Em casa tem um quintal
Árvore e uma parede
Domingo após o almoço
Eu armo a minha rede
Na sombra daquela planta
Tem passarinho que canta
Depois de matar sua sede.
Naquela rede então
Ao delírio me entrego
Com pouca roupa me deito
Só não vê quem é cego
Fico querendo chamego
Rolo no desassossego
Doce tesão que não nego.
O mormaço me deixa mole
Molhadinha de suor
Fico altamente dolente
Deitada rolando só
Com olhar de peixe morto
O pensamento absorto
Querendo coisa melhor.
Penso num macho suado
Deitado ao lado meu
Embalando a fantasia
Na vontade que se deu
Arrancando a minha roupa
Me bebendo feito sopa
Na fome que sucedeu.
Ele por cima de mim
Na rede a balançar
Eu gemendo no balanço
No gozo chego a gritar
Eu mordendo e arranhando
Ele furioso amando
Me fazendo delirar.
Embaixo da mangueira
Sentindo no corpo o vento
Meu corpo todo explode
Num espasmo violento
No solitário prazer
Eu chego quase a morrer
Gozando no pensamento