Minhas mãos ficam suadas, nervosas
Acariciando teu cenho carregado
Tentando afastar lembranças do passado
De paixões que te são saudosas,
Que vão e vêm como ondas espumosas
No teu pensamento fazendo sangrar
Teu coração que quis demais amar
E ferido foi com espinhos de muitas rosas.
Deitas a cabeça atordoada, vencida
No meu colo e não percebes a grandeza
Do sentimento que, às vezes, me dá tristeza
Desde que, amigo, surgiste em minha vida,
Despertando, em mim, o sagrado e o profano,
afastando-me a alma do divino, deixando-a nua,
Enfrentando qualquer inferno para ser tua
E aplacar o desejo carnal puramente humano,
De ser ungida, atada a ti com suaves laços
Em ritual de sacrifício ao deus do amor,
Beber a poção feita com gotas do teu suor
Para viver enfeitiçada nos teus braços.