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Erotico-->A REVOLTA DAS CALIPÍGIAS -- 16/09/2000 - 19:30 (Antero Luis Branco Leivas) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
A bucetona de Ingrid já fervia(na) minha cara, de tantas horas tomando olhos, boca, nariz e sentidos. Minha face era uma gulosa e inchada extensão do sexo da moçoila. Não mais sabíamos, e nem queríamos saber, onde começava uma e terminava a outra.
Ingrid é uma boa menina. Mulatinha de olhos azuis, cruza de sueco com baiana, de boas coxas e boas nádegas. Uns peitinhos um tanto tímidos, mas, perfeitos auxiliares do conjunto todo. Baixinha e uma daquelas falsas magras... todavia, a mais eficiente secretária de 27 anos que se pode conseguir, nos dias de hoje. Juro !
Meu pau latejava naquela bocarra generosa, que não denotava sinais de cansaço. Diacho, o que queria esta menina de mim ? Eu sou apenas um homem...um homem gorducho, calvo e míope que acabava de perder o fôlego e entregar os pontos, por exaustão, bem no meio daquelas suadas e odoríferas coxas de campeã olímpica em trepadas no escritório. Porra, derrotado mais uma vez... Me aguarde, Ingrid, sua putinha, você não perde por esperar...
Sempre imaginei que pessoas que cometem grandes crimes, sofrem grandes penas. Isto é, sempre quer dizer antes de abraçar esta mal reconhecida profissão de detetive particular. Ainda mais aqui, na cidade que habito e labuto e entupo meus pulmões de fumaça barata e ouvidos, de conversa idem. Aqui em Lagos de Março, uma Gothan City Zen-Beat-tupiniquim, onde eu perdi minha púbere virgindade e minha carteira de motorista. Onde até os velhos são vis e os inocentes são culpados. E os culpados ? Bah, votamos neles na última eleição.
Meu nome é Raimundo Chantecler de Abreu. Mas na porta de vidro de meu escritório, saleta incrustada bem no epicentro desta cidade, mandei gravar ‘Raí Chanteau Investigador’. Sim, eu uso um pseudônimo, e daí ? Também toco modas de viola ‘divinamente’, mas o mercado para artistas ruins está lotado, até o verão de 2011. Ou seja : daqui mais uns bons dois ou três anos, quem sabe ?
Bem, eu me referia, inicialmente, ao homem que, pode se dizer, ‘moralizou’ o mercado da pornografia por estas bandas. Já explico : Adauto Câmara de Alguidares era, há alguns anos, apenas mais um milionário ocioso, vivendo do ‘nada’ hereditário. Exatamente como os dez por cento de nossa população. Até que houve um BOOM de bundas na praça. Já explico II : O mercado foto-fono-cinematográfico-cultural de Lagos foi tomado misteriosamente pelo fenômeno de uma avalanche de... mulheres de bunda grande. Deusas calipígias de pouca monta e muito lombo. Ou seja : Para cantar, tinha de ter bundão.; Para ser capa de revista : Bundão.; Atriz, bundão. Dançarina, então, nem se fala. Enfim, moda é foda. Puro trâmite mídialesco inútil. A princípio, tudo bem, nós homens, adorávamos, ainda que às escondidas, ver aquele monte de carne estampado em tudo que é mídia mesmo. O problema é que a coisa foi ficando cada vez mais séria. A bunda passou a ser fator determinante na vida das pessoas. Mulheres que não estavam dispostas a exercitar o sexo anal por exemplo, eram comumente espancadas pelos parceiros, ou a menina na escola que não tivesse as nádegas avantajadas era deixada de lado nas atividades sociais de sua turma. Grandes atrizes eram preteridas por bundas maravilhosas e canastronas. Cantoras de maviosa voz, deixadas de lado em troca de um rabinho mais protuberante e rebolativo. Até para a classe masculina, a coisa começou a ficar feia. Homens sem bunda, como eu, caíram em desgraça. Enquanto que, aos bundões: tudo. A coisa alçava níveis hecatômbicos, quando, repentinamente, entra em cena, o Dr. Alguidares, ou ‘Dautinho da vara curta’, como ficou popularmente conhecido. Adauto, se elegeu prefeito e logo após, governador, impondo-nos um violento lema, pela moral e bons costumes : “Se tem bundão, não é bão.” Dizia o mote. Assim que o excelentíssimo chefe de estado encetou seus trabalhos, toda a população percebeu que o Puritano falava sério. Dezenas de bundudas sofreram uma devassa em sua vida particular, descortinando uma puta(sic) rede de prostituição, drogas e até assassinatos. Resultado, condenadas à execração pública, muitas destas pessoas se suicidaram, caíram no ostracismo, sumiram mesmo. Quem era inocente, entrou de gaiato. Queríamos as bundas de fora sim, mas não à esse preço. Um belo dia, fechando mais um caso de corrupção de quinto escalão, recebi em minha sala, a esbaforida visita de ninguém mais, ninguém menos do que, Rita Corvette, a dançarina. A Bunda-Mor. Comandante-em-chefe dos rabões outrora idolatrados e agora tão perseguidos. Rita contava uns bons 43 aninhos, mas mantinha uma plástica de fazer corar até o Santo Papa. Era aquele tipo de mulher que, se chegasse montada num cavalo, a gente começaria a lamber desde o cavalo. A garotada comprava seus discos só pra se acabar na punheta. Tinha as coxas longas e duras como granito. Talvez de tanto correr da polícia...
Convidei-a a sentar-se, já invejando minha cadeira, quando ela começou a falar. Ou já estava falando ? Confesso que custei a chegar meus olhos e ouvidos para sua parte superior, aquela que contava com dois olhos muito grandes, uma boca e um nariz...
- Sr. Chantô, preciso de sua ajuda.
Nunca me aproveitei da fraqueza de ninguém, mas confesso que, naquele dia, fiquei severamente tentado a pedir uma ‘rapidinha’, uma boa esporrada naquele traseiro, como parte do pagamento. Tentei aparentar naturalidade :
-Em que posso lhe ser útil, Senhorita ?
Aquela cara tão descabelada e impetrante, parecendo mel e sorvete, me obsequiava com ares de ‘Porra, você não me conhece, seu merda ?’ Mas a Dama Bunduda também tinha lá suas sutilezas.
-Andei recebendo umas porras de...perdão, uns telefonemas apavorantes que não me deixam dormir.
-Defina ‘apavorantes’, Srta.
-Tipo assim : De início, eu não liguei muito. Pra dizer a verdade, até gostei. Era uma voz masculina quente, um tanto meladona, me dizendo umas obscenidades...
-Defina ‘obscenidades’, Srta. - Eu quase babava.
-Tipo assim : ‘Sua bucetuda, cusuda, vou te chupar todinha, vacona. Te fazer gozar até pela orelha. Vou meter no teu cuzão, te arreganhando os intestinos, vou...’Sr. Chantô ? Sr. Chantô ? Está me ouvindo ?
Sinceramente, até hoje eu não sei que expressão fez meu rosto, para que aquela vaco...digo, aquela ‘moça’ achasse que eu não a estava ouvindo. Contudo, tirando pela postura que, inconscientemente, meu corpo adotara : sentado na quina da mesa, pernas por cruzar, com uma desajeitada inclinação na direção onde ela se encontrava, eu me constranjo só de imaginar como devia estar minha cara. Procurei me ajeitar, endireitando-me todo e desdobrando as mangas da camisa. Era o melhor que podia fazer, pois o suor frio que começava a brotar em minha testa, era inevitável. Ainda assim, num mal versado sorriso amarelo, pedi prosseguimento ao relato.
-Está gravando ? - Indagou o monumento. Limitei-me a apontar meu DVD RECORDER SIMPSOM UV 419-1236 de ultimíssima geração, instalado no teto, bem acima da poltrona ‘abençoada’ por ela. Ré-ré-ré, costumo deixá-lo sempre de prontidão. Impressiona a clientela. E esta gata não fugia à regra. Percebi no dardejante sorriso rico em alvura que me golpeara os dois olhos. Antes da continuação, chamei Ingrid pelo internetfone na outra sala e solicitei dois cafés. Ao que fui surpreendido.
-Não tem algo mais forte, Sr. Chantô ? – Buscando ser discreto, pedi a substituição dos cafés por dois Martínis secos, enquanto a corrigia.
-Chame-me Raí, Srta. Corvette.
-Então me chame pelo nome, Raí.
-Esta bem, Rita.
-Meu nome não é Rita, Raí...
E antes que eu indagasse qual era, a Deusa Anal, antecipou-se
-Meu nome é Odete. Maria Odete.
Uau, que revelação! E o caso mal começara!
Momentos depois, minha bela secretária adentrou a sala em sua habitual malha justíssima, inteiriça, desta vez, de cor azul-marinho. Garota deliciosa...quase tão deslumbrante quanto Rita, ou melhor, Maria Odete. Comecei a me deixar levar por devaneios eróticos, de como seria vislumbrar, uma daquelas corças, chupando a encharcada xereca da outra. O contraste da cor das peles (Rita era bem branquinha...) e dos cabelos(Ingrid os tinha fartos...), os gemidos, as bocas babadas, as coxas trêmulas, os palavrões, as...
-Mais alguma coisa, seu Raimundo ? Despertei de meu instantâneo delírio, com essa puta indiscrição acidental (será ?) de Ingrid. Enquanto Corvette, já me questionava com o olhar, ensaiando um discreto princípio de gargalhada.
-Raimundo ? Seu nome é Raimundo ?
Me senti tentado a dizer que meu nome era Ed Mort ou Sam Spade ou coisa que o valha. Ingrid, sua puta...Nada contra o nome, mas...eu acho que este meu, é nome de cantor de ritmos Nordestinos e não de um detetive metropolitano.
Assim que eu assenti, (ante o debochado sorriso de minha mulata sueca) Rita, digo, Maria, ou melhor, Odete, quer dizer, ‘A Bunda’ começou a sorrir, condescendente.
-Devo prosseguir, Sr. ... Raí ? - Fiz que sim, num meneio de cabeça.
-Bem, eu dizia que os tais telefonemas obscenos, foram se tornando cada dia mais violentos e a voz do cara...e esta é a parte mais horrível, apesar de continuar a mesma, foi se tornando, com o passar dos dias mais lenta, pastosa, como dizer...gosmenta mesmo...de uma forma que me custa explicar. Assemelhava-se à um CD defeituoso ou à uma daquelas velhas fitas de áudio...
-Voz gosmenta ? – Ingrid queria uma participação na conversa. Porém, Rita, como se nada tivesse ouvido, prosseguiu.
-Comecei a ouvir pelo meu videofone, sons do que pareciam ser...
Neste ponto, minha cliente interrompeu sua sensual narrativa, para lacrimejar um tanto. Eu e Ing, quase tremíamos de curiosidade. Num só gole ela virou seu martíni e deu continuidade ao relato.
-...pareciam ser assassinatos, Sr. Raimun...digo, ‘seu’ Chantô. Orgias de sexo, que geralmente culminavam em...morte. Morte de seus participantes. Eu ouvia tiros, sons de facas nalguma carne, pauladas, gritos...gritos tão reais de agonia e dor...
-Por que simplesmente não desligava? – Ingrid intrometia-se novamente. Tive de intervir.
-Ing, por favor, vá para sua sala, depois conversamos.
Aos murmúrios de ‘Eu só queria ajudar...’ a menina saiu, enquanto eu acompanhava com o olhar, aquela discreta, porém vigorosa e trêmula bundinha retirar-se da sala. Adorei, quando notei os olhos de Rita Odete seguindo o trajeto dos meus.
-Continue, Ri...digo, Maria Odete.
-Chame-me Rita mesmo, gatinho... – fungou ela.
-Mas eu pensei que...ora, vamos, deixemos isso pra lá. Por favor, prossiga, sim ?
-Certo. Foi então que comecei a notar que essas orgias infernais envolviam amigas minhas.
- Especifique...
- Tipo assim : Ouvia vozes familiares em gozo ou agonia, durante longos minutos. O dono da voz aterrorizante as identificava e narrava em pormenores o que estava fazendo ou ia fazer.
- Pode ser mais detalhista, querida ? - Supliquei
- Bem, se o Sr... se você quiser ouvir, gravei o último vídeofonema, este sim, com imagem. Mas antes, gostaria de narrar-lhe certas nuances destes trotes...
- Vá em frente, boneca.
- No dia seguinte de duas dessas ligações, eu me dirigi à casa destas duas conhecidas...constatei, apavorada que elas não mais moravam lá...
- Duas de suas amigas simplesmente desapareceram ? Por que não foi à polícia ?
- Está brincando, Sr. Detetive ? Fui uma das principais acusadas pelo tal do Adauto na CPI DA BUNDA. Meu nome está relacionado com o tráfico de drogas internacional, o tal do CINTURÃO BRANCO. Além de estar ligada a inúmeros outros delitos. Sou notória usuária de maconha e álcool, além de já ter trabalhado, via INTERNET com algumas menores em discretos serviços sexuais. Na primeira noite que passei na cadeia, fui estuprada por três homens e uma mulher. Fui xingada, cuspida e espancada...Inda acha que a polícia me dará ouvidos ?
Ainda que eu estivesse tentado a implorar pormenores da estória do estupro, me controlei ao máximo e limitei-me a fazer caras de compreensivo vez por outra, aguardando sua narrativa findar.
- Quando constatei o sumiço de Diana e Deborah, ou melhor, Célia e Regina, essas minhas duas amigas, optei por mudar de endereço. Até que, numa certa noite em que passei em casa, julgo ter testemunhado algo de...macabro, mais que hediondo, talvez, demoníaco mesmo...
- Sou todo ouvidos Srta. Corvette...
- A voz, tornou-se, então, uma espécie de rugido, um rosnado inaudível e ele estava bolinando uma...criança !
- Como sabe que era uma bolinação e, mais ainda, como sabe que era uma criança ?
- Uma vozinha infantil gemia, enquanto ele dizia, ou simulava dizer, resfolegando : “Agora vou enfiar dois dedos na tua xoxotinha, enquanto que, no cuzinho meto o meu graaaande polegar...” E a voz, quase um miado, arquejava : “Ai, mais, mais...”
- Mulheres podem simular vozes infantis e tuas parceiras podem estar juntas nessa, pra te assustar, te sacanear...
- Foi encontrado semana passada, boiando no rio Jacareí, um corpo de mulher. Fui até o IML, reconhecer o cadáver...tenho quase certeza de que era Célia.
- Como “quase” ?
- O corpo não tinha rosto...
- Ora, então como é que...
- Acredite, sr. Raimundo, eu conhecia MUITO BEM o corpo de Célia...
- Pode ser mais clara, Maria Odete ?
- Posso sim : Eu fui pra cama com ela, mais de quinze vezes...
O silêncio que se fez no escritório, ao instante seguinte dessa afirmação, ficou tão denso que quase parecia uma terceira pessoa. Não fosse pelo peso de minha respiração, um tanto descompassada, a pausa permaneceria absoluta. Respirei fundo, engoli em seco, tentei encarar-lhe o osso do nariz e indaguei
- Você é lésbica, Srta. ?
- Não. – Ela afirmou languidamente.- Mas não expulsaria essa tua secretária da minha cama...
Aquela mulher sabia mesmo enlouquecer um homem. Pigarreei e prossegui a entrevista.
- Não ficou triste pela sua... “amiga” ?
- Nenhuma das duas podia se dizer minha amiga. Além do mais, estou muito ocupada, fugindo, Sr. Chantô. Não há muito lugar, na minha correria, para sentimentos.
- Do que está fugindo, Rita ?
- Veja a mensagem que encontrei em meu vídeofone pela última vez que estive em meu apartamento. As outras mensagens traziam apenas uma tela preta. Porém essa...e o meu identificador de chamadas parecia estar bloqueado sempre que essa gente ligava. Veja do que eu fujo...
Dramaticamente, ela me estendeu o pequeno cd tirado da bolsinha. Aplicava um semblante sério, inexpressivo. Impossível de ser decifrado. Mas continuava bela. Bela e gostosíssima.
Coloquei o disquinho em meu equipamento e aguardei. Logo, uma imagem, claramente amadora se fazia visualizar : Uma mulher velha, de seus 70 anos mais ou menos, está sentada no chão, nua, de pernas bem abertas. Um homem forte, mascarado, adentra a sala, igualmente nu e começa a alisar-lhe os seios pelancudos. A septuagenária parece excitada. Repentinamente, o homem exibe um bruta pênis gigantesco, deita a mulher e a penetra com força. Ela se debate, berra e revira os olhos. É uma cena quase erótica, observar seu gozo secular. Resolvo interromper aquela suruba geriátrica.
- É isso que a fez fugir, querida ?
- Aguarde, detetive, isso é só o começo. – Contrapôs, sem despregar-se do que rolava ‘in vídeo’
A próxima personagem a ocupar a cena é ainda pior : um anão negro e dentuço( vê se pode...) surge enrolado numa cobra de uns... dois metros. O pigmeu traja apenas um fio dental e está de pau duro. A velha queda-se esvaída, respirando pesado, como eu, só que, no chão. O homem forte muda de atitude e segura-lhe os braços, subjulgando-a . A anciã, balbucia alguma coisa, um tanto surpresa, mas está exausta, não consegue, senão um esboço de reação. O ‘gnomo’ parece igualmente forte e prende-lhe as pernas, enquanto o ofídio, parece preparado para algum espetáculo. O diminuto ser sorri, quase gozando. A câmera aproxima-se da cona descabelada e esporrada da velha. Aos poucos, o delgado réptil é empurrado bem para...dentro dela. Ao notar o que ocorre, a anosa reúne suas últimas forças e emite um urro, que para mim, jurava ser inesquecível. Tudo inútil, a serpente está pela metade e penetrando mais, à força, em seu sexo. Parece ainda que está mordendo pois, além de se debater, a idosa senhora solta horrorosos gritos acompanhados de violentos espasmos e contrações ocasionais. O horror! O horror! O bicho se balança todo, tentando sair, o nano não permite. Logo, a única opção é...entrar , provavelmente, abrindo caminho a dentadas.
As sacudidelas da mulher duram uns, agônicos, quatro minutos. Nós dois, eu e a beldade, parecemos a ponto de desfalecer. Oro para que a cena acabe logo. Seria horrível, mesmo que fosse falso. Mas o que torna a película pior é que...não é. Tá na cara que não é. Não é ? De repente, a velha começa e estribuchar, vomitando sangue, causado, naturalmente, por alguma hemorragia interna. O anão passa o sangue dela no rosto, no pinto e no peito do graúdo. A anciã encontra-se inerte. O pequeno arranca o fio dental e oferece as deformadas nádegas em submissão, no que é prontamente possuído pelo outro cara. Não sei se a cobra saiu ou o que fizeram com a velha, pois a câmera afastou-se e põe-se a dar ênfase às caratonhas de prazer (ou seria dor ? ) do baixinho monstruoso. Antes que eu possa fazer qualquer comentário horrorizado, para dizer o mínimo, a cena é cortada para uma externa onde uma mulher num terreno baldio, transa com um homem e um cavalo, chupando-lhes os bagos e os paus, ora, sendo penetrada pelo cara e tentando abocanhar a monstruosa verga eqüina.; ora, buscando inverter. Logo a seguir, a mesma mulher está com uma outra, fodendo com o tal homem e um cachorro, tipo São Bernardo. Depois, as duas mulheres, que não são nada feias.; uma, bem loira, lembrando, o auge da atriz francesa Brigitte Bardot, e outra, um misto de Raquel Welch e Rita Hayworth, quarentona e bem mais gostosa. (O homem parece o ‘Seu’ Madruga do seriado ‘Chaves”), eis que estas, sem quê nem pra quê, lançam mão de punhais e passam a esfaquear o pobre animal indefeso pois, está acorrentado e com uma focinheira. Os três anormais, terminam o ‘take’, transando de novo, banhados, tingidos no sangue do canino, que estertora no chão. O cavalo amarrado, que não havia saído de cena, é deixado sozinho com o homem. Tudo isso é exibido de modo instantâneo, em cortes visivelmente amadores. Meu Deus, nós já sabemos o que acontecerá a seguir. O cara nu, já apanhava uma marreta no chão, quando acelerei a cena. O que mais me deixa estupefato, é que tudo isso se passava numa rua. Local deserto, mas com algum carro, passando vez por outra. Pela luminosidade, eu diria que foi filmado pouco antes do amanhecer... Deus, quantos horrores...sangue, sangue e mais sangue...Até onde estes desvirtuados iriam ? Meu coração Bogartiano, sambava, arrasado pela dor. O terceiro trecho, viria a ser, de longe, o mais chocante, de tudo o que estes humildes olhos de agente paralelo da lei, já presenciaram nestes 37 anos de vida(seria possível ?) : As tais ‘Bardot’ e a ‘Raquel Hayworth’(Que minha cliente apontou como sendo a colega Regina, desaparecida.) estavam se acariciando sobre uma enorme cama de lençóis negros de cetim e cabeceira espelhada. Nítidamente, um quarto de motel. Por incrível que pareça, vestidas. Ambas de jeans e camisetas. Se tocam e se beijam, quase que, romanticamente. Estão conversando, porém não as ouço, o som de “Slave to Love” do Brian Ferry, domina, distorcido, toda o ambiente. Desta feita, estou ficando excitado. Ing me chama ao internetfone. Provavelmente, curiosa pela música tão alta...decido convidá-la para assistir a esse pedaço, quem sabe, role um clima entre ela e minha cliente, sei lá...
Minha mulatinha querida, invade a sala no exato instante em que as duas maravilhas do vídeo começam a se acariciar tempestuosamente, beirando a brutalidade, enquanto se livram das blusas. Gemidos e gritos histéricos se sobrepõe á música, que aumenta de volume, distorcendo-se de forma quase insuportável. Me parece que o... por assim dizer, ‘diretor’ não queria nenhum outro ruído, que não fosse o da melodia. Ing, está visivelmente constrangida mas, vidrada no embate. Rita, encontra-se irriquieta, parece com raiva das reações que seu cd está causando. Até que exclama, diminuindo o som, no meu controle remoto : - Vocês ainda não viram nada!
As duas ‘atrizes’ agora estão inteiramente nuas e se entrelaçam, selvagens, arranhando-se e se esfregando, até tirar sangue. Criando pequenas feridinhas vermelhas em seus braços, nádegas e coxas. Amam-se com vontade e sofreguidão, rolam, literalmente, na cama. Seus beijos estilam sangue, também dos lábios e, em dado momento, páram a esfregação para exibirem em close, as duas suculentas chotas arreganhadonas, encharcadas de tanta porra feminina...
- Que coisa... – Murmura, desajeitada, Ingrid.
As carícias retornam mais brutais, até que, num corte abrupto, a tela fica silenciosamente escura.
“Ué, já acabou ?” Indaga minha secretária. “Nem começou, gatinha...” Responde Corvette, misteriosamente. Só aí, que eu noto : não é uma lacuna, uma tela vazia, a que estamos assistindo, mas sim, um foco de luz apagada. Aos poucos, nossos ouvidos divisam vozes e pequenos gemidos. No acender das luzes é que sobrevem o choque : As mulheres estão deitadas nuas, falando palavrões e relando-se num casal, igualmente nu. Até aí nada demais, se esse casal não tivesse, no máximo, cinco anos de idade cada um...
E o que as garotas fazem com as crianças, não está no gibi : A mais morena abocanhou a menininha, bem no meio daquelas perninhas, um tanto assustadas e danou a chupar, chupar, fazendo barulhos escandalosos. Enquanto a outra, punha o garoto bem de cara com sua usada bucetona e esfregulhava-o com força. O menino choramingava, mas a garotinha, parecia estar gostando. Ambos, certamente, drogados. As mulheres também. Passaram-se uns incômodos três minutos, até Ingrid retirar-se meneando a cabeça e fazendo “tsc, tsc, tsc...” Eu queria desligar, Rita me implorou para ter mais um pouquinho de paciência. Estava difícil. Quase penoso. Nunca vira nada tão deprimente. Que tipo de ser se excitava com aquilo ? Sinceramente, gosto de sexo. Adoro trepar nos becos e pra mim não há cheiro melhor no planeta, do que o odor maravilhoso de uma xerecona molhada e aberta. Porém, esta shana tem de ter, quando mínimo, uns dezesseis anos. Se bem que a idade ideal para uma xota cheirar bem é entre trinta e cinco a quarenta e cinco anos. (Tal regra possui excessões, é lógico...). O ser humano que é capaz de excitar-se com a carne ingênua de uma criança, é mais bizarro e criminoso que um traficante de drogas ilícitas, por exemplo. Porra, tanta puta com suas suadas vaginas soltas por aí...
O espetáculo dantesco continuava, cada vez mais avançado : as duas anômalas notavam no menino, um prenúncio de instinto masculino, representado no seu peruzinho duro. Com a cara lambuzada e arranhada pela buceta adulta, o infante ia, inadvertidamente, e, quem sabe, contra a sua vontade perder sua, ainda necessária, virgindade. A aloirada escancarou as pernas da menininha, quase num ângulo absurdamente reto, oferencendo-a ao garotinho que, sem saber o que fazer, enfiou a cara lá, chupando-a também. A menina gritou, as putonas se riram, enquanto erguiam o menino até que este
se encaixasse na mesma altura e por sobre a menina. A morena pegou o inocente pintinho e encaixou à entrada da xotinha pelada. Daí, foi só empurrar. Primeiro, delicadamente, mas cada vez mais forte. Acho que doeu nos dois pois, começaram a chorar...Procurei me sentar longe da tal imagem mas, Rita segurou-me forte pelas mãos. Parecia mais destroçada que eu. Decidi ficar até o final e que, por Deus, chegasse logo. Se eu soubesse o que viria a seguir, pediria que durasse uma eternidade...
Logo, as monstras cansariam e inverteriam a posição da garotinha, conduzindo àquelas virginais boquinhas à um intenso 69. Os dois choravam e sangravam, bem no meio das pernas. Foi quando a falsa loira começou a chupá-los e mordiscá-los, logo, seguida pela colega. De quando em vez, as depravadas paravam para se beijarem ou se manipularem, aparentemente, gozando muito. Não havia música, apenas gemido de putas e o choro das pobres crianças. De súbito, a morena meteu os dentes nas nádegas da garotinha e puxou com força. Um apavorante grito infantil tomou todo o ambiente, o sangue começou a jorrar com fartura da bundinha virgínea. O menino, ao tentar fugir foi contido por um forte soco no tórax, desferido por uma das malditas, acabando por desmaiar sobre a cama, liberando a agressora para, também, se dispor a morder e a tirar pedaços do corpo da miúda. Entrementes, a loira espancava as costas do menino e uivava, parecendo possuída. Eu podia jurar que seus globos oculares, mudavam de cor. A morena, idem, fustigando os olhinhos da menina com os dedos. De que inferno essas duas miseráveis haviam saído ? No meio daquela sangria e dos gritos, me pareceu ouvir uma frase que me recusei a acreditar. Dei um STOP e repeti a amaldiçoada cena umas três vezes, para confirmar...Voltei-me para encarar Rita que chorava copiosamente.
- Pelo amor de Deus, Srta. Diga-me que não ouvi o que julgo ter ouvido...
- É exatamente isso o que ouviu, detetive...
Com lágrimas balouçando, voltei mais uma vez a fita e ouvi, engolindo em seco, quase vomitando de tanto horror, ódio, indignação e tudo o mais que, ás vezes, nos fazem arrepender de ter nascido humanos. Um pouco antes do filme ser finalizado, com a, óbvia, agônica morte dos dois anjinhos que precocemente perderam vida e virgindade no mesmo dia, as mulheres lançaram mão de duas cimitarras, ergueram sobre os petizes e desceram várias vezes... diante das fontes jorrantes de sangue, com a imagem em fade-out, ouviu-se, não sei se da infeliz boquinha dele ou dela, nem me importa, a única frase audível da aberrante película.(e Oxalá não fosse...)Apertando com força a mão gelada de Rita Corvette, eu escutei em definitivo, um suplício : “Não, mamãe, aaaai, nãããão...
Comecei, desavergonhadamente a chorar. Em minha sala, tão somente soluços aterrorizados...uma longa pausa mais que obrigatória. Eu tinha medo de falar, todavia...
- Uma dessas... ‘coisas’ era...mãe? mãe de um deles ? – Gaguejei.
- Uma dessas ‘coisas’ era mãe prestimosa de um garoto bonito de apenas quatro anos.” Obtemperou Rita. “Nunca desviou de sua conduta pacifista, ainda que , de quando em vez, vendesse o corpo para sobreviver. Não bebia, não fumava e era totalmente avessa ao uso de drogas. Recusando inúmeros clientes por causa disso. Uma dessas ‘coisas’ foi encontrada boiando sem rosto no rio Jacareí. Era minha colega Célia e aquele garotinho era Igor, o filhinho, mui amado(até onde eu saiba) dela.
Tal revelação me atirou com força na poltrona do canto, no fundo da sala, para desprender inúmeros suspiros difusos e sentir uma vontade imensa de morrer. “Merda, merda, merda !” Vociferei, coçando, com ódio, a cabeça. E nem ao menos reparei que o vídeo finalizava com os seguintes dizeres: “Vou pegar você, Rita vagabunda ! Não mais saia ou entre em casa. Dormindo ou mesmo acordada, vou estuprar e matar as que te cercam e a tuas descendentes. Vou acabar com tudo, piranhuda !” Ao fundo, divisava-se um vulto maior que o normal, pulsando na escuridão...Que podia, muito bem, ser um efeito especial, pô.
No dia seguinte, fui até o Palácio Aurora, sede do governo do estado. Peguei todos os dados a respeito de minha contratante, fui até ao site de alguns jornais e no da polícia, para conferir a veracidade de seu relato e solicitei um pequeno adiantamento de 300 dólares. Lhe prometi, veemente, encontrar e encarcerar aquela quadrilha de cineastas assassinos. Se bem que, eu achava que este era um trabalho mais para o Batman do que pra mim, mas enfim...
Tentei uma audiência com o governador Alguidares, mas a burocracia da máquina estatal e dois corpulentos seguranças, queriam impedir-me de exercer minha cidadania. “Só com hora marcada.” Rosnaram. “É um caso pessoal de vida ou morte.” Argumentei. “Digam a ele que, se não me receber, irei à imprensa. Eu represento interesses que vão de encontro ao seu programa de governo. Ressaltem que possuo a cópia de uma fita pornográfica que contém, entre as cenas mais suaves, requintes explícitos de pedofilia e mutilações...”
Adoro nossos governantes. Basta um argumento abalizado que eles se predispõe, de imediato, a acolhê-lo. Ainda que o seu nível de recepção, tenha sido de ‘tolerância menos zero’...
Tratei de, sem firulas, expor o caso todo, omitindo o nome de minha cliente e o que ouvi de sua parte, tanto podia ser uma grossa mentira, quanto a mais absoluta verdade. Seu rosto era um símbolo de honestidade e trabalho duro... Caramba, essa raça é treinada para convencer-nos mesmo...
“Meu querido” Principiou, como era de seu costume nos discursos. “O programa de repressão à vulgaridade que implantei desde o ano passado, tem me dado resultados tão positivos em todos esses anos...A prostituição caiu 25%, desde meu primeiro mandato...o consumo de drogas foi reduzido em sua metade. As rádios e as tvs abertas ou pagas nunca exibiram uma programação de tão alto nível. Nossa música está melhor e mais culta do que em todos esses tempos, desde a Bossa Nova. Tenho matérias comprobatórias do que lo afirmo em todos os jornais e revistas conceituados do país e até do exterior. Não sei se o sr. sabe, mas foi graças a esse projeto que nós fomos reeleitos. Portanto, mulheres como essas, já estão praticamente banidas de nossos veículos de comunicação. Pra que, precisaria, eu, O governador querido do povo, implantar esse terror
todo ? bobagens...meus intentos já estão sendo plenamente realizados. Isso pode vir a ser coisa do Pedro Balla, esse velhaco xiita da oposição. Por que não pergunta a ele ? É um arcaico pornógrafo, defensor da diluição, pelo sexo, de nossa cultura e do homossexualismo. Quando era jovem, inclusive, foi preso por atentado ao pudor : Transava com a esposa em pleno quintal de sua casa debaixo das janelas de vários prédios. O pastor da minha congregação disse que...”
“Sr. Governador !” Interrompi enérgico. “Eu anulo meu voto há mais de quinze eleições. Discursos como esse soam-me inócuos e sem sentido. Não te darei meu voto. Nem hoje, nem amanhã, nem nunca. Pode apostar que falarei com o sr. Pedro e com qualquer um, aonde minhas investigações
conduzirem. Portanto, ilustríssimo ‘Capitão da Moral’ Se eu achar que devo voltar, voltarei...”
“Você não me intimida, sr. Raí”
A expressão de seu rosto permanecia calma...impressionante. Eu estava conflitado entre dar-lhe meu voto ou uma boa porrada na cara. Resolvi, sem tolices, me retirar, antes que seus orangotangos, ME retirassem. Não sem antes lançar-lhe um olhar irônico e ameaçador. Não sou assim tão expressivo, de formas que eu não sei se ele entendeu. Liguei para minha cliente e comuniquei-lhe que ia para o interior do estado. Pedro Bala tinha um sítio, fora da cidade. Pelo telefone, seu simpático assessor, prontificou-se, junto com este legendário oposicionista, a me receber. Acho que, no fundo, eles teriam prazer em macular a vida de nosso governante. E eu teria todo prazer do mundo em ouvir...
Sinto doces lábios nos meus. Abro os olhos e me deparo com Ana Lúcia, minha namorada de infância. Está tão bela...Ela tem um casal de filhos lindos. Parece que volejamos felizes, num piquenique...Eu estou uma usando uma camiseta e um bermudão florido, ela trajando um suave vestidinho curto de seda. Enquanto sua doce saia gira, vejo a calcinha, enterrada naquela bunda cobiçada. Enfio a mão por baixo de suas vestes e puxo-lhe os deliciosos fundilhos de renda branca. Sempre gostei de fazer isso. Ela sorri e me abraça forte. As crianças estão com a babá, brincando ao longe. Meto-lhe a mão no meio das coxas e introduzo dois dedos na bocetinha inchada. Por que ela não para de sorrir, que nem débil mental, porra ?. Ganho dela, um sanduíche, que trato de comer ávidamente : pão com maionese, frango e aroma de xota. Manjar dos deuses... De repente, ela corre pra junto das crianças, eu a acompanho. Quando chego perto, estão todas
nuas, com facas nas mãos, tentando se agredir. A menina, não tem os olhos e se aproxima, tirando
meu pau pra fora da calça e iniciando uma felação, bem profissional. Ana Lúcia é fodida pelo filho e está berrando de dor ou gozo, não sei precisar. A babá sumiu. O moleque tem um pau descomunal, parecendo uma serpente e penetra Ana que começa a ficar com a cara de Rita Corvette. Estou quase gozando... porém, ao baixar a cabeça para dar atenção à minha adorável mamadora, constato, enjoado, ser, não a mini-puta, mas um anão mascarado com cara de cavalo... Num sobressalto, acordo em Vila do Sossego, a cidadezinha onde a condução que eu tomei faz ponto final. Deus meu, que pesadelo diabólico...a coisa toda mexeu mesmo comigo. Bermudão florido ? Eu, hein...
O sr. Pedro mora perto da rodoviária. Já anoiteceu e estou morrendo de fome. Começa a chover fininho e o frio toma de assalto até meus ossos. Gostaria de compor um blues, mas não toco porra nenhuma. Dirijo-me a pé, até a casa onde sou esperado, e dou uns espirros aqui e ali. Merda de chuva. Merda de frio. Paro numa vendinha no meio do caminho e degluto um pão com uma mortadela fedida, superior a mil banquetes e dois reconfortantes cálices de conhaque barato, melhor que todos os edredons do mundo. Tô economizando pra comprar um carro zero nos próximos dois anos. Queria, tanto, foder. Saudade da Ing. Tô carente pra caralho...
O sítio Balla ficava a uns bons dois quilômetros da estação dos ônibus interestaduais, com o acréscimo da chuva e do frio, a distância quadruplicava. Ao passar da porteira, me esquivando de um São Bernardo preso na corrente, fui atendido por uma cinqüentona robusta, de longas madeixas vermelhas. Trajava umas calças de moletom apertadas, parecendo que haviam sido compradas para alguém, de compleição física, mais magra. Tinha boas coxas, firmes. Um corpo que eu diria malhado e um rosto ajeitado para a idade. Os seios, bem duros, possivelmente silicone, mas e daí ? Era Elisa, a esposa de Pedro. Uma coroa ainda tesuda...Fiquei imaginando aquele corpão transando no quintal, pra vizinhança toda ver. Esqueci da coroa, quando divisei na nossa frente a secretária do casal : Morena clara, rabão grande e olhos verdes. Não chegava aos 25...cacete, será que eles comiam ela ? ‘Se eles não comerem, eu vou comer’. Julguei. Faço qualquer negócio, inclusive quebrar o protocolo, indagando-lhe o nome. “Cíntia, sr. Chantô”. Ela sorri “Meu marido é que conversou com o sr. por telefone...” Hmmm, dois casais isolados nesse sítio. Imagine as possíveis variações ? Ora, deixa pra lá, devo estar imaginando coisas. Putz, preciso foder...
Pedro e seu assessor me receberam polidamente. Não sei não, mas os dois pareciam meio íntimos além da conta. Pedro era careca e gorducho, Marcos, seu braço direito e pelos ares de intimidade, seu braço esquerdo e as duas pernas também, era loiro, atlético e usava brinquinho. Sei, sei.
O que o ferrenho opositor, ‘Cavaleiro da Liberdade’ me revelou foi na verdade muito pouco. Eu falei muito mais o que sabia, em verdade, do que ele. Sim, o casal barbarizou nos anos 80, mas quem não ? Fumaram maconha e viviam a plenitude do sexo e do amor. Melhor do que Adauto, que enrustia seus desejos, numa falsa cruzada contra o prazer. Amigos íntimos juravam que ele era um promíscuo velado, isso sim. A religião não o redimiria... Afinal, o sexo suplantava a política na cabeça dos homens. Faltava agora, dominar a alma. Pelo adiantado da hora, eles ofereceram sua hospitalidade, para que eu pernoitasse por lá. De imediato, aceitei. Homens escondem fatos, mulheres falam. Algo me dizia que eu tinha como obter informações por ali. Ou algo mais, quem sabe ?
Após os papos ocos de praxe na falsidade social vigente, fui conduzido até um amplo quarto no andar superior da casa. Cíntia trouxe, solícita, a roupa de cama. Não sei por que fiz isso, ‘à posteriori’ culpei o vinho que me foi servido. Só sei que peguei-a pelo pulso e, num arrebatamento louco, tasquei-lhe um beijo na boca. Eu sou assim, um muito de romântico e inesperado incurável. Ela me repeliu e, muito séria afastou-se. Fui atrás, sussurrando tolas desculpas nervosas, julgando ter posto tudo a perder. “Tudo bem, mas não faça mais isso, sr. Raí.” Ela voltava a sorrir, graças a Deus. Deliberei-me a ir adiante.
“O sr. Pedro, ainda é adepto do amor livre ?” Seu riso, abriu-se ainda mais... “É isso que sua fantasia está sinalizando, sr. Chantô ? Nós somos dois casais que trocamos de par, de quando em vez e que, somos chegadões numa surubazinha... e o sr. se enredou numa quente trama de sexo e mistério. É isso que seu instinto detetivesco acusa, Mister ?” Ela era pura ironia e argúcia. Insisti no assunto : “Puxa, que bela detetive, você daria, hein, Cíntia ? É uma pena, mas esbarraste na verdade, sem encontrá-la. Fiquei um tanto interessado em ti e por causa do vinho, tomei coragem para beijá-la. E foi só.”
“A resposta é SIM, querido detetive...”
“ Além do quê, eu...como ???” Meu pau começou a pensar por mim de novo, antes que eu mentisse ainda mais. A felina perseverou.
“Espere em seu quarto até as duas da manhã. Levarei umas surpresinhas para você.”
Adoro essa profissão. Dinheiro, mulheres e ...ora, quem precisa mais ? dinheiro e mulheres, a mais perfeita combinação. O que será que essa gostosa ia levar pra mim ? Á beira de uma ejaculação precoce, tentei me acalmar. Me despedi de todos e fui para os meus luxuosos aposentos : Dvd, frigo-bar, dois micros, um pequeno guarda-roupa e uma cama onde cabiam umas cinco pessoas. Sem exagero. COM exagero, seis. Descerrei umas duas latinhas de “Frozenbeer”, abri um queijo de uma cor indefinida e um cheiro idem e aguardei. Ainda assim, nunca, algumas horas custaram tanto a passar. Me dispus a assistir um dos centenas de discos expostos, em uma estante em mogno, bem na minha frente. SIMÃO DO DESERTO era o nome do filme. Quanto à trama, cadê que eu conseguia prestar atenção ? DEZ...tic-tac, tic-tac, tic-tac...ONZE...tic-tac...tic-tac...tic-tac...tic... Pus outro filme, pra rodar : O MAGNÍFICO, igualmente DESassistido por mim. MEIA-NOITE...tic...tac Droga, essa porra desse ponteiro não gira ? ( O relógio era dos antigos) Tic...tac...ttiicc...ttaacc...UMA HORA... Agora só falta uma hora ! Chega de filmes despercebidos! tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac, tic-tac...tic...tac...e mais um milhão de tiques e taques...Não tirei os olhos das horas, até as duas da manhã...duas da manhã. DUAS HORAS DA MANHÃ... ninguém veio, bodega... DUAS E UM, DUAS E DOIS, DUAS E TRÊS...Vou acabar pegando no sono. Eu me conheço, bebi demais, acabarei dormindo. Cíntia não terá o meu... meu...Meu, que porra de sono (bocejo)! Que...so...n...
UMA BUCETA. Uma gigantesca buceta, me aguarda no fim de um túnel. Ou é o próprio túnel ? Está melada e pulsando, emitindo uns silvos estranhos, como respiração de asmático. Como se bucetas respirassem. Uma ventania quente sai daquela vagina gigante tentando me expulsar, mas, faço força e avanço. Quero o mel quente e o vento de todas as xerecas do mundo. Quero um grelo gigante para me dependurar, quero um mar de sangue menstrual para me afogar. Anseio por esses pentelhinhos deliciosos entrando em meu nariz e nos meus dentes. Um breve mergulho e TCHIBUM! Estou na xota gigante, submerso, inebriado, um homem inteiro morando no Grande Útero. A mãe de todos os homens e de todas as mães. (Divindade ?) A buceta redentora, a causa de todas as disputas, o planeta-buceta ou o ‘Placeta’. Sou o feliz habitante eterno da Xota Deusa no fim da expectativa masculina de vida. O enigma da criação, finalmente desvelado. SEXO, SEXO, SEXO E...
Acordei com o ranger da porta, olhei o relógio : Duas e quarenta. Porra, Cíntia que falta de pontualidade e...Não articulei mais nada. Seis braços fortes me agarraram e extirparam da cama. Fui arrastado e “sei-lá-o-quê-mais-tado” pela escuridão adentro. Descemos pela casa uns dois minutos. No mais absoluto silêncio e eu me esforçando para assimilar o que se desenrolava. Me atiraram com força em outro quarto e me amarraram de joelhos. E sem dizer palavra, três gigantes me deixaram só. Num quarto frio, de chão frio, janela quebrada e barulho de chuva. Quando despertei totalmente, comecei a berrar por Cíntia, Elisa, Pedro e Marcos. Não obtendo resultados, apelei para os palavrões, tentando me desvencilhar das amarras. Em vão, os putos eram eficientes no quesito aprisionar. Meus braços doíam, minha coluna doía e começou a bater uma bruta vontade de mijar. Na ‘milésima’ baixaria que proferi, em altos brados, um dos caras que me amarrou, escancarou a porta, muito nervoso e me aplicou um potente chute na boca do estômago... Creio ter vomitado até a minha primeira papinha. Minha cabeça e minha barriga substituiram a coluna e os braços em escala gradual de dor. Achei que estava atado na parede, pois, por mais que me curvasse, minha cabeça flutuava, não tocava no chão. Não enxergava nada. Vários pontos de luz pipocavam-me a, limitada, vista, depois do chute. Um gosto de sangue subiu à boca e eu me mijei todo. E foi assim que, pela primeira vez em minha vida, desmaiei. Tudo é experiência, né gente ? Eu posso imaginar. Eu lá, só de cuecas, gorducho e cabeludo, de joelhos e com toda a coluna cervical curvada, sem encostar no chão. A boca começando a verter sangue num quartinho vazio, empoeirado e cheirando a mijo e vômito. Que imagem bucólica! O sangue e a grossa camada de poeira, formando bolinhas que se iam, ligeiras, na ventania de meu respirar. Poesia pura ! E eu nem espirrei. Acho que minha alergia à poeira havia sido curada. Diacho, queria tanto ter a Rita sentando na minha cara...
Acordei, sem devaneios eróticos intermediários, desta vez. Marcos, estava sentado num banquinho, ladeado por três homens armados. Provavelmente, eram os que me trouxeram para cá, ainda que eu não tenha reconhecido nenhum. Pra dizer a verdade, os três se assemelhavam ao mascarado do filme da velha...
“Meu caríssimo Raimundo, fazendo perguntas demais...” Marcos falava empunhando minha carteira, lendo papéis e documentos. “Cíntia nos contou que você a beijou...que ternura. Que amor. Que antiquado. Um detetive romântico em pleno ano de 2008...Onde está seu sobretudo amarelo ? E o chapéu ? E sua arma ?” Aí, me lembrei de que deixara meu 38 no escritório, desde o dia anterior. Ia ressaltar, também que possuo um sobretudo sim, mas é preto, de couro e forrado com um macio veludo cinza. Uma tia me enviara, direto de um brechó nova-iorquino. Chapéu, eu tinha dois : um bege e outro marrom. Pertences de meu saudoso pai. Guardava tais vestimentas, já um tanto ensebadas, para ocasiões especiais e dias de frio intenso. No mais eu era simplesmente, jeans, tênis e jaquetas de brim Mas pra quê ia lhe dar tais satisfações ? Optei por indagar o que eles podiam querer de mim.
“O mini-disc e o nome de sua cliente, sr. detetive. Dê-nos isso e o deixaremos sair.”
Ah, então era essa porra...ainda com fome e dores, resolvi ser durão.
“Supondo que eu lhe dê o tal disco, que não está comigo, tenha em mente que é apenas uma cópia. O original nem eu sei onde encontrar. Quanto a lhe dar o nome de minha cliente, devo dizer-lhe quão anti-ético é este pedido. O nome de uma cliente de um ‘private-eye’ é tão sagrado quanto a confissão para um padre.”
“O sr. ficaria espantado em saber quantos padres aceitam propinas por motivos vários...E quantos membros do clero, trabalham, na surdina, para nós. Por vezes até, entregando uns e outros...”
Os babacas dos capangas sorriram. Eu tentava a irredutibilidade.
“Sou um homem à antiga, sr. Marcos. Não tenho preço, não me vendo e não temo a dor. È melhor que me mate logo. Mas, necessito afiançá-lo : Tem gente que sabe que eu vim pra cá.”
“Sr. Chantecler, seja razoável.” Contrapôs, massageando entre os olhos. “Estamos todos cansados por sua causa. O dia não tarda amanhecer e queremos ir dormir. Acredite : Temos meios de sobra, para obter o que queremos, bem antes que alguém apareça, procurando-o...”
Engoli em seco e assinei minha sentença : “Obtenham, então seus merdas !” E fechei os olhos, esperando o pior. Qual não foi a minha surpresa ao notar que um dos seguranças saiu da sala enquanto os que ficaram se dobravam de tanto rir. “ Calma, Beth, calma...” me disse um deles. “Foda-se!” Gritei, sem dar o braço a torcer. Só fiz aumentar-lhes as gargalhadas.
“O sr. tem filhos, seu Raimundo ?” Inquiriu Marcos, sem parar de rir.
“Não é da tua conta, boiolão !”
Epa, me pareceu que havia mexido mesmo com os brios dele. Ao mínimo sinal, um de seus capachões parou de rir e me puxando a cabeça pra trás, pelos cabelos, desferiu-me o mais violento soco na cara que eu já levara até então. Sangrando pela boca e pelo nariz, tossindo muito, quase desfaleci de novo. Via meu sangue formar pocinhas imundas à minha frente. Pelo menos serviu para acalmar os nervos do viado.
“Vou perguntar de novo, o sr. tem filhos, detetive ?” Custei a responder. Engoli, apressado, um pouco de sangue, temendo que ele me batesse, ou comandasse para tanto, de novo e disse : “Sim, tenho dois, espalhados por aí, mas só me lembro disso em esparsas datas anuais, como Páscoa ou Natal. Eles, nem isso...Por que a pergunta ?”
“Já vai entender. São meninos ou meninas ?”
“Acho que meninas, mas desista cara, nem eu sei quem são ou onde possam estar...” Sem perder a careta de gente boa, o desgraçado prosseguiu.
“Qual a idade da mais velha ?” Foi nesse ponto que eu perdi a serenidade de vez e desandei a gritar,
“ O que isso te interessa ? Porra, não vou responder mais nada, seu degenerado do caralho!” Fui salvo pelo gongo. Por um gongo chamado Cíntia e Elisa, chegando acompanhadas do segurança que se ausentara brevemente, as duas impediram, indiretamente, o outro massa bruta de se aproximar e me ‘quebrar’ de novo. O terceiro símio que não se pronunciara até aqui, acocorou-se junto a mim e com uma teia negra de malha grossa, me vendou, bem apertado. Cíntia era a única que fitava em torno, penalizada. Os outros riam ou sorriam, Elisa aparentava o mais gelado tédio. E eu era o próprio...medo. O mundo desaparecera, tudo era só sons. Marcos, começou a falar, havia mudado de tom. Trocado o jeito debochado pelo didático, quase documental. “Falemos, pois então de dúvidas e jogos, Sras. E Srs. Temos aqui, um homem, dito, íntegro que tenta beijar mulheres alheias, será que isso é integridade ? E mais : vive fuçando a vida sexual e pessoal de qualquer ser humano, bastando que, para isso, receba uns trocados. Não denominar-se-ia, tal gesto de canalhice ou prostituição ? Vamos testar isso agora...temos nesta sala, duas mulheres e quatro homens. Peço a minha querida Elisa, que fique inteiramente nua. Fique nua, sim, Elisa ?” Era pura maldade, eu ouvia o descer do fechecler, o roçar da calça sendo, tirada, os calçados pousando, sem conteúdo, no chão.; sentia o calor, tão próximo, aumentando, mas não podia ver nada, pusta sacanagem...Se eu ia morrer, que morresse vendo, caramba. Num minuto, acho que ela estava nua. Pois um silêncio densamente sexual tomou conta da sala e ela murmurou com a voz trêmula. “Estou com frio, Marquinhos, seja breve, sim ?”
“Já-já, mon chérie, já-já. Ramiro, esquente sua patroa.” O Mestre de cerimônias prosseguia. Qual era afinal sua intenção ? Me dar tesão ? Ouvi, bem juntinho de mim, corpos se deitando ao chão, deixando que o pó do quarto, minha urina, meu sangue e meu vômito, lhes sujasse. Tudo em prol da libertinagem primal. Podia imaginar aquela distinta e corpulenta senhora, de pernas bem abertas, o queixo batendo de frio e da ânsia de ser possuída, certamente de novo, pelo, provável, bem dotado serviçal. Escutei o que parecia ser uma rolha forçando a entrada num gargalo de menor porte e os gemidos de um homem e de uma mulher. O barulho foi ficando ruminante, gorgolejante, quase um aquário, em burbulhas. É impressionante, como, ao privarmo-nos de um dos sentidos, compensamos com outro. Por isso, os cegos ouvem tão bem... O som de um pau entrando e saindo de uma buceta é inconfundível. Comecei a sentir um calor de bunda no meu lado esquerdo e, apesar do mau cheiro que impregnava o aposento, pude distingüir, o característico odor de foda em andamento. Nossa, eles estavam bem pertinho de mim...O ‘apresentador’ continuou narrando visivelmente, digo, invisivelmente, excitado. “Agora o hercúleo físico de Ramiro, entra com tudo na gulosa xereca de Elisa, sua adorável patroa. Nesse vai-e-vém alucinado, ele cobre de beijos os seios salutares, e apontados, indo babar em sua boca. Enquanto ela, as pernas escancaradas, alisa-lhe a bunda brilhante. Sem se dar conta, Cíntia e Romualdo começam a se masturbar. Masturbem-se! Vamos, já !” “Mutuamente?” Indagou uma voz de homem. “Não, Romualdo, porra!” Gritou Marcos. “Individualmente, pelo menos no momento...” Ai, caralho, o cara estava comandando uma bacanal, como quem narra um desfile de cavalinhos num circo mambembe. Uma putaria dessas para um ‘cego’ ver, é mole ? Ele prosseguia : “ Cíntia, chegue a xoxota bem perto do rosto do sr. Raimundo, mas não a deixe tocar...isso.” Apurei o faro e pude sentir o grave cheiro de chota tão pertinho e tão longínquo ao mesmo tempo... E o que eu não queria, aconteceu : Quando ouvi o ruído dum dedilhar ansioso, numa buça molhada, comecei a ficar de pau duro...Que porra ! nessas horas, eu sou todo pau ‘mermo’...
Gemidos dissonantes assinalavam a sala toda. Minha narinas se entupiam do bafo mais melequento, gosmento e amanhecido de ato ‘trepatório’, mesclando-se a outros odores nada agradáveis. Aquela corja não tinha nojo da imundície ? Eu me mexia pros lados, tentando contentar o caralho de alguma maneira. Marcos, não chegou a narrar por inteiro sua próxima prosopopéia. A excitação vocal era clara. “Enquanto todos começam a cutucar suas genitálias, eu...eu...” E se abandonou, num lânguido suspiro, estirado no chão. “Romero...vem até aqui, meu fofo...” Putz, todos fodendo e eu amarradão, lá, tarado, me balançando todo. Comecei a implorar, sem pudor para que Cíntia, pusesse aquela doce buceta em minha boca. Ela olhava, em busca de permissão, para a bicha louca que, com certeza tomava no rabo e ele balbuciava : “Não, não e...não.” Filho da puta. O pior viado é o ‘viado filho da puta’. Continuei implorando, em voz baixa, para que Cíntia gozasse em minha boca. O que, pelo pranteado dela, não demoraria a acontecer. Eu estava em profunda agonia. Meus ouvidos eram alimentados pelos murmúrios de Elisa, girando no pau de Ramiro e de Cíntia, cavalgando os próprios dedos. Essa última, tinha sua cheirosa xereca tão próxima a mim, que eu comecei a prever ciúmes, se aquele tal de Romualdo ousasse tocar nela. Pedi, gaguejante, mais uma vez : “Por favor, gata, eu preciso da tua...buceta... na minha...” Para minha surpresa, recebi na boca e nas narinas aqueles perfumados grandes lábios abertos, melados e pentelhudos. Um grelo confortável, vitamínico, coseu-se à minha língua, já tão seca e suplicante. Bebi da fonte daquela serva desobediente com o máximo silêncio para não dedurá-la ao chefe gay que, pelo aumento do volume de seus gemidos e frases sem nexo, não importuná-la-ia tão cedo. Eu não respirava, mas estava semi-feliz. Queria agradecê-la. Àquela mão que me alisava os cabelos e às pernas que se arqueavam e descaíam, quase a sentar na minha cara. Mas preferi matar minha fome e sede, chupando aquela xotona, ávidamente. Todos foram alteando suas vozes, em uníssono. Achei que íamos gozar juntos, mas não é que a Cíntia, saiu de mim, assim, de súbito e uns trinta segundos depois, alguém levava meu pau à boca ? No estado em que me encontrava, não precisou muito para que eu esporrasse abundantemente na garganta oculta. Se eu estivesse em posição, certamente, cairia. Aos poucos, os ouvia gozar : Primeiro, a mulher de Pedro e seu par, depois, Marcos e o tal Romero e por fim, ‘minha’ Cíntia e o mongol, Romualdo. Estes, eu esperava que fossem gozos ‘solo’. Fui o primeiro a atingir o orgasmo, creio que, se não o mais intenso, o mais insólito orgasmo de minha vida. Logo após, notei que estava morrendo de dor na coluna, no rosto e no estômago. Comecei a me desesperar, implorando para que me soltassem. Alguma alma benfazeja, veio e me desamarrou. Como primeira reação, ensaiei levantar-me mas, desabei de tanto sofrimento e exaustão. Tirei então minha venda e tive os olhos rachados pela claridade do amanhecer, antes de conferir, quem comera quem.O que, defronte a mim, descortinou-se, causou menos surpresa do que raiva : Marcos estava nu sobre Elisa. Dois dos gorilas estavam entrelaçados e Cíntia, a adocicada Cíntia ‘jazia’ sorridente nos braços do cara que me vendou. Seus corpos, aderiam às porcarias do piso. Porra, errei feio...
”Viu, sr. Chantecler ? ” Zombou Marcos. “Nada é o que parece ser. Pelo menos, nem sempre. Nunca se baseie em palpites, instintos ou primeiras impressões...ah-ah-ah...essas não valem nunca. Não creia em tudo que vê ou ouve...E o mais importante...”
Me apercebi que ele apontava para o chão, para meu baixo ventre, o meio de minhas pernas...eu sentara e apagara de minha mente que entre elas ainda havia alguém, inocentemente estirado. Gostaria de ter me mantido sem saber...
“Não se ache o melhor entre os homens”. Prosseguiu com escárnio. “Nem o menos pervertido deles, pois...”
A pessoa que se achava entre minha pernas, limpando a boca cheia de porra, não chegava a ter dez anos...E sorria, marota, pensando entender aquele jogo satânico. Tão jovial que seu sexo se indefinia.
“...Lembre-se detetive...” O demônio voltava a falar. “...e se esta menina fosse a sua...filha ?”
Já tinha ouvido falar de privação de sentidos, mas nunca me cegado realmente de ódio por ninguém. Num salto e com os dentes cerrados, me ergui e parti pra cima daquele bando de loucos. “Vou matá-los, seus anormais !” Voei, direto ao gasganete de Marcos, mas três seguranças peladões me detiveram.
“Anormais ?” Ele engasgou. “Anormais ? Arre, Raimundinho, voce recebeu sexo oral de uma criança e gozou exageradamente e nós somos os anormais ? Não seja idiota, ‘mermão’ !”
E dizendo isto, me deu um forte tapa no rosto. Tentei reagir, mas seus capangas eram armários de braços muito mais tenazes que eu. Ele ainda acrescentou, com o dedo em minha cara. “ E não me chame de boiola, mané !” Cíntia, que se retirava junto com Elisa e a criança, todas de roupas na mão, virou-se e disse, meio consternada . “ Algumas coisas são o que parecem ser, sim. Era eu quem você chupou, se isto lhe servir de consolo”.
Tornei a ficar sozinho com aqueles caras e achei que minhas chances de sobrevivência fossem ínfimas. “Me fodi” a frase que me veio à mente. Era bem melhor ter morrido... Com ares de Marquês de Sade, Marcos dirigiu-se à Romualdo, o mais bem dotado dos primatas e indagou : “ Você ainda está com tesão, meu caro ?”
Achei, sinceramente que ele fosse responder : ‘Uga-Buga. Mim tá tesão.’ Mas o miserável, virou-se para o patrão e comentou, noutro dialeto : “Marrelógico, cumpádi !”
“Então bote no cu do Raimundo...” Ordenou Marcos.
E foi assim... enquanto dois me seguravam, o outro veio e...CRÁU ! É isso mesmo. Eu não me fodi, Me foderam. Porra, dar o cú, dói pá caralho. E o drástico do fato : oculto num canto da sala, todo esse tempo, Pedro filmava, extasiado. Chorei, padecendo e fui deixado, estirado no quarto. Em lágrimas que mesclavam, dor, ódio, medo, vergonha, tristeza...Ser detetive, é foda, mesmo. Literalmente.
Tive a impressão de despertar na hora do lanche, pois parecia haver uma bruta reunião na mesa da sala. Minha bunda doía e eu estava morrendo de vergonha da humanidade. De repente, Cíntia entra no quarto com um bandejão, contendo pão, queijo, presunto e refrigerante. Uma santa salvadora. Aos seus pés, me ajoelhei e carpi outra vez. Buscando a mais angelical redenção. Chorei feito uma criança que constata a inexistência de Papai Noel, ou melhor, que fica sabendo que ele foi torturado. Torturado, comido e morto.
“Calma, Raí, calma...eu tentei te avisar.” Sua fala era mansa como gatinhos angorás.
“Sexo por aqui não é um 69 caseiro ou aquele ‘papai e mamãe’ gostosinho num fim de tarde, não. O sexo nestas plagas é levado às últimas consequências, ao limite máximo da dor e do tesão...”
Nisso, me lembrei de que era um detetive particular e estava ali a serviço. Porra, eu já tinha material para a investigação. Devorei, ávido, o lanche oferecido. Até meus cabelos latejavam doloridos... tentei entabular uma conversa, da forma mais natural possível. “Eles fazem filmes aqui ?”
“Claro, o sr. Pedro é acionista da SATURN ENTERTAINMENT.” Respondeu desvelada. “É uma produtora brasileira, afiliada de Hollywood. Por intermédio dela se realizam muitos filmes legais, tipo HECATOMBE NUCLEAR.; DURO DE DESTRUIR.; MARY É UMA MAFIOSA e até o último desse ator famoso aí, o tal de Leonardo Júnior...O sr. Balla me prometeu uma participação, numa próxima produção da SATURN.”
Pela porra da qualidade dos filmes que produziam, era melhor ficar no pornô mesmo. Comédiazinhas baratas, com diálogos rápidos e pretensiosos.; pitadas de sexo ridículo e filmes de ação inócua, com atores que não serviriam nem para interpretar a Dona Baratinha, destruíram a mente de nossos adolescentes neste início de século e no fim do outro. Esses caras queriam o poder absoluto, cacete...A volta da alienação, da pasmaceira ou o quê ? Continuei a discreta sabatina.
“E filmes de sexo ?”
“Mas é óbvio !” A resposta veio instantânea. “Sexo é o mote da MERCÚRIO PRODUÇÕES ARTÍSTICAS, uma subsidiária pirata e mais pobre da SATURN. Pedro e Elisa, administram as duas. Que eu saiba, eles tem um sócio que cuida das produções nacionais. Usa-se tecnologia de ponta. Eu mesma fiz uns dois filmes na MÉRCÚRIO, cujos títulos eram...eram...”
“ Filmes caseiros, também ?” Eu tentava extrair o máximo...
“Como assim ‘também’ ? Só filmes caseiros. A empresa maior fatura os tubos e dedica vinte por cento do faturamento à menor, produtora de filmes pseudo-caseiros mas com tecnologia de primeiro mundo. De formas que, quem assiste a estas produções no exterior, julga estar vendo um filme de imagens reais, porque ele foi feito para parecer real e amador, compreende?” Estrangeiros gostam disso. O mercado internacional está apinhado de produções da MERCÚRIO, mais, até, em quantidade, do que os filmes da sua ‘co-irmã’ mais rica. O faturamento com esse tipo de produção, foi, só no ano passado, de...”
“ Está me dizendo que são filmes de sexo, sem sexo ?”
“Claro que não, Raí, puxa, onde está sua perspicácia, hein?” Por exemplo, o que fizemos com você hoje aqui, suscitou todo um enredo, motivou-nos como atores, interessará a diretores. Claro que fizemos sexo. Mas depois que as tuas imagens forem para a ilha de edição, sofrerão vários cortes e acréscimos, temos uma equipe de 190 escritores, para bolar o roteiro e os diálogos e mais de 600 técnicos para forjar os cenários, imagens digitais, personagens virtuais...Porém, quase sempre, o sexo feito nas telas é real...A informatização do cinema chegou à seu ápice. Hoje, podemos fazer uma produção como essa em trinta ou quarenta dias...trocando rostos, causando terremotos ‘reais’, desastres, etc. O que torna nossas películas mais originais que as outras é que, ás vezes, usamos gente que nem sabe que vai se tornar ‘estrela’. Outras, usamos em nosso cast, socialites, militares, artistas e, nosso ‘prato’ predileto : autoridades. Aí, vendemos esse produto a um público específico, fechado. Aqui e no exterior. O resultado ? Milhões de dólares faturados sem precisar pagar atores, sem declarar imposto de renda, sem...”
Já que a moçoila estava falante, decidi abusar. “Quem compra este tipo de filme, Cíntia ?”
“Curiosamente, são socialites, militares, artistas, autoridades... Ano passado, Sasha, a apresentadora de TV, pagou 9 milhões de dólares, só para não ver veiculado o filme que fizemos com ela : AS TARAS DE MINHA MAMÃE. Onde apresentávamos, entre outras pérolas, cenas de um menáge entre ela, a mãe e o avô. Tudo realíssimo ! Os efeitos só mudaram as locações.”
De repente, um insight, uma luz, a força de uma idéia brotando em mim...
“Estes...efeitos a que você se refere, são capazes de imitar a morte ?”
“Mas é claro, ‘minino’. Isso é o que a gente mais faz. Só a série MUNDO CACHORRO está em seu vigésimo segundo volume...tratamos de morte de animais ou de gente, tortura, execução e mutilação. Mentirinhas com a mais absoluta verossimilhança e perfeição. Os que compram, acreditam no que assistem e voltam a comprar no mês seguinte. O binômio sexo e violência, é o que há. Afinal quem de nós não gosta de uma torturazinha. Ahn ?”
“E drogas ? Vocês usam ? óbvio que sim, estou certo ?” Nesse ponto, foi que estraguei a conversa.
“Bem, amiguinho, aí é uma pergunta pro Marcos, ‘Pour Elise’ ou ao Pedro. Já está querendo saber demais. Não te esqueças que o teu saber e falar excessivo te conduziu até a privação atual, portanto aplaca essa tua sanha detetivesca e se cale. Só assim, sairás dessa, incólume, isto é, agora não mais, né ? (risinhos) Ah, sim : Nada tente contra mim pois, esta sala possui um circuito oculto de tv e vídeo e está filmando geral desde que você veio. Meus seguranças estão à postos, baby...
“Cíntia...”
“Fala.”
“Pornografia infantil e tráfico de drogas são crimes hediondos e inafiançáveis.”
“Acho que você tá endoidando. Nada lhe falei sobre crianças ou drogas. Além do que, o filme que tá fazendo o maior sucesso aqui hoje, é o de uma garotinha, pagando um ‘boquete’ num certo detetive, gay, aí.”
“Uma mulher, morreu, eu verifiquei. E não foi nenhum efeito especial, tá? Havia requintes de crueldade no cadáver, seu rosto foi arrancado por um... ‘peeling’ um tanto exagerado. Quer isso em sua consciência, moça ? Espera, porra !”
A puta era um deles. Me sentei no chão e deixei que ela se fosse. O que mais podia fazer, caralho?
Devia ter comido o cuzão da Rita enquanto podia...Olhei para o teto e vi a câmera, lá no alto. Quantos mais estavam se divertindo às minhas custas ? Me observando como uma porra de um rato de laboratório... ‘Olhem bem, um heterossexual, de cuecas, imundo que deu o cú. Ré-ré-ré. Um machão que sentou na boneca.; Não vai mais passar no teste da farinha, rá-rá-rá-rá...’ Era o mínimo que estariam dizendo. Fora a comoção popular que meu filme devia estar causando. Eu quase podia ver seus rostos. Os homens, gordos, endinheirados e velhos e as mulheres, um cardume de piranhas com as caras vermelhas de quem acaba de foder. ‘Turba Ignara’ do inferno...
Foram necessários alguns minutos, para que eu notasse que a porta do quarto estava aberta. Já que a janela quebrada dava para uma parede de tijolos e o teto era alto demais, a porta...a merda da porta estava destrancada !!! Propositalmente? Quanto tempo eles levariam até chegar ao meu aposento, entre o abrir a porta e partir ? Ah, foda-se, não podia ser punido por não tentar. Me levantei um tanto revitalizado pela refeição, mas ainda martirizado e com um gosto de sangue no céu da boca. Minha cabeça girava incongruente...Putos da casa do caralho ! Aposto como haviam drogas na comida...ou será que eu é que estava em estado letárgico mesmo ? Parei de me questionar, abri a porta e saí. À minha direita, uma escada espiralada, subia ‘até os céus’. Meu corpo pesava. Doía e pesava. Me agarrei com todas as forças no corrimão e subi. Pé ante pé. Degrau por degrau. Não sei quanto tempo se passou até que eu me deparasse com um salão de festas, apinhado de gente. Queria voltar, mas meu corpo não permitia. Ao se deparar comigo, a multidão desatou a rir. Vi rostos impossíveis de serem vistos juntos. Vi Pedro e Elisa papeando, alegremente com Adauto, esposa e alguns pastores e padres notórios. Também estavam lá, Marcos e Cíntia, uns dez brutamontes e um bando de crianças. Muitas delas. Até aquelas duas infantes que morreram no filme que Rita me mostrou se faziam presentes. A velha da cobra, a sósia da Raquel Welch e o anão também... Pedófilos do caralho ! Isso não invalidava seus crimes, incluindo a morte de uma moça...eu tinha certeza que a justiça triunfaria...
Mal encarei a menininha que chupou o meu...o meu...ora...Que tipo de inferno seria este ? Tentei pegar a mão de Cíntia e sair correndo dali. Sem efeito. Nem peguei sua mão, nem corri, tudo estava torcido e balouçante, feito gangorra. E os risos... Mas, delírio maior foi quando ouvi um indistinto som de tiros, vindos de fora, de cima, de baixo. Os guardas sacaram das armas e todo mundo correu alvoroçado. Todo mundo, menos eu. Vi mulheres entrando pelas janelas e derrubando portas. Fêmeas guerreiras descendo por cordas, espatifando o mosaico da abóbada de vidro, deslizando até o centro da sala. Mulheres lindas e gostosíssimas, armadas até os dentes... será que eu estava indo para o Paraíso ? Se assim fosse, estava pronto, meu Deus ! Abri os braços e fui pisoteado, é lógico, mas protegi a cabeça. Adauto e Pedro desapareceram de meu campo visual. Romualdo tombou ensangüentado, bem ao meu lado. Os outros dois caíram mais adiante. Apanhei uma faca de bolo no chão e num átimo de esforço, me aproximei de Marcos. Quando ele tentou fugir, cravei-lhe a faca no pescoço. Tive o prazer de ver aquele filho da puta, estribuchando até cair, desmilingüindo-se em sangue. Ao fundo, por trás daquele monte de amazonas, divisei a bela Rita, Rita Corvette, de metralhadora em punho, me encarando, circunspecta. Afinal, ela era MESMO a Rainha das bundas oprimidas, ahn ? Toda essa invasão, durou frações de segundos. Quando dei por mim, estava sentado no chão, tonto, morrendo de dor de cabeça, com um tiro em meu braço e com a mão cheia de sangue. Enquanto as outras, faziam a contagem de corpos, Rita aproximou-se e me alisou o rosto.
Não compreendi muito bem, confesso, o que ela me explicou : Falou que pertencia à um tal ‘Comando não sei o quê das Calipígias’. Grupo do qual, Célia queria fazer parte. Adauto e Pedro eram sócios nas duas produtoras de filmes e a rivalidade entre ambos, juntamente com a tal ‘Cruzada pela moral’ do Governador eram só de fachada. Alguidares queria, era monopolizar a putaria e a vulgaridade em Lagos de Março, foi pra isso que se candidatou. Pedro tinha toda uma equipe de especialistas em efeitos especiais, daí a impressão de que monstros falavam ao telefone. O próprio Marcos fazia a voz equalizada e simulava as imagens do ser sobrenatural. Tenho a nitente impressão que ela também contou que Célia recusou-se a tomar drogas e muitos menos transar com crianças, ainda mais, com o próprio filho. Revoltada, comentara que algumas ex-modelos, incluindo a Rainha Rita, estavam fundando uma facção dissidente e ela ia se afiliar. Deve ter sido por isso que foi torturada e morta. Logo, eles não tardariam ligar para as possíveis fundadoras do tal movimento. Cometeram alguns erros, lógico, mas a maioria, como Maria ‘Rita Corvette’ Odete estava mesmo envolvida numa espécie de articulação da revolução. Ou as aliciava ou aterrorizava. A forma nada peculiar que, eles criaram de fazer filmes e chantagear os participantes chegara ao fim. Graças a sofisticados efeitos digitais, pessoas mortas também trabalhavam em suas ‘aventuras’ e as cenas mais escabrosas eram simuladas, à bel-prazer do diretor, sem sair do estúdio. Aquele bando enorme de crianças e velhos, seria devidamente encaminhado às autoridades competentes. Apesar da fuga de Pedro e Adauto, Elisa havia sido capturada e Marcos estava morto, infelizmente, pois o cara esclareceria outras coisas, enfim, sabe-se lá o que eu teria passado aqui, para tomar a drástica atitude de matá-lo ? Ela disse. Quanto ao Governador tentar voltar, tal ato acabaria por ser positivo, pois a quantidade de material áudio visual envolvendo a sua imagem, a da igreja, de várias autoridades e de gente famosa, com o esquema da pornografia e do tráfico de drogas, era tanta que forçaria quando pouco a um impeachment e até, quiçá, cadeia bem longeva para si e todos os implicados. Seu monólogo foi interrompido por uma de suas Calipígias, anunciando ter localizado um video-disc com o meu nome. É óbvio, que requisitei-o para mim, sem deixar ninguém assistir e assegurando-me que era, como se diz na gíria, ‘filho único’. Sem cópias. Quis saber o saldo de mortos. Doze, uma delas redargüiu. Entre os tais, Cíntia, a bela e relutante Cíntia jazendo, estirada com um puta balaço na testa. Pedi que, ao menos, lhe fechassem os bonitos e vidrados olhos, para que não ressecassem. Cambaleando, fui, lentamente, me retirando daquelas ruínas porém, tinha uma dúvida que me franzia, mais que o cenho, o pensamento. “Se você suspeitava disso tudo e tinha todo o aparato bélico, por que me contratou ?”
“Não vai ficar zangado ?” Ela indagou.
“Mais do que já fiquei, não. Vá em frente !”
“Foi o primeiro anúncio que vi no catálogo. Precisávamos de um... um bode expiatório, uma isca...”
“Um pato, né ?” Complementei, desolado.
“ Não é bem assim...Estou disposta a recompensá-lo, Raí. O que mais deseja ?”
Tive ganas de estrangular aquela puta, mas limitei-me a inquirir. “Qualquer coisa ?”
“Tudinho” Ela sorriu.
“Vai até lá em casa esta noite e senta na minha cara ?”
E ela foi. E sentou. Muitas vezes. Hmmm, e que bunda inominável, gorda, profunda, bem redonda, quente, com um cheiro de incitar mil trepadas. Apesar das dores no corpo, aquela noite, comi seu cú, até escalavrar o pau. fiquei com a cabeça inchada e arroxeada de tanto foder. E ainda fico, hoje em dia. Rita fode que nem doida. De vez em quando, chego no escritório e a apanho com Ingrid num bruta 69, molhado e babado ou fazendo o melhor que duas mulheres podem fazer : O delicioso tribadismo. ‘Tesourinha’, pros íntimos. Eu adoro : uma abre as pernas num sentido, a outra no outro, colando as bucetas e roçando, roçando até ficar tudo ensebado, colando mesmo, soltando fios, tipo queijo quente. Eu meto as caras, meto as mãos, meto o pau e me inebrio.
Quebrei, em pedacinhos, o disco que me comprometia. Estou respondendo, em liberdade, processos e mais processos pelos crimes no sítio de Pedro Balla. Até hoje, a polícia não entendeu muito bem o que aconteceu por lá. E nem eu. Inventei para eles uma estória tão babaca que já nem me lembro direito. Ninguém acredita. Nem a lei, nem a opinião pública. Tudo bem, Rita paga pra mim os melhores advogados do país. Adauto voltou a ser o Governador, aliás, nunca deixou de sê-lo, contudo, assumiu uma postura estranha, diferente. Hoje, é uma espécie de benemérito das ‘artes’ vulgares. O eleitor aprovou a mudança(Em pesquisa, exclusiva, do DataLagos). Pedro Balla agora é o Vice. Rita Corvette é nossa secretária de cultura. Algo sobre um acordo entre eles, lá. Papo de Gente Grande. Eu não me meto. O mercado do sexo está em alta. A moda voltou a ser erótica e descerebrada.. Lagos de Março continua fria e chuvosa. Nesta cidade horrorosa, os vermes prosseguem, gigantescos. E ocupam cargos públicos. Estamos num lugar, onde grandes criminosos não cumprem grandes penas. Aliás, não cumprem pena nenhuma. É a cidade de maior consumo de drogas do mundo. Cujos índices de pedofilia e prostituição crescem a olhos vistos. Mas nossa economia prospera e possuímos a maior renda per capita do país. A Internet falou.
Aqui, onde detetives comem secretárias de cultura. E ex-putas são secretárias de cultura...
Comprei um carro novo e reformei o apartamento. Meu doce apartamento, onde Ingrid me espera de pernas bem abertas. Sim, por que mulher sem pernas abertas não tem graça...
Gostaria de ser ator, mas não sou. Se quiserem meus préstimos, procurem na lista. Sou Raí Chanteau, Detetive Particular, com uma puta dor de cabeça...
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