Vinde Afrodite, para levar-me,
Ao paraíso de almofadas e linho branco
Onde cantando, a ele, eu servirei,
Em taça cinzelada em ouro puro,
O afrodisíaco vinho dos meus poros.
Vinde Afrodite, quero juiz para comandar,
Com justiça, a luta do astuto falcão
Perseguindo e aprisionando a doce pomba
Que se entrega feliz, não tomba,
Porque só a vida dá o prazer
De em suas garras poder gemer,
De liberar, do peito, longo suspiro,
De perder a cabeça num giro
Ao ser tocada cada parte de mim
E sentir que céu e terra se fundem
Na explosão de prolongado gozo.
Vinde Afrodite, com vosso contingente,
Declamando os versos de Sapho
Até que eu adormeça, de cansaço,
Nos braços do meu belo amante.