Surge na nossa literatura moderna Carla Aka, um novo expoente na prosa e na poesia. Em seu livro Testamento Pornográfico, canta o amor e o ódio, o riso e o choro, a vida e a morte dos sentimentos – mostrando a força das antíteses. Em linguagem contundente, refere-se ao sexo e à conquista, na espera do amor maior.
Carla Aka é legítima representante do inconformismo jovem necessário para rasgar a camisa de força do preconceito e do medo de amar sem lágrimas nem rancores, degustando os sentidos no silêncio do prazer onde tudo se vive e nada se percebe. São palavras intensas desvendando caos e delírios de amor e gozo, de paixão e sonhos descabíveis.
Em uma mistura de poema e prosa, a autora desvenda os desejos e as sensações íntimas regidas pela deusa Lesbo em encontros casuais e em relacionamentos duradouros pelo gosto do gosto de coisas belas e no gosto do gosto do próprio corpo.
O amor, o desejo, os ciúmes, o sentimento de prazer, de abandono e de paixão são refletidos em Testamento Pornográfico como se o leitor caminhasse pelos labirintos de uma casa de espelhos. Está tudo lá: a essência do comportamento refletida pela realidade do que é amar e ser amado, sacrificando desejos e queimando anseios.
É a porção Eva que se envenena na forma linda, exótica, viva e erótica, mostrando todos os seus lados e faces pela necessidade extrema de sonhar um doce amor na mudez e na nudez que não envergonha seus descendentes.
Testamento Pornográfico apresenta-se, então, como um marco da liberdade de expressão das realizações, num rompimento real da utopia do relacionamento humano.
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LUIZ CARLOS GUEDES é professor, jornalista, radialista e editor do informativo eletrônico CooJornal e da revista eletrônica Rio Total.