Você vem, não pede, entra, me toma como seu servo dona.
Não sinto as suas mãos na alma.
Perpassam apenas pelo corpo, mesmo desmedidas,
Mesmo levianas, mesmo apaixonadas.
Quando a sua boca povoa a boca,
Quando a sua necessidade necessita da minha,
Quando a luz acesa se apaga.
Voraz, paulatinamente me consomes. Assentas-te sobre mim, sem roupa, e com toda a tua fome me come...me come. Me come repetidas vezes, me consome, mas me alimenta com os teus seios fartos, com tua loucura, com o teu desejo insaciável, com o teu prazer.
Brada aos meus ouvidos uns gemidos mornos, que vai ficando frívolo, que vai ficando frívolo, que vai ao alívio, ao alívio num gozo...em vários gozos, até que o cio interpõe-se ao cansaço, interpõe-se no seu espaço e no meu colo disposto, deitado na imensidão da cama úmida de um certo óleo viscoso, de um certo suor aquoso, de um certo gasoso a cerca da vela acesa no candeeiro da tapera, desabas inconsciente, satisfeita e relaxada.
Fecha os olhos e não vê mais nada.
Paralelo, entre a dia amanhecendo e o que restou de mim, me disfarço num beijo em tua boca sedenta, que fiz só pra, outra vez, te fazer sentir, o que a noite passada testemunhou.
Despertada, me olhas como se a vida fosse eterna.