Quando adentravas a casa, e sob o silêncio descobria os teus olhos a me olhar, me sentia nua. E enquanto falavas de mim, entoando aquela voz só tua, mexias com a insanidade e despertavas a fome da necessidade.
As tuas mãos carinhosas feriam os meus costumes tirando-me as roupas, apossando-se veementemente dos meus seios, persuadindo vorazmente os meus beijos e me explorando paulatinamente de ponta a cabeça.
Quando a loucura envenenava o sangue e os corpos acesos faziam o calor...tu inúmeras vezes, por dentro e por fora de mim, me aprontavas com a boca.Parecias tirar pedaços, parecia deixas marcas, mas de todas as que procurei até hoje, o que encontrei foi essa saudade. Essa vontade de perder o juízo, de sentir com toda a tua força o penetrar da tua fantasia.
Tu impiedoso me sangravas na rede da sala, me cansava no chão da cozinha, me banhava no chuveiro, me arrastava, me arrastava nas paredes do quarto...enfim me inventava na cama, onde eu podia descansar os meus gemidos chorados ao lado dos teus calmos e educados.Até sentir realizar pro mundo a mulher, até sentir formar o homem, até sentir queimar de dentro pra fora um grito desejoso, dizendo em línguas o gozo dos corpos e das almas, cansadas e realizadas, cuja noite fria, sem qualquer pecado, pela janela inocente vinha abençoar.
Só eu sei, o quanto é gostoso sentir o teu peso sobre mim,
Só eu sei, quanto do desejo, tu me acostumaste e ainda flui em minhas veias, quando o pensamento me leva ao passado.
