolução.
Leia mais sobre a trajetória de Anaximandro.
3. Pitágoras (582 a.C. - 497 a.C.)
Nascido na ilha de Samos, no mar Egeu, Grécia, Pitágoras chegou a estudar na Escola de Mileto também, mas seus conhecimentos matemáticos eram tão avançados, que o filósofo ultrapassou o mestre e seguiu em viagens para adquirir novos saberes.
Conhecido por ser um matemático brilhante e também místico, Pitágoras afinou o seu conhecimento matemático quando se fixou por mais de vinte anos no Egito, examinando os cálculos africanos. A partir de então criou o famoso Teorema de Pitágoras.
O pensador via nas proporções geométricas explicações para tudo que acontecia na natureza. Para ele, os números explicavam desde porque uma música é agradável aos ouvidos (escalas tonais de música) a, por exemplo, o funcionamento dos seres vivos, plantas, etc. Inclusive, ele e seus discípulos eram místicos e acreditavam que o ser humano tinha ciclos, reencarnando esporadicamente para viver tudo de novo.
Quer saber mais? Acesse a biografia completa de Pitágoras.
4. Heráclito (540 a.C. - 470 a.C.)
Nascido em uma família nobre em Éfeso, Heráclito é conhecido por afirmar que tudo estava em constante estado de transformação. Suas ideias eram a gênese do que conhecemos hoje por metafísica.
Ao contrário dos seus antecessores, o filósofo supostamente foi autodidata, aprendendo sozinho sobre as questões de ciência, teologia e relações humanas. O movimento era para ele o principal fundamento da natureza, a verdade então seria dialética, sempre com dois opostos se relacionando.
O fogo é o elemento fundador da natureza para o filósofo, considerando que o tempo todo se agita, se transforma e origina toda a natureza.
Entenda mais da filosofia de Heráclito através de sua biografia completa.
5. Parmênides (510 a.C. - 445 a.C.)
Parmênides nasceu na colônia grega de Eleia, no litoral sudoeste da atual Itália, na Magna Grécia. Frequentou a escola que Pitágoras fundou na Itália e era de família rica e influente.
Ele concluiu que o mundo era uma ilusão, baseado em suas ideias do que era o ser. Não há nada além do ser, pois tudo o que existe é, e tudo que o existe não é. A natureza para Parmênides era imóvel, não se dividia, não se transformava e estava presente em tudo, ela simplesmente "era". Se "tudo" era composto pelo ser, que não se alterava, mas claramente o mundo que via com os seus olhos mudava, então esse "tudo" se tratava de uma mentira.
Suas ideias influenciaram o pensador Platão, que veio a ser um dos mais importantes da filosofia grega.
Saiba mais sobre Parmênides em sua biografia completa.
6. Demócrito (460 a.C. - 370 a.C.)
Nascido em Abdera, Demócrito foi quem desenvolveu a teoria do pensador Leucipo sobre o atomismo, que ainda fazia parte da missão dos pré-socráticos em definir a origem do mundo. São conhecidos como os pais da física por descobrirem o átomo.
Sendo muito rico, Demócrito usava o seu dinheiro em expedições, principalmente para países africanos como o Egito e a Etiópia, na época detentores dos conhecimentos mais avançados do mundo. Ao voltar para a Grécia, em Atenas, não foi muito notado, sendo apenas citado posteriormente por Aristóteles.
Era interessado por várias áreas de conhecimento e tinha uma visão materialista, onde tudo era formado pelo átomo. Assim, para ele, quando o corpo humano perecia, a alma permanecia, formada por átomos.
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Os filósofos gregos socráticos
Com a chegada de Sócrates no mundo da filosofia, os pensadores abandonaram a vertente mais física, que buscava a entender os fenômenos naturais, e passou a trabalhar em aspectos mais humanos. Ou seja: a compreensão do humano no mundo, questões existenciais. "Quem somos, de onde viemos, para onde vamos, o que é a verdade?"
7. Sócrates (470 a.C.- 399 a.C.)
O homem que inaugurou uma nova fase da filosofia grega nasceu em Atenas, e nada se sabe sobe sua infância. Chegou a tentar carreira política quando jovem, mas não teve ideias bem aceitas. Serviu ao exército por um tempo, e depois de aposentado se dedicou à carreira de educador.
A famosa frase "Só sei que nada sei" explica a essência do pensador, que ao ser apontado como o homem mais sábio do mundo, dizia que o que o diferenciava de outros sábios, é que tinha noção da sua ignorância. Um de seus métodos mais conhecidos de filosofar era através de perguntas incansáveis que fazia ao seus discípulos, forçando uma aprendizagem democrática e mais eficiente.
Por sua forma de contestar a política da época, Sócrates acabou por ser condenado à morte acusado de ser ateu e incitar ideias erradas aos jovens da época. O que conhecemos da sua filosofia ficou conhecido apenas porque Platão, seu maior discípulo, escreveu sobre seus pensamentos.
Saiba mais sobre Sócrates através de sua biografia completa.
8. Platão (427 a.C. - 347 a.C.)
Platão nasceu em Atenas em uma família nobre e, por isso, estudou uma variedade de matérias como leitura e escrita, música, pintura, e poesia. Sua família era de políticos importantes e esperava-se que o menino seguisse a mesma carreira.
Depois da condenação e morte de Sócrates por corromper a juventude ateniense, incluindo o próprio Platão, ele teve que sair da cidade e passou doze anos viajando, com passagens pela Itália para aprender com os matemáticos discípulos de Pitágoras, e pelo Egito, para aprender astronomia e geometria.
Ao voltar para Atenas, fundou a Academia Platônica, considerada a primeira universidade ocidental. Seu pensamento mais famoso diz respeito ao mito da caverna, que explica a ideia de que os nossos sentidos nos apresentam um mundo ilusório, irreal, e apenas através da razão (do estudo, do pensamento filosófico, e da ciência), é que teríamos acesso ao mundo real, fora da caverna.
Quer saber mais? Leia a biografia completa de Platão.
9. Aristóteles (384 a.C. - 322 a.C.)
Nascido da Macedônia, filho de um médico, e com sólida formação em Ciências Naturais, foi com dezessete anos que Aristóteles mudou-se para Atenas, para estudar na Academia de Platão, logo tornando-se o principal discípulo do mestre.
Aristóteles acreditava que a experimentação era o caminho para o verdadeiro conhecimento, o que divergia da ideia de razão de seu mestre. Quando Platão morreu, Aristóteles voltou à Macedônia, e tornou-se mentor de Alexandre, O Grande.
Enquanto Alexandre invadia terras nos quatro cantos do mundo, incluindo a Grécia, Aristóteles fundou sua própria escola, o liceu. Lá formulou diversas ideias sobre o universo, os animais, a ética, a lógica e outros temas que por mais de mil anos serviram de base para o pensamento científico ocidental.
Conheça aqui mais da trajetória de Aristóteles.
Os filósofos da época helenista
Com a ascensão de "Alexandre, O Grande" na conquista de terras em várias partes do mundo, deu-se o início a um novo grupo de filósofos, chamados helenistas. Helenistas é como os gregos se autointitulavam, e a ideia do pensamento desse período era espalhar a cultura grega pelo mundo.
O novo contexto social de globalização da cultura grega deu início a uma necessidade de novas explicações e pensamentos para a nova ordem, novo mundo, formado de sociedades que se misturavam e deveriam assimilar a cultura grega.
10. Epicuro (341 a.C - 271 a.C.)
Nascido na ilha de Samos, Epicuro teve Sócrates e Aristóteles como professores, mas inaugurou uma nova forma de pensamento que condizia com o contexto social da época, chamada Epicurismo.
Ele acreditava que o sentido da vida era satisfazer prazeres, mas só os que não eram impostos pela sociedade, e sim os prazeres simples, como beber água quando se está com sede. Isso seria a chave para uma vida feliz.
Como um bom materialista, ele acreditava também que, como tudo era feito de átomos, não era preciso temer a morte, que era apenas uma fase de transição, de transformação natural da vida.
Saiba mais sobre Epicuro em sua biografia completa.
11. Zenão de Cítio (333 a.C - 263 a.C.)
Outro nome importante da era helenista foi Zenão de Cítio, que nasceu na ilha de Chipre. Era um comerciante que, atraído pelos ensinamentos de Sócrates, foi parar em Atenas.
Fundador da escola filosófica estoica, Zenão discordava de Epicuro e achava que o homem tinha que desprezar qualquer tipo de prazer e problema. O importante do homem era adquirir a sabedoria necessária para entender o cosmos. Tal pensamento se relaciona ao contexto social em que vivia, onde o homem já não estava preso à pólis, à cidade grega, e era apenas mais uma pessoa sem raízes, um corpo no mundo.
12. Pirro de Élida (360 a.C - 270 a.C.)
Pirro nasceu na cidade de Élis, ou Élida, e pouco se sabe sobre a sua infância. Na juventude, acompanhou o explorador Alexandre em sua jornada pelo oriente, onde se deparou com culturas e costumes muito diferentes, e percebeu que não conseguiria determinar o que era certo e errado, justo ou injusto, bem ou mal.
A sua filosofia era: se você quer ser um sábio, não dá para ter certeza de nada. Viver feliz era viver na suspensão do juízo, porque são inúmeras as possibilidades de verdade, variando conforme o local, as pessoas, etc. A isso deu-se o nome de ceticismo. Pirro, então, foi o primeiro filósofo cético da história.
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