A Noite começa suave, lenta e preguiçosa,
Parece uma mulher entre cetins e devaneios,
Atrás de cortina esvoaçando vaporosa,
Tentando ocultar seus profundos anseios.
A Lua lança argentino clarão em avalanchas,
E a Noite se entrega em longos estertores,
Às carícias da suave luz em níveas manchas,
Que formam, no seu corpo, estranhas flores.
Embriaga-se com noturno vinho do prazer,
Sente que é chegada a hora de no céu morrer,
Pois como notívaga, ao sono pouco afeita,
Precisa chorar para que nasça estrela clara,
Sinal de um parto celestial de beleza rara,
Nascimento da amada filha, Aurora perfeita.