O corpo não tem fino véu por traje
Para que, aos olhos, não seja ultraje,
A nudez no festim carnal,
Despertando o desejo animal
Num momento apocalíptico
Em que bocas se encontram ansiosas,
Num esgar louco, elíptico,
De um beijo de raias espumosas.
Treme a terra, o céu, o espaço se expande,
Com as ondas do desejo que resplende
E, como fogos, explode de repente,
Num gozo vulcânico sem limite.
E qualquer um que esse instante viva,
Sente-se cavalgando as fortes ancas
De selvagem potra de crinas brancas,
Que para cima o seu corpo impele
Com a eletricidade que sai da sua pele.