É à noite no sonho
Que ele chega como o vento
Como forte onda na areia
Apagando as pegadas
Dos grandes amores
Que já tive na vida.
Quero-o no real, no visível,
Realizando o meu impossível
De abrir nos meus lábios
O sorriso de mulher feliz.
Pode levar meu corpo
Para onde ele quiser,
Mas a alma é, dele, prisioneira,
Acorrentada ao seu leito,
Sem esperança de indulto
Que a torne liberta como a ave.
Pode me amar sem jeito,
Com toda sua bruteza,
Ou com carinho, delicadeza,
Da forma que lhe apetecer.
Que me faça o sangue ferver
Como um vulcão incandescente,
Queimando-me as veias e o coração,
Porque o desejo de corpo e alma.
Depois, sem dizer nada, ele partirá,
Deixando-me entristecida
Quando cerrar a cortina
Do teatro chamado paixão
Silencioso, vazio de atores,
Vazio de passado,
Vazio de futuro...