Academia de Letras é uma instituição de cunho literário e linguístico, que reúne uma quantidade limitada de membros efetivos, numa tradição iniciada no Século XVII com a Academia francesa.[1]
O termo "academia" remonta à Academia de Platão - escola fundada pelo célebre filósofo grego nos jardins que um dia teriam pertencido ao herói Akademus (donde vem o nome). Ali buscava-se, pelo dialética socrática, o saber pelo questionamento e pelo debate. Ao contrário da Escola de Isócrates, onde o conhecimento consistia na mera repetição do saber.[2]
Foi com esta ideia de debates, que diversas instituições literárias surgiram em França, entre as décadas de 1620 a 1630 - consolidando-se na matriarca de todas as agremiações literárias - a citada Académie…
Mas, mesmo antes destas, existiram outras instituições com objetivos análogos, tais como:
Academia de Florença - de 1582, chamada "della Crusca" ou do "Farelo" - pois nas questões linguísticas dizia separar o joio do trigo, limitando o seu ingresso sob o lema "Il più bel fior ne coglie" (algo como "a fina flor colhida").[4]
Muitas outras vieram das quais apenas a francesa subsistiu - tendo também sido a única oficializada pelo Estado.
Academias Portuguesas
A primeira academia portuguesa foi a Academia dos Generosos, fundada por D. António Alvares da Cunha, em 1647.[17]
O espírito academista manifesta-se em Portugal, como nos restantes países europeus, desde o período renascentista, numa ótica de retomar a tradição da Grécia Antiga. Com efeito, são várias as academias organizadas entre nós ao longo dos séculos XVII e XVIII, desde a Academia dos Singulares (1663) à dos Ocultos (1745), passando por uma das mais ilustres, a Academia Real da História Portuguesa, criada por decreto de D. João V em 8 de Dezembro de 1720 – demonstrando a atenção dos monarcas lusos às tendências culturais da Europa.[12][9]
Sob a influência de D. Francisco Xavier de Meneses, 4° Conde da Ericeira, estas academias foram juntando aos interesses literários algumas preocupações científicas, que se materializaram nas entidades por ele sustentadas: as Conferências Discretas e Eruditas, a Academia dos Generosos, a Academia Portuguesa e a mencionada Academia da História. Todavia, enquanto estrutura de suporte ao desenvolvimento da ciência no sentido moderno, é à Academia das Ciências de Lisboa que cabe o protagonismo. Esta é, na história das academias portuguesas, a que mais se destaca, e já diversos autores consagraram estudos à sua formação, às suas actividades, e mesmo ao seu relevo no contexto científico[17][10]
As primeiras academias portuguesas, denominadas «academias ericeirenses», por seguirem o modelo associado a D. Francisco Xavier de Meneses, pautavam-se pela falta de normas rígidas e hierarquizadas de organização inerentes a um modelo académico de agremiação científica.[17][10] Sendo certo que é notável, para a época e para o meio onde surgiram, que se tivessem feito tão significativos contributos para o debate apaixonado da ciência, o certo é que esta primeira geração de academias ainda tinha feições um tanto rudimentares.[17]
Após a fundação da Academia Brasileira de Letras, foram sendo constituídas Academias em cada Estado da Federação brasileira. Sem possuir a grandiosidade e importância da Brasileira, várias delas constituem-se ativas e importantes espaços para a divulgação da literatura local e reconhecimento dos valores estaduais, neste mister, destacam-se, nos dias atuais, a Academia Paulista de Letras e a Academia Cearense de Letras. A Carioca já ocupou lugar de destaque, mas hoje, assim como a Baiana, não tem conseguido manter o nível de atividade do passado.
Muitas cidades têm na sua Academia o órgão literário máximo, no qual se reúnem-se os expoentes locais, numa extensa lista. Nestas, destaque especial para a Montesclarense, a Academia Recifense de Letras e a Caetiteense - em Minas Gerais, Pernambuco e Bahia, respectivamente.
Academias "mistas" e "categorizadas"
No Brasil, com a proliferação de entidades literárias, muitas cidades não reuniam "literatos" em número suficiente para que viessem a justificar a fundação de um "silogeu". Vieram, assim, as Academias "mistas": de "letras e artes" (em tese, todo "artista" pode ser membro); de "letras e música", etc.
De outro lado, certas categorias profissionais ou associativas, reunindo em seu bojo muitos escritores, passaram a criar Academias específicas: médicos, militares, maçons, passaram também a ter "suas" próprias Academias de letras, nominadas como no caso dos formados em Direito, das chamadas academias "de Letras Jurídicas".