Só, contemplativa aos pés do mar
Ouvindo o suave canto que tu ouvias,
Sentindo nos pés o toque das ondas frias
Que lembra a volúpia de mãos a acariciar.
No claro espelho das águas vejo a tua imagem,
Braços abertos para estreitar-me ao coração,
De emoção, acelerá-me no peito a pulsação
Como o troar de trovões em borrasca selvagem.
E saem, dos meus lábios, suspiros discretos
Que no ar se misturam as brisas estranhas
Evoladas do mar, das mais íntimas entranhas,
Onde guardei meus sonhos e os desejos secretos
Para preservá-los intactos por séculos incontáveis
E resgatá-los em um tempo, em qualquer idade,
Para viver novamente a imensa felicidade
Da tua presença nas minhas noites intermináveis.