No céu, com a pálida face molhada,
Pelas lágrimas da paixão e da loucura
Estava a Lua nova triste, prateada,
Desejando uma noite de prazer e ternura.
Sentia-se como uma mulher desvairada
Presa à insanidade, alheia, em cela escura.
Apaixonada pelo Mar, com voz entrecortada,
Sobre as águas, versos lunares ela murmura,
Para dizer que seu corpo está esperando,
A fusão dos elementos num gozo aos gritos,
De raios e ondas, em plenilúnio, blasfemando
Para satisfazer o cio que os tornou tão aflitos.
E o Mar rugindo como um leão faminto,
Domina a luz que ela projeta sobre ele
Dá-lhe para beber um cálice de absinto,
E entorpecida, envolve-se nos braços dele.
Depois, juntos, pensam no destino fatal,
Imensurável espaço de vácuos tenebrosos,
E separados viverão em saudade infernal,
Do momento da posse, dos beijos amorosos,
Que transformaram-na em formosa Lua cheia
Misteriosa, escondendo do universo um segredo,
Confiado à amiga praia, em espumosa teia,
A Estrela-do-mar que viverá em degredo.