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Ensaios-->NASCE UMA ESTRELA -- 04/08/2022 - 17:00 (Adalberto Antonio de Lima) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos

Estelas que o vento soprou

 

Dedicatória

 

Àquele

que se entregou em sacrifício de oblação, e como ovelha muda nas mãos do tosquiador, resignou–se; não abriu a boca, não levantou a voz.

 

[i]

Estelas que o vento soprou

 

Sobre o autor

 

Graduando em Letras, Adalberto Lima participou da Bienal Internacional do Livro de São Paulo em agosto de 2008 com quatro títulos.

É coautor de diversas antologias e conquistou com o tema: “PercalinaVerde–drummond” o prêmio de melhor crônica, concedido em 2009 pelo Projeto Dellicatta.

Sua Literatura já foi utilizada como texto de apoio em questões de vestibular, bem como por acadêmicos em Trabalho de Conclusão de Curso.

 

Estelas que o vento soprou

Comentário do leitor virtual [ii][iii]

 

 

• Estrela que o vento soprou, gostaria de ler essa obra. – Manucho Elias dos Santos. Lubango - Huíla – Angola. Recanto das Letras.31/08/2020 19:08h.

 

Gostei... me levou à minha infância, na casa da minha avó, quando eu ficava na cama adivinhando as sombras que entravam pelas frestas da janela. Muito bom.  maria do rosário bessas. Recanto das Letras 06/02/2018.

 

•...Estava aqui, depois de longo tempo, me atualizando nos teus textos, bebendo de tua “Água poética” e de tuas ricas opiniões, nem sempre acordes com as minhas, mas sempre sóbrias e saídas do coração e da razão! Cada hora, uma surpresa... quando te procuro na Usina de Letras, parece que o “O TÍTULO ME CHAMA” * * * Deixa um espacinho, para mim, no prefácio, que eu preciso falar de ti (...) Milarder. Rio de Janeiro – usina de letras.

 

•Seu texto traz a pureza madura, essencial à instrução em todas as idades. As palavras tocam, na verdade cutucando, emocionando, cobrando não apenas reflexão, mas atitudes. Matilde Diesel Burile. Recanto das Letras. União da Vitória – Paraná – Brasil. 10/06/2017 09:18OOh.

 

• Meu Caro: Os romances são obras inacabadas. Sempre. Pelo fato de a Vida assim rebarbar... Não marque data para aprontar o trabalho. Adicione ou retire texto, somente quando estiver inspirado. Pense sobre o sentido de cada frasal, de cada parágrafo. ‘Não force a barra’...”  Arnaldo Massari· Campinas (SP)· 1/12/2010. Portal Literal.

 

• Você cria imagens incríveis, com talento. Já não vejo a hora de poder tocar o livro! Já devia ter publicado, já devia... Pouso Alegre. Vania Lopez· 01/12/2010. Portal Literal.

 

•  Li e apreciei duas obras tuas, por enquanto. Confesso que gosto de temas de humor, que foi o que me veio ao clicar. Lerei mais para depois dizer minha opinião. O ofício de crítico que tenho na Europa, pretendia não o ter no Brasil. Mas o costume me pilha a olhar com critério o que leio. Tentarei perder o hábito. Continuarei lendo. Para ti daqui de Madri. Portal Literal. Eu*Gênio · 14/11/2010.

 

•Ora, meu caro, ler seus escritos é um prazer. Ouso acrescentar que é como encontrar um arco–íris em meio a turbulenta tempestade, ou, uma nesga de lua no negrume da madrugada...Grande abraço, Fatibel.  Fátima Beltrame. Usinadeletras, quarta–feira, 16 de janeiro de 2008 1:45:17h.

 

•Puxa! Meu companheiro, raramente se lê uma maravilha como essa "ÍNDIA APINAJÉ"! O linguajar caboclo e as belas metáforas enriqueceram sobremaneira esse belíssimo conto. O texto magnetiza. Prendeu–me do prólogo ao epílogo.  Abraço amigo e até breve.  Jajá de Guaraciaba. Recanto das Letras. 11/09/2014.

 

•... A superstição (coruja rasga-mortalha em voo sobre o telhado), os costumes e crenças nativas (o sacrifício dos recém-nascidos gêmeos ou com defeito físico), o esmero nos diálogos e a perfeita ambientação da história emprestam relevância a este causo bem contado.  Awnh. Recanto das letras 18/12/2018 16:41h.

 

... Francamente, a literatura é mesmo inesgotável. Nunca soube de um ossobuco mais sensual em toda a história literária da civilização ocidental. Forte abraço do Juiz Golden. Recanto das Letras, 12/05/2017 18:01h.

 

•A imaginação criativa permite esses voos, navegação de longo curso, um belo e profundo diálogo sobre a Alma. André Albuquerque· Recife (PE) 13/1/2011. Portal Literal.

 

•Amigo meu! Você me colocou de freira? Confesso que falta pouco!... Este conto lindo me fez encher os olhos de lágrimas. Nem sei o porquê. Só sei que a alma extravasa ao ler coisas assim. Paola Rhoden. 21.11.2010. Portal Literal.

 

• Maninho, você brinca com a harmonia das frases. É um balé. Parabéns! Francisco José Rodrigues — Professor Rodrigues – Fortaleza -CE., 08.12.2021

 

• Tio, cada dia que passa, sinto–me mais orgulhosa da sua produção literária. Você escreve com a alma e o coração.

Nadja Caroline Lima de Barros Araújo – Teresina–PI – 2008–06–09. Usina de Letras.

 

 

APRESENTAÇÃO

  Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.

—Fernando Pessoa

 

 

Concluído em 2022 o livro nasceu da compilação de textos publicados em sites de literatura a partir de 2008. Seu conteúdo fragmentado e divulgado na Internet alcançou, durante a construção, a casa de dois milhões de acessos.

A obra acontece em espaços geográficos distintos: no Campo, na Cidade e numa Ilha. E, embora o mundo rural não seja o único palco; episódios dramáticos se dão na fazenda Campo Grande, quando o município de Juramento acompanhava a trajetória de João Batista Generoso de Montescalmos, próspero fazendeiro, mais tarde, brutalmente, assassinado.  Consternada com a morte prematura do marido, Corina mudou-se para o Rio de Janeiro e foi morar na Tijuca, que lhe remonta lembranças da fazenda.

Era Campo Grande o paraíso de Corina Lindaflor de Montescalmos. Mas, nem tudo que armazenou em seu acervo, veio das cercanias da fazenda ou dos almanaques que lia. Aprendeu muito com o marido que trouxera do Nordeste vasta cultura regional e sabedoria popular.

Nestas páginas, a viúva do Coronel Batista Generoso revisita cenários e reconstrói cenas, como se o coração fosse um baú de guardar recordações.

Sua neta reconta o que ouviu da avó, e o livro fica pronto, quinze anos depois de pespontados os primeiros retalhos.

No primeiro momento, descreve a saga dos Montescalmos e de outros tantos heróis anônimos, que se sintam alinhavados nesta grande colcha de retalhos que somos.

Escrito, a duas mãos, mais tarde, conta também com a participação de um amigo amante da Língua Portuguesa, e apaixonado por gramática.

A neta do fazendeiro se apaixonou pelo rapaz, e, sob o açoite de cupido, fatos novos transcendem as barreiras da temporalidade, e conduzem personagens ao fantástico mundo do desconhecido.

 

Permita o Bardo Lusitano que o espírito leia com olhos humanos mais do que vê escrito[iv].

 

 

 

Adalberto Lima 

 

 

 

 

Capítulo 1

 

Silêncio... Ciscado de galinhas... Silêncio.

Uma porteira. Mais porteira. Os currais.

Vultos de vacas debandando...

— Guimarães Rosa—

 

 

 

O galo canta, adiantado.  

Três vezes o vaqueiro de almas debandas se levanta. Depois deita novamente. Ainda é cedo da madrugada.

 Não tarda, a coruja rasga-mortalha pia; a noite se vai e o dia amanhece com o sol pontilhando o tempo no pêndulo amarelo do velho relógio de parede. Despertada, a vaca leiteira presa no curral, lambe o sal, sacode a cauda e muge chamando a cria.  Novo dia se levanta no vaivém do nascer e pôr do sol.

Nas primeiras águas, berra o boi solto na manga, corre o cavalo batendo os cascos, sacudindo o pescoço, roncando atrás de uma égua no cio; ronca o trovão, vem a fartura, transborda o leite na gamela; sopra o vento na janela e na palma do tucunzeiro. A mulher do vaqueiro levanta antes do Sol. Coa o café e põe no bule esmaltado sobre a chapa quente do fogão a lenha.

A lida no campo começa na primeira barra matutina. Ainda à luz de lamparina, Batista Generoso traça o Sinal da Cruz na testa, na boca e no peito. Reverencia a imagem do Crucificado e sai. Vai fazer o desleite no curral com os vaqueiros.

Corina fica.

 Contempla o nicho recortado na parede do quarto de dormir, e debulha o rosário. De conta a conta, saúda a Virgem Maria nos mistérios de encarnação do Verbo de Deus.

O fazendeiro entra no curral.

Conta as vacas paridas.

 Vinte crias já estão amarradas cada uma na pata traseira da mãe.

Curvado, puxa, ao mesmo tempo, duas tetas da vaca Mimosa.  Vem o   primeiro esguicho, cai na caneca de alumínio, e vai para a tigela de barro do gato Miau. Também cachorro Graudez tem seu alguidar. Espia paciente, e recebe, em seguida, sua cota.

Dois habilidosos vaqueiros ajudam a tirar o leite.

Minutos depois, a bombona menor já está cheia.

Coronel Batista de Montescalmos sobe os três degraus que dão acesso à cozinha, levando uma leiteira de dez litros, cheia até a tampa.

Corina destampa.

Separa o leite de ferver e põe o restante numa gamela para fazer coalhada. Adiciona coalho. E pronto!

À tardinha, o leite coalhado adormece, e sonha ser um queijo mineiro.

Era este o verdadeiro mundo de Corina Lindaflor de Montescalmos. Vida que, no auge de sua glória, teve os sonhos transformados em pesadelo.

Batista de Montescalmos morreu.

Morreu numa manhã de domingo do mês de agosto do ano de 1952. 

Do que morreu, ninguém sabe. Ninguém viu. Sabe-se que morreu.

Morreu Coronel Batista de Montescalmos.

A viúva chora.

Campo Grande pranteia a perda do filho adotivo, há muitos anos chegado das bandas do Nordeste. Sobrevivente da seca de 1915, navegou o rio São Francisco, e naquele mesmo ano, aportou na cidade que recebeu o mesmo nome, mas foi em Bela Vista[v] que Batista Generoso se estabeleceu. Conheceu Corina, herdeira de um pedaço de chão, transformado em dinheiro e trocado por terras na Fazenda Campo Grande. Ali viveu mais de trinta anos. Prosperou. Plantou amor, colheu alegria, mas, o inimigo, às escondidas, semeou joio no trigal, e ela conheceu a ação humana, nem sempre humana como deveria.

Seu mundo caiu.

O que era belo passou.

Ficou a saudade.

 

 

 

 

 

 

 

Capítulo 2

 

Saudade dos tempos de outrora,

das alegres manhãs de primavera,

e do outono que o vento levou.

 

 

As lembranças da Fazenda Campo Grande ficaram gravados nos anéis da memória de Corina: a vaca apartada, o leite mugido, e a aurora chegando no canto da passarada. Mal amanhece o dia a vida ressurge despertada: a galinha cisca no terreiro, pia o pinto, berra a vaca no curral. Vai um dia, vem outro, e o tempo parece arrastar-se no cansaço das horas trabalhadas no serviço braçal.

Desce o Sol devagar no final da tarde.

A mãe da lua pia em voo rasante sobre o telhado, e arrepia de medo o cabelo da meninada. Finda a lida no campo, peões e vaqueiros se reúnem no alpendre.  Batista Generoso toca. Evoca saudosas memórias, e conta a história de sua vida no dedilhar das cordas de cada canção (...)

***

NOTA DO AUTOR

 

Estrela que o vento soprou.

 

Oferecemos ao estimado público virtual o acesso gratúido às páginas introdutórias

da obra que se acha em construção há 15 anos.

Para não quebrar a expectaviva dos futuros leitores, não publicamos o segundo

capílo inteiro.

Algum ou outro trecho vem sendo publicado avulso como crônica ou conto.

Obrigado pela visita e comentário.

No site Recanto das Letras já alcançamos quase quinhentos mil  acessos.(497.320)

Publicamos também e moutro site de Literatura. Neste último, Usina de Letras

ja ultrapassamos a casa dos dois milhões e seiscentos mil 

 (2.647.349)

Mais uma vez, obrigado.


[i]  Isaias 53,7; Bíblia Ave Maria

 

[iii] Comentário do leitor virtual sobre fragmentos de “Estrela que o vento soprou”

Comentários postados por leitores em Sites de Literatura, no período de 2008 a 2022.

 

[iv]  Bardo Lusitano: Alusão a Luís Vaz de Camões: Ode VI.

[v] Bela Vista, distrito de Montes Claros mais tarde emancipado com o nome Mirabela - CAPÍMG

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