Quando no meu quarto, sorrateiro, entras
À noite, (Deus, que eu sempre consinta!),
Sei que grande alegria enfrentas,
E não disfarças para que eu sinta,
Que teu amor e desejo são coisas raras
E que estás preso ao meu feitiço
Que te envolve nas noites claras
Como borboleta em jardim cheio de viço.
Como mago, apossa-te de minh’alma,
Percorres meu corpo com a mão,
Ah, sensação! O calor o coração acalma
E o som das tuas palavras, doce canção,
Enlanguesce-me e me extasia.
Os ruídos do mundo não me enfaram,
Entrego-me ao amor até que rompa o dia,
Durmo nos teus braços que me amparam,
Aconchegada ao teu corpo que é regido
Pelas harmonias da lascívia concordes
Com versos por mim nunca ouvidos
E que me dão tanto prazer os seus acordes.