Vestida com véus de tom carminado,
Passo ritmado em sensual dança,
Visão profana em espaço sagrado
Que, no ar, prazerosos gemidos lança.
É serpente na areia do deserto
A deixar marcas insensíveis à dor humana.
Negro e profundo mar aberto
Que engolfa as almas e soberana,
Nos olhos tem fogo de chamas radiantes,
Ao ver as criaturas perdidas em quimeras,
Embriagadas por seus vapores são como feras,
Ou garimpeiros de inexistentes diamantes.
É um infernal jardim seco, sem vida,
Gerando um perfume horrendo,
E, nem Deus a mão erguendo,
Alivia a dor d’uma paixão proibida.