Mulher bela, nua, na noite preguiçosa,
Atrevida despertando tantos devaneios
No rastro de sua claridade vaporosa
Entre os contornos de pernas e de seios.
Esparge luz nos dorsos das avalanchas
Descendo a montanha em estertores.
Doces olhos mirando suas manchas
Que mais parecem estranhas flores.
Dona de raios claros como cristal,
Fogosa amante que a tantos excita
Com santificada candura animal,
Ilumina o leito de alguém que grita,
Preso a um abraço amplo, colossal,
Unindo sua boca a que o incita
Num beijo que é o bem e o mal
Deixando rubra marca como escrita,
Porque só a Lua sabe dar esse prazer
Que faz vibrar o coração no peito,
Também sabe fazer a lágrima correr,
Pois despertar lembranças é seu defeito.